19/09/2013

Suporte de pesquisa: Milho e a sociedade americana




O terceiro cereal mais importante do mundo, a “planta da civilização” por excelência da América, é o milho (Zea Mays). Plantado desde cerca de 3000 a 3500 a.C. nos planaltos mexicanos, alcançou o Peru 2000 anos mais tarde, produzindo a mais alta rentabilidade por semente (de uma semente plantada obtinha-se 80 ou até mesmo, em casos excepcionais, 800). Apenas com o uso da enxada e com poucos dias de trabalho ao ano (cerca de 50), o milho garantiu altas densidades populacionais e dispensou um imenso contingente de mão de obra dos afazeres agrícolas que foi empregado para as monumentais obras arquitetônicas das civilizações pré-colombianas da América.
 O milho como conhecemos hoje não surgiu de repente. Ele teria se desenvolvido a partir de outra planta: o teosinto. Os dois fazem parte da mesma família, a das gramíneas. Cristóvão Colombo é considerado o descobridor não só do Novo Continente, a América, mas também de seu mais reputado alimento, o Milho. Rico em lipídios, proteínas, vitaminas (A e C) e carboidratos, esse cereal branco ou amarelo, protegido por camadas de folhas fibrosas, era há muito tempo a principal fonte de energia (para cada 100 gramas de milho há, aproximadamente, 354 calorias) consumida pelos índios americanos.
O modo mais comum de utilização do milho pelos nativos americanos era como farinha ou fubá. Depois de pilado, o cereal era então fervido e comido como polenta ou ainda, transformado em deliciosas tortilhas e massas comestíveis que faziam a festa dos Mexicas (ou Astecas), Maias, Incas e demais povos da região centro-americana e andina. Essas tradições foram preservadas até os dias de hoje e esses alimentos derivados do milho continuam sendo muito populares.
Além das mencionadas tortilhas e polentas, também é comum o consumo do milho cozido temperado apenas com sal (ao qual algumas pessoas gostam de adicionar manteiga) ou ainda assado na grelha (sendo que em algumas regiões coloca-se a espiga no fogo sem que se retire a palha). Recomenda-se que o Milho Verde seja sempre comprado com a palha que o recobre intacta, pois o açúcar contido em seus grãos se transforma em amido quando se retira sua camada protetora que é justamente essa palha.
Entre os povos que o consumiam regularmente nas Américas deve ser dado um destaque todo especial aos Maias, Astecas e aos Incas, civilizações desenvolvidas que foram encontradas nas Américas pelos europeus. Seus habitantes tinham muitos conhecimentos em astronomia, arquitetura, matemática, irrigação, agricultura, drenagem, artesanato e economia, entre outras. Destaque-se também que souberam se apropriar dos elementos naturais que lhes eram fornecidos nas regiões em que se estabeleceram para não apenas sobreviver, e sim, para viver de forma confortável e majestosa.
Muito ligados à religiosidade, costumavam atribuir os ciclos da natureza a seus deuses. Como conseqüência disso, a fertilidade dos solos, o período de chuvas, a época apropriada para o plantio ou o momento exato de colher seus alimentos eram motivo de festas e celebrações rituais em agradecimento pela fartura. Essa forte relação com a religião e também a alegria decorrente da produção de alimentos entre os Maias pode ser percebida no seguinte trecho do livro Os Sabores da América:
 
 
"Os Deuses eram senhores e reguladores do tempo: Tláloc, o deus da chuva, abençoava a superfície da terra; Xipe Totec verdejava os campos; e Xilonen fazia florescer o milho. O primeiro mês do calendário sagrado correspondia ao nosso mês de março, época em que preparavam a terra para receber as primeiras chuvas. Na primeira comemoração do ano, homenageavam o deus Tlaloques e lhe pediam um ano fértil. No mês de setembro (ochpaniztli) comemoravam a festa da colheita de milho, feijão, abóbora, chile, cacau, tomate e baunilha. " 
 
Nesse sentido o milho ou maiz era o principal motivo de satisfação e orgulho desses povos. Para obter o milho e os outros alimentos basilares de sua alimentação, essas avançadas civilizações pré-colombianas tiveram que desenvolver técnicas agrícolas que solucionassem as dificuldades encontradas em seus territórios. Os Astecas, por exemplo, construíram canais, ilhas artificiais flutuantes (conhecidas como chinampas) e drenaram ou irrigaram as regiões onde esse trabalho era necessário. Os Incas lidaram com terrenos montanhosos onde criaram um engenhoso sistema de plantio nas encostas que evitava a erosão e o desgaste do solo. Em ambos os casos há registros de que o principal alimento a ser preservado e produzido era justamente o milho.
O que também chamou muito a atenção dos conquistadores espanhóis que dominaram essas civilizações foram os mercados públicos onde se vendiam muitos e muitos produtos, alguns conhecidos pelos europeus e outros totalmente desconhecidos, como é o caso do próprio milho, do cacau (e consequentemente do chocolate), do tomate e de várias espécies de pimentas. O mercado principal da maior cidade asteca, Tenochtitlán, acomodava 5 mil barracas vendendo produtos e tinha uma circulação de aproximadamente 60 mil pessoas por dia.
Incas, Maias e Astecas ficaram historicamente conhecidos como “civilizações do milho” por sua relação tão intensa e mística com esse cereal. Conta-se que, a despeito da luxuosidade das refeições dos líderes desses povos, o dia a dia era pautado em refeições simples, onde o granturco (milho em italiano) era presença obrigatória. Para a confecção de tortilhas, tamales e de bebidas como o pozol e o atol, o processo normal de preparação dessa iguaria naquela época seguia os passos apresentados abaixo:

O milho passa por um processo artesanal e caseiro, o nixtamal. Seus grãos são colocados de molho em água com sal e em seguida cozidos a 80°C. Quando a película que os envolve se desprender facilmente, o ponto de cozimento terá sido atingido. Devem ser mantidos em repouso até o dia seguinte, quanto então, após serem lavados repetidas vezes, são dispostos sobre o metate – pedras de moer acompanhadas da mó – com o objetivo de eliminar sua cutícula. Desse processo resulta uma massa básica com a qual se preparam várias comidas e bebidas.

            O maïs (milho em francês), quando fresco, dura cerca de três dias sob refrigeração. Como o processo de resfriamento é contemporâneo, esse alimento também se destacou entre os povos antigos por poder ser estocado quando maduro. Era então colocado em local seco e protegido onde acabava sendo guardado durante algum tempo e servia para sustentar as comunidades em períodos de escassez e fome. O controle desses estoques de alimentos, entre os quais o milho, também se tornava fonte de poder e autoridade dos imperadores e reis em relação a seus povos.
            Apesar de destacado em praticamente todas as referências como um alimento típico das Américas, o milho, a partir de algumas de suas variedades, é mencionado na história desde a Antiguidade. A partir de escritos do romano Plínio, o Velho - há menções ao uso e consumo do milho miúdo (milium) e do milhete (panicum) entre os etruscos, célebres e desenvolvidos ancestrais dos romanos. Não se tratava, evidentemente, do milho verde encontrado em terras americanas, mas é importante lembrar esse registro tão antigo sobre parentes próximos do Zea Mays (nome científico).
            As menções ao milhete e ao milho miúdo na história européia não se restringem a Idade Antiga e aos Etruscos e Romanos, estendem-se também ao Medievo. Nesse outro período verifica-se que o consumo desses cereais constituiu um adendo alimentar expressivo para alguns períodos do ano, particularmente para as épocas de crise.
Testemunhos de vários tipos comprovam que os habitantes das zonas rurais utilizam muito mais, e com mais freqüência, os cereais menores, que quase sempre suplantam o trigo em sua alimentação. Menos exigentes do que este no que diz respeito à qualidade do solo e às técnicas de cultura, com um rendimento mais seguro e elevado, eles respondem de forma aleatória às exigências fundamentais do abastecimento doméstico do agricultor. Além disso, graças à rapidez de seu ciclo vegetativo, os cereais de primavera – o milhete, o milho miúdo e o sorgo – fornecem, em tempos de crise, um aporte considerável.
            É, no entanto, a partir da visita de Colombo que o milho que conhecemos embarca em direção a Europa de forma definitiva para se tornar cidadão do mundo.
Levado para a Europa por Cristóvão Colombo em 1493, aclimatou-se muito rapidamente: desde os primeiros anos do século XVI, era cultivado em Castela, Andaluzia e Catalunha; em torno de 1520, também no leste de Portugal; em seguida ele entra  no sudoeste da França (em Bayonne, a partir de 1523) e no norte da Itália (em Veneza entre 1530 e 1540), depois na Panônia e na península dos Bálcãs.

            Na Europa da Modernidade o consumo do milho se consolidou primeiramente entre as pessoas mais humildes. A elite européia, constituída pelos nobres e burgueses, reagia de forma discriminatória em relação a um cereal que também era utilizado como ração animal e, por esse motivo, só se renderia aos encantos do Corn (milho em inglês) algumas décadas depois da plebe.
            Entre a população mais pobre dessa Europa Moderna (séculos XV a XVIII), a utilização do milho se deu principalmente enquanto farinha grossa que dava substância e sustentação a sopas, papas e guisados confeccionados em suas pobres residências. A aceitação se deu principalmente a partir da Itália, onde o milho verde rapidamente suplantou seus antecessores (milhete e milho miúdo) e fez surgir uma das maiores tradições gastronômicas da Bota, a polenta.
            Os franceses, que também acabaram aderindo ao consumo do milho americano a partir do século XVII, fabricavam a partir de sua farinha grossa ou mesmo do fubá uma iguaria conhecida como milhade ou millasse.
            Ao se espraiar pelo Velho Continente ao longo dos séculos XVIII e XIX, o milho juntamente com a Batata acabou também ajudando a resolver um dilema fundamental dos novos tempos, ou seja, como aumentar a produção de alimentos a ponto de abastecer os cada vez mais densamente povoados centros urbanos surgidos na esteira das revoluções burguesas.
            Atualmente o milho é utilizado na confecção de pratos doces e salgados das mais variadas espécies. Do fubá surgem pratos deliciosos como o cuscuz, pães, bolos e polentas. Há também as pamonhas, o curau, o creme de milho ou ainda saborosos sucos e sorvetes. Além desses acepipes devemos destacar que o milho é utilizado para a confecção de subprodutos como óleo de milho, xarope de milho, farinha de milho e até bebidas destiladas.
            Na história do Brasil há informações a respeito do milho desde a chegada dos portugueses. Era também uma das bases alimentares de nossa terra juntamente com a mandioca, se bem que, diferentemente dos demais povos americanos, tinha importância secundária quando comparado ao pão da terra dos índios tupi-guaranis, muito mais ligados à chamada Rainha do Brasil, como era conhecida a Mandioca.
            Os portugueses não demoraram - como os espanhóis em outras regiões americanas - a se apropriar do milho tanto para seu próprio consumo como também para a alimentação de seus animais. Em 1618, conforme nos diz Câmara Cascudo, “o milho dava bolos, havendo ovos, leite, açúcar e a mão da mulher portuguesa para a invenção”. 

Provavelmente, o milho é a mais importante planta comercial com origem nas Américas. Há indicações de que sua origem tenha sido no México, América Central ou Sudoeste dos Estados Unidos. É uma das culturas mais antigas do mundo, havendo provas, através de escavações arqueológicas e geológicas, e através de medições por desintegração radioativa, de que é cultivado há pelo menos 5.000 anos. Logo depois do descobrimento da América, foi levado para a Europa, onde era cultivado em jardins, até que seu valor alimentício tornou-se conhecido. Passou, então, a ser plantado em escala comercial e espalhou-se desde a latitude de 58o norte (União Soviética) até 40o sul (Argentina) (Godoy, 2002; Jugenheimer 1990).
A importância econômica do milho é caracterizada pelas diversas formas de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a indústria de alta tecnologia. Na realidade, o uso do milho em grão como alimentação animal representa a maior parte do consumo desse cereal, isto é, cerca de 70% no mundo. Nos Estados Unidos, cerca de 50% é destinado a esse fim, enquanto que no Brasil varia de 60 a 80%, dependendo da fonte da estimativa e de ano para ano.
Apesar de não ter uma participação muito grande no uso de milho em grão, a alimentação humana, com derivados de milho, constitui fator importante de uso desse cereal em regiões com baixa renda. Em algumas situações, o milho constitui a ração diária de alimentação, por exemplo: no Nordeste do Brasil, o milho é a fonte de energia para muitas pessoas que vivem no semi-árido; outro exemplo está na população mexicana, que tem no milho o ingrediente básico para sua culinária.
Estimativa de consumo de milho em grãos no Brasil
Uso 2001
(1000 t) (%)
Consumo Animal
26.366
63,5
          · Avicultura
13.479
32,4
          · Suinocultura
8.587
20,7
          · Pecuária
2.772
6,7
          · Outros Animais
1.528
3,7
Industrial
4.163
10,0
Consumo Humano
1.505
3,6
Perdas e Sementes
263
0,6
Exportação
5.629
13,6
Outros
3.613
8,7
Total
41.541

Fontes: Abimilho, MB Associados e Safras & Mercado
Associando o consumo humano ao consumo animal, além de se verificar também o crescimento do uso de milho em aplicações industriais, pode-se observar o aumento de sua importância no contexto da produção de cereais na esfera mundial. Nesse sentido, o milho passou a ser o cereal mais produzido no mundo, conforme é retratado na figura abaixo. Esse crescimento acompanhou a demanda por milho para alimentação animal, isto é, enquanto que o trigo é usado basicamente para consumo humano, o milho é mais versátil, principalmente no que diz respeito à alimentação animal, aumentando o leque de aplicações desse cereal.
Embora seja versátil em seu uso, a produção de milho tem acompanhado basicamente o crescimento da produção de suínos e aves, no Brasil e no Mundo. No gráfico abaixo, é retratado o crescimento da produção de milho, suínos e aves no Brasil, em uma série que vai de 1978 até 2001. Nota-se que, apesar das flutuações de sua oferta, há uma tendência de crescimento de sua produção, acompanhando, principalmente, o crescimento da produção de frangos e suínos no país, fato esse relacionado com a demanda por milho, que é um ingrediente importante na composição das rações para esses animais. Na realidade, poder-se-ia pensar nos frangos e suínos como um "subproduto" do milho, dada a importância deste na alimentação daqueles.
Além dos suínos e dos frangos, também fazem parte da demanda por milho para alimentação animal os bovinos e os pequenos animais. Atualmente, a produção de ração para pequenos animais (pet food) tem se constituído em um mercado crescente para o uso desse cereal, dado o crescimento da demanda por alimento de melhor qualidade para esses animais.
Dentro da evolução mundial de produção de milho, o Brasil tem se destacado como terceiro maior produtor, ficando atrás apenas dos Estados Unidos e da China. A produção mundial ficou em torno de 590 milhões de toneladas em 2000, enquanto que Estados Unidos, China e Brasil produziram aproximadamente 253 milhões de toneladas, 105 milhões de toneladas e 32,3 milhões de toneladas respectivamente (veja tabela abaixo). Em 2001, o Brasil apresentou a safra recorde de 41,5 milhões de toneladas. Apesar de estar entre os três maiores produtores, o Brasil não se destaca entre os países com maior nível de produtividade. No mapa abaixo, pode-se observar a produtividade dos nove maiores produtores de milho do mundo. Considerando que a produtividade média mundial está pouco acima de 4.000 kg/ha, nota-se que o Brasil está abaixo desta média, porém a produtividade brasileira tem crescido sistematicamente, passando de 1.874 kg/ha, em 1990, para 3.352 kg/ha, em 2001.
Produção de milho no mundo

Brasil USA China Argentina México França Romênia Índia Itália Mundo
Produção (1000 toneladas)
1990
21348
201532
97214
5400
14635
9401
6810
8962
5864
483264
1991
23624
189866
99148
7685
14252
12873
10497
8064
6238
494366
1992
30506
240719
95773
10701
16929
14900
6828
9992
7394
533324
1993
30056
160985
103110
10901
18125
14867
7987
9601
8029
476731
1994
32488
255293
99674
10360
18236
12958
9343
8884
7483
569173
1995
36267
187969
112362
11404
18353
12740
9923
9534
8454
516477
1996
32185
234527
127865
10518
18024
14530
9608
10769
9548
588952
1997
32948
233867
104648
15536
17656
16832
12687
11012
10005
585092
1998
29602
247882
133198
19360
18455
15206
8623
10678
9055
614508
1999
31934
239549
128287
13500
18314
15656
10935
10775
10016
605750
2000
32378
253208
105231
16200
18761
16395
4200
11500
10207
590791
2001
41541
241485
115805
15350
18616
16472
7500
11836
10588
609182
Área (1000 ha)
1990
11394
27095
21483
1560
7339
1562
2467
5904
768
131337
1991
13064
27851
21649
1900
6947
1769
2575
5859
859
134117
1992
13364
29169
21120
2365
7219
1871
3336
5963
854
136997
1993
11870
25468
20771
2503
7428
1848
3066
5995
927
131498
1994
13749
29345
21229
2445
8194
1663
2983
6136
910
138367
1995
13946
26389
22849
2522
8020
1651
3109
6014
942
136216
1996
11934
29398
24571
2604
8051
1734
3277
6300
1023
139378
1997
12562
29409
23837
3410
7406
1858
3038
6309
1039
141216
1998
10586
29376
25281
3186
7877
1799
3129
6083
969
138614
1999
11609
28525
25939
2605
7153
1759
3014
6511
1028
138853
2000
11710
29434
22535
2976
8661
1810
2700
6500
1087
139682
2001
12355
27846
23474
2745
7280
1917
3100
6552
1184
137597
Produtividade (kg/ha)
1990
1874
7438
4525
3461
1994
6019
2761
1518
7638
3680
1991
1808
6817
4580
4044
2052
7277
4077
1376
7262
3686
1992
2283
8253
4535
4524
2345
7964
2047
1676
8660
3893
1993
2532
6321
4964
4355
2440
8045
2605
1602
8664
3625
1994
2363
8700
4695
4237
2226
7792
3132
1448
8225
4114
1995
2601
7123
4918
4522
2288
7717
3192
1585
8970
3792
1996
2697
7978
5204
4040
2239
8382
2932
1709
9336
4226
1997
2623
7952
4390
4556
2384
9059
4176
1746
9627
4143
1998
2796
8438
5269
6077
2343
8453
2756
1755
9346
4433
1999
2760
8398
4946
5182
2560
8901
3628
1655
9744
4363
2000
2736
8603
4670
5444
2166
9058
1556
1769
9386
4230
2001
3352
8672
4933
5592
2557
8593
2419
1807
8942
4427
Fonte: FAO, 2002
Um dos fatores do baixo nível de produtividade, no Brasil, é o grande número de pequenos produtores que cultivam esse cereal. Para se ter uma idéia, segundo os dados do censo agropecuário do IBGE de 1996, 94,3% dos produtores de milho são responsáveis por 30% da produção, usando 45,63% da área destinada ao cultivo desse cereal no país. Por outro lado, 2,4% dos produtores cultivam 43,91% da área e produzem 60,08% do milho colhido no Brasil (veja tabela abaixo). Melhor idéia da participação dos pequenos produtores no processo produtivo é que, aqueles que cultivam menos de um hectare de milho, representam 30,8% dos produtores e colhem apenas 1,89% da produção.
A importância do milho ainda está relacionada ao aspecto social, pois como se viu anteriormente, grande parte dos produtores não é altamente tecnificadas, não possui grandes extensões de terras, mas dependem dessa produção para viver. Isto pode ser constatado pela quantidade de produtores que consomem o milho na propriedade. Segundo os dados do IBGE, cerca de 59,84% dos estabelecimentos que produzem milho consomem a produção na propriedade. Apesar desse alto percentual de estabelecimentos que consomem o grão internamente, estes representam apenas 24,93% da produção nacional de milho. Pode-se, portanto, afirmar que há uma clara dualidade na produção de milho no Brasil. Uma grande parcela de pequenos produtores que não se preocupam com a produção comercial e com altos índices de produtividade, e uma pequena parcela de grandes produtores, com alto índice de produtividade, usando mais terra, mais capital e mais tecnologia na produção de milho.
Produção de milho segundo tamanho de área plantada e número de informantes
Área plantada Área Produção Informantes
em (ha) (1000 ha) (%) (1000 t) (%) (X 1000) (%)
Menos de 10
4842
45,63
7654
30,00
2395
94,3
10 a 20
1110
10,46
2531
9,92
84
3,3
20 a 100
1951
18,38
5544
21,73
51
2,0
Acima de 1000
2709
25,53
9783
38,35
10
0,4
Total
10612


25512


2540


Fonte: IBGE, Censo agropecuário de 1995/1996
No que diz respeito ao emprego de mão-de-obra, cerca de 14,5% das pessoas ocupadas nas lavouras temporárias e cerca de 5,5% dos trabalhadores do setor agrícola estão ligados à produção de milho. No setor agropecuário, a produção de milho só perde para a pecuária bovina em termos de utilização de mão-de-obra, apesar de as tecnologias modernas utilizadas na produção desse cereal serem poupadoras de mão-de-obra.
Segundo dados do IBGE, a produção de milho no Brasil, representou apenas 0,5% do produto interno bruto (PIB), porém, esses dados estão apenas retratando a produção do milho em grão, não sendo considerados os milhos especiais e cultivos especiais, como é o caso da produção para silagem, nem computando o efeito multiplicador dessa produção quando usado na alimentação de aves e suínos, produtos estes de alto valor agregado e de grande aceitação no mercado internacional.



 Recomendo assistir os videos de reportagem, nos links logo abaixo

Video 1  - Como surgiu o milho que conhecemos hoje?

Video 2 - Milho o cereal mais produzido do planeta.
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