04/09/2014

Resistência: Marcus Garvey, o idealista do movimento de “volta para a África”



Marcus Mosiah Garvey (Saint Ann’s Bay, Jamaica, 17 de agosto de 1887 – Londres, 10 de junho de 1940) foi um comunicador, empresário e ativista jamaicano. É considerado um dos maiores ativistas da história do movimento nacionalista negro. Garvey liderou o movimento mais amplo de descendentes africanos e é lembrado como o principal idealista do movimento de “volta para a África”, inclusive, seu nome é citado em músicas de vários artistas como Burning Spear e Bob Marley.







Ele criou um movimento de profunda inspiração para que os negros tivessem a “redenção” da África e pra que as potências coloniais européias desocupassem o continente. Garvey fundou em 1914, a Associação Universal para o Progresso Negro ou AUPN (Universal Negro Improvement Association, mais conhecida como UNIA). O lema da instituição era era “One God! One Aim! One Destiny!”, em portguês, Um Deus! Uma aspiração! Um destino!
Os objetivos da UNIA eram:
- a promoção da consciência e unidade na raça negra, da dignidade e do amor
- o desenvolvimento da África, livrando-a do domínio colonial e transformando-a numa potência
- protestar contra o preconceito e a perda aos valores africanos
- estabelecer insituições de ensino para negros, onde se ensinasse a cultura aficana, também
- promover o desenvolvimento comercial e industrial pelo mundo
- auxiliar os despossuídos em todo o mundo
Garvey viajou o mundo e viu da perto a miséria que os negros sofriam, ele dedicou toda sua vida a favor da causa negra. Exerceu uma importante influência nos movimentos, que, mais tarde, libertaram a África do domínio colonial europeu. Apesar de ter sido criado como metodista, Marcus Garvey se declarava católico, seu pensamento religioso era fundamentado numa interpretação da Bíblia, especialmente do Velho Testamento.
Marcus e seus seguidores identificavam-se com a história das tribos perdidas de Israel, vendidas aos senhores de escravos da Babilônia. Essa metáfora inicial gerou uma série de imagens simbólicas que se tornaram constantes na tradição oral dos rastas: “Babilônia”, “Zion”, etc. Numa das profecias atribuídas a Marcus Garvey, previa-se que um Rei Negro seria coroado na África e que esse rei seria o líder que conduziria os negros do mundo inteiro à redenção.
Quando em 1930, Rastafari Makonnen foi proclamado rei da Etiópia, adotando o título de “Rei dos Reis, Senhor dos Senhores, Sua Majestade Imperial, Leão Conquistador da Tribo de Judá, Eleito de Deus”, os líderes religiosos e seguidores de Garvey na Jamaica reconheceram nele o Rei Negro de que o profeta havia falado.

"Redemption Song" é uma canção da banda jamaicana Bob Marley & The Wailers, última faixa do nono álbum, Uprising. Quando Marley escreveu a canção, por volta de 1979, já lhe tinha sido diagnosticado o cancro que mais tarde o mataria; de acordo com sua esposa Rita Marley, "ele já estava secretamente em grande dor e a lidar com a sua mortalidade, uma característica que é evidente no ábum, especialmente nesta canção". A canção é considerada o canto do cisne de Marley, com letras derivadas do discurso do orador pan-africano Marcus Garvey.Ao contrário da maioria das canções de Marley, a canção é somente um solo acústico com o próprio Marley a cantar e a tocar uma guitarra acústica.


Redemption Song

Old pirates, yes, they rob I
Sold I to the merchant ships
Minutes after they took I
From the bottomless pit
But my hand was made strong
By the hand of the Almighty
We forward in this generation
Triumphantly

Won't you help to sing
These songs of freedom?
'Cause all I ever have:
Redemption songs
Redemption songs

Emancipate yourselves from mental slavery
None but ourselves can free our minds
Have no fear for atomic energy
'Cause none of them can stop the time
How long shall they kill our prophets
While we stand aside and look?
Some say it's just a part of it
We've got to fulfill the Book

Won't you help to sing
These songs of freedom?
'Cause all I ever have
Redemption songs
Redemption songs
Redemption songs

Canção de Redenção

Velhos piratas, sim, eles me roubaram
Me venderam para navios mercantes
Minutos depois de eles terem me tirado
Do poço sem fundo
Mas, minha mão foi fortalecida
Pela mão do Todo-Poderoso
Nós avançamos nessa geração
Triunfantemente

Ajude-me a cantar
Estas canções de liberdade
Pois, tudo que eu sempre tenho:
Canções de redenção
Canções de redenção

Libertem-se da escravidão mental
Ninguém além de nós mesmos pode libertar nossas mentes
Não tenha medo da energia atômica
Porque nenhum deles pode parar o tempo
Até quando vão matar nossos profetas
Enquanto nós permanecemos de lado, olhando?
Alguns dizem que isso faz parte
Nós temos que cumprir o Livro

Ajude-me a cantar
Estas canções de liberdade
Pois, tudo que eu sempre tenho:
Canções de redenção
Canções de redenção
Canções de redenção



Link para a música: redemption song 

Link para a música trabalhada em sala de aula (8ªsérie - turma F): "Soul Rebels":   soul rebels


fontes: http://www.consuladodajamaica.com.br/cultura_marcus.html
           http://pt.wikipedia.org/wiki/Redemption_Song

02/09/2014

Oliver Cromwell - Revolução Puritana


 Oliver Cromwell foi o nome mais destacado da Revolução Puritana inglesa, também conhecida como a Guerra Civil inglesa. Membro de uma família de pequenos proprietários rurais puritanos, Cromwell nasceu em 25 de abril de 1499, tendo morrido em 03 de setembro de 1658.
Sua família havia recebido terras que foram confiscadas da Igreja Católica pelo Estado durante a Reforma Protestante na Inglaterra. Com uma formação religiosa puritana (nome dado aos calvinistas na Inglaterra) e anticatólica, Oliver Cromwell foi eleito para a Câmara dos Comuns em 1628. Porém, no ano seguinte, o rei Carlos I (1600-1649) dissolveu o Parlamento e governou autocraticamente até o ano de 1640.
A ação do rei levou Cromwell a nutrir uma profunda aversão a seu governo. Com a reinstauração do Parlamento em 1640, Cromwell voltou a compô-lo, defendendo o puritanismo e atacando as ações arbitrárias do rei. Com a eclosão da Guerra Civil, em 1642, ele passou a compor as forças bélicas de defesa do Parlamento. Como um dos homens à frente do chamado Exército de Novo Tipo (New Model Army), Cromwell começou a ganhar destaque no cenário político inglês. Ele ainda formou uma seção de cavalaria denominada de Ironsides, marcada pelo fanatismo religioso e pela combatividade. Suas tropas conseguiram derrotar as forças realistas em diversas batalhas, resultando na vitória na Guerra Civil. Cromwell participou da captura do rei Carlos I e da instauração de seu julgamento. Com a condenação do rei à morte, em 1649, e sua posterior decapitação, o Parlamento inglês passou a controlar o poder na Inglaterra, abolindo a monarquia e instaurando a República, ou Commomwealth. O poder executivo seria exercido por um Conselho de Estado formado por alguns parlamentares, dentre eles Oliver Cromwell como presidente. Nessa função, Cromwell conseguiu debelar os últimos focos de resistência realista na Irlanda e na Escócia. No aspecto político-administrativo, ele aboliu uma série de taxações consideradas abusivas, além de expedir os Atos de Navegação, a partir de 1650. Com essa medida, criava-se a exclusividade do comércio marítimo nos portos da Inglaterra aos navios de bandeira inglesa, atacando, dessa forma, o monopólio que detinham os comerciantes holandeses. Cromwell criava assim as bases para o desenvolvimento do imperialismo marítimo inglês.
Em 1653, após o aparecimento de oposições a seu governo tanto entre os conservadores quanto entre os setores mais populares, Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento, intitulando-se Lorde Protetor dos ingleses. Nessa função, derrotou as Províncias Unidas, em 1654, e conquistou o território da Jamaica dos espanhóis, em 1655, transformando-o no principal espaço colonial inglês no Caribe. Mas a vida de Cromwell não duraria muito. Em 1658, Cromwell faleceu, não se sabe se envenenado ou de febre. Seu corpo foi enterrado na capela de Westminster. Ricardo, seu filho, foi seu sucessor, mas não tinha o mesmo carisma do pai. Em 1660, houve a restauração da monarquia. O novo rei, Carlos II, resolveu exumar o corpo de Cromwell e decapitá-lo, expondo a cabeça na Torre de Londres. Apesar dessa tentativa de condenação póstuma de Cromwell, o nome do líder da República inglesa ficaria gravado na história.

NEW MODEL ARMY


Oliver Cromwell era um defensor da liberdade religiosa em um momento em que isso se tornava revolucionário em um reino inglês marcado pela transformação social decorrente da dissolução das instituições feudais. Lutava também pela promoção pelo mérito, e não por nascimento, sendo que esta última beneficiava apenas a nobreza.
Seguindo essa premissa, Cromwell auxiliou na formação de um exército como defesa do Parlamento, no contexto da Guerra Civil Inglesa, também conhecida como Revolução Puritana. O chamado Exército de Novo Tipo (New Model Army) era uma inovação na organização das tropas em relação aos exércitos feudais.  Os membros do Exército de Novo Tipo também eram conhecidos como os Cabeças Redondas (round-heads) em decorrência do elmo (capacete) de metal, em formato arredondado, que os soldados utilizavam. 
Baseando a escolha de oficiais e cavaleiros no mérito, e não nos títulos de nobreza, essa forma de organização proporcionava uma maior participação popular. Havia uma abertura aos soldados nos comitês que tomavam as decisões. Tal tipo de estrutura militar permitiu um contato maior dos soldados com as questões políticas, contribuindo para a formação de uma consciência mais profunda sobre os motivos da luta.
As lutas pelo território inglês representaram uma possibilidade de mobilização desses estratos sociais, colocando distintas populações em contato, situação que não era percebida anteriormente. 
O caráter religioso da guerra e também a adesão de grande parte dos soldados ao puritanismo (nome dado ao calvinismo na Inglaterra) levou também, com o passar do tempo, à realização de pregações religiosas, tirando dos pastores a exclusividade na função. O Exército de Novo Tipo seria utilizado no período para ensinar aos camponeses a entenderem a liberdade.
Porém, o Exército de Novo Tipo não era um corpo militar homogêneo. A maior participação dos estratos mais baixos do exército garantia um posicionamento e uma iniciativa dos soldados diferentes do que era característico dos oficiais. Os soldados rasos chegaram a escolher agitadores entre suas fileiras, além de financiarem por si próprios algumas reuniões.
A ação mais ousada realizada pelos soldados do Exército de Novo Tipo foi certamente o sequestro do rei Carlos I (1600-1649), em 1647, sem que houvesse uma ordem dos oficiais superiores para que a ação fosse realizada. Esse fato demonstra um caráter democrático no exército, no sentido de que as ordens durante certo momento acabavam sendo direcionadas de baixo para cima.     
 
 Analisando a imagem: "Oliver Cromwell Lorde Protetor dos Britânicos"



1.       A espada empunhada por Cromwell que está ligada a uma mensagem em grego (“crer em um só Deus”) vinda dos céus, e que parece emanar de uma igreja (acima da coluna da direita) nos apontam para a mentalidade de que o que líder do principal exército parlamentar fazia, era em nome de Deus. Esta ideia se reforça com a presença da pomba, logo acima da sua cabeça, sinalizando que o mesmo fora guiado e/ou conduzido pelo Espírito Santo.

2.       Só nestes 2 elementos inicialmente destacados, percebermos a forte presença do pensamento religioso. A presença de uma bíblia na mão esquerda de Cromwell concretiza bem esta linha de pensamento, pois a mesma representa o puritanismo, religião na qual norteou ideologicamente, o exército comandado por este puritano.

3.       A Armadura, se associada ao teor religioso aqui já mencionado, transmite a intenção  de apresentá-lo como “Soldado de Deus”. Ao fundo, podemos perceber o exército liderado por Oliver Cromwell. É interessante reforçar que a ideologia puritana conduziu o seu exército a vitória, já que os seus soldados acreditavam que Cromwell era sim, um escolhido de Deus, e que consequentemente todos eles lutavam por uma causa divina.

4.       Percebe-se também, uma pessoa e uma serpente sendo pisada (esmagada e/ou destruída). Neste aspecto, residentem dois símbolos importantes: o primeiro, o sistema monárquico absolutista simbolizado na figura de uma pessoa, já a serpente, refere-se ao mal que este sistema político causava ao povo. Também associaria a serpente ao Anglicanismo, que era a religião oficial da Inglaterra antes do processo revolucionário. A doutrina anglicana era fortemente combatida pelos puritanos.

5.       As bandeiras da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda presentes na coluna direita, aludem à criação de um parlamento único para os três países sob a tutela republicana de Oliver Cromwell considerado o protetor destes.

6.       O tamanho desproporcional atribuído a Cromwell na paisagem. A intenção ai é transmitir a importância atribuída a ele, conhecido como “Lorde Protetor dos Britânicos”, aquele que está acima de todos e muito poderoso, ou seja, segundo a mentalidade de grande parte dos revolucionários e da população, não havia ninguém mais importante que ele na Grã-Bretanha.

7.       Por fim, damos destaque às diversas atividades trabalhistas como a agricultura, a mineração, a pecuária, nesta última, por exemplo, predominava a criação de ovelhas já que a extração de lã para a produção de fios usados na fabricação de tecidos era uma das principais atividades econômicas da Inglaterra. É válido ressaltar ai, que a doutrina puritana exalta o fator trabalho como algo virtuoso e sagrado.

Revolução Puritana








A Revolução Puritana foi um conflito ocorrido na Inglaterra na década de 1640 entre a monarquia e o parlamento. Carlos I, rei do país, não aceitava a intervenção política dos parlamentares e, de forma autoritária, governava movido por seus interesses.
As divergências políticas se iniciaram quando Carlos I assumiu o reinado após a morte de seu pai, Jaime I, em 1625. Sua dinastia era responsável por uma série de mudanças políticas na Inglaterra. Jaime I acabou com as medidas liberais dos Tudor e se aliou à Igreja Católica para fortalecer a ideologia conservadora.
Naquela época, a Irlanda tinha uma economia dependente dos ingleses, que mantinham um sistema feudal absolutamente elitizado. No poder, Carlos I queria aumentar a taxa dos impostos, mas dependia de uma aprovação do Parlamento.
Os parlamentares exigiram uma petição relacionada aos problemas com impostos, prisões, julgamentos e convocações do exército. Revoltado, o rei acatou as medidas, mas ordenou o fechamento imediato do Parlamento, que perdeu seu direito de intervenção política por mais de 10 anos.
Com a implementação de mais tributos, a burguesia se viu prejudicada e acabou gerando uma crise financeira ao não pagar os altos impostos cobrados pelo rei.
Tal fato acabou dividindo os parlamentares em duas facções:
  • Diggers: liberais que defendiam a reforma agrária do país e uma distribuição de terras mais igualitária para o desenvolvimento da atividade agrícola.
  • Levellers: mais conservadores, defendiam o direito de praticar a religião (católica) de forma livre, além de serem adeptos à igualdade jurídica.
O fortalecimento econômico da burguesia foi apoiado pela dinastia Tudor, cimentando a autoridade real em uma atuação conjunta ao parlamento, em que eram representadas politicamente a burguesia e a nobreza. Porém, com a sucessão dinástica de Elisabeth I, entrando em seu lugar a dinastia Stuart, alterou-se a situação política no reino.

Seu sucessor Jaime I e o filho deste, Carlos I, iriam buscar fortalecer novamente o poder régio e da nobreza mais tradicional, ligada aos preceitos medievais, principalmente com a adoção de medidas que passavam por cima dos interesses do Parlamento. Eles eram ainda escoceses, e não ingleses, o que intensificou a oposição à permanência deles no poder. Por serem rigorosos anglicanos, perseguiram os puritanos calvinistas, ampliando a insatisfação com seu governo.

O ápice da insatisfação veio com o reinado de Carlos I. Sendo obrigado a assinar a “Petição dos Direitos”, em 1628, que protegia a população contra tributos e detenções ilegais, em troca da ampliação de impostos de seu interesse, Carlos I dissolveu o Parlamento em 1629. Passou a governar de forma autocrática, reconvocando o Parlamento novamente em 1640 para conseguir recursos para debelar uma rebelião na Escócia.

Entretanto, o Parlamento tentou novamente limitar o poder régio, tendo como resposta de Carlos I uma nova tentativa de dissolução. O resultado dessas ações foi o deflagrar de uma violenta guerra civil e da Revolução Puritana.

É interessante notar que as disputas religiosas interligaram-se umbilicalmente à luta política, perceptível inclusive com o próprio nome dado à Revolução.

Os preceitos religiosos e o controle da Igreja Anglicana na vida cotidiana garantiam o controle da ordem político-social inglesa. Mesmo com a ruptura com a Igreja Católica no reinado de Henrique VIII, a Igreja Anglicana mantinha-se mais próxima do catolicismo e da ideologia da Idade Média. Por outro lado, o puritanismo – o calvinismo inglês – era uma expressão ideológica da burguesia, principalmente pelo fato de ligar a salvação da alma às ações econômicas realizadas na Terra, bem como a uma religiosidade mais individualizada, sem a interferência institucional da Igreja.

Nesse sentido, a guerra civil opôs, grosso modo, os membros da alta nobreza aristocrática inglesa, funcionários do Estado e o clero, em sua maior parte anglicano, contra os agricultores capitalistas, a burguesia urbana, os pequenos mercadores e artesãos, que professavam crenças protestantes como o puritanismo e o presbiterianismo.

No aspecto militar, a divisão ocorreu entre os Cavaleiros, partidários de Carlos I e apoiados por latifundiários, católicos e protestantes; e os Cabeças Redondas (rounheads), os defensores do Parlamento. O nome adotado remetia ao corte de cabelo adotado, curto e de forma arredondada, diferenciando dos longos cabelos dos membros da corte.
Além do corte de cabelo, uma diferença mais substancial foi que o exército dos Cabeças Redondas, conhecido como Exército de Novo Tipo, baseava-se em promoções internas por mérito, e não por sangue, além de permitir debates sobre os motivos da guerra, o que garantia aos soldados uma consciência política de suas ações. Essa diferença foi substancial para a derrota dos Cavaleiros nas batalhas de Marston Moor (1644) e Naseby (1645).

A primeira fase da guerra terminou em 1646, com a derrota de Carlos I. Mas o receio da posição radical democrática dos Cabeças Redondas levou parlamentares moderados a tentarem um acordo com a realeza. O resultado foi uma radicalização ainda maior da revolução. Em 1647, Carlos I foi preso pelos soldados. O rei ainda fugiu da prisão e tentou reorganizar uma reação. Porém, foi novamente derrotado por Cromwell e outros chefes das tropas parlamentares. Os radicais conseguiram a hegemonia na Câmara dos Comuns, expulsando os moderados. Em 1649, Carlos I foi julgado e executado. Sua decapitação foi a primeira de um monarca por ordem de um Parlamento.

Após Carlos I perder a cabeça, uma República foi instaurada na Inglaterra, formando-se um Conselho de Estado e extinguindo-se a Câmara dos Lordes. Oliver Cromwell ainda debelou as últimas reações dos realistas, pondo fim à guerra civil em 1651. Uma das principais medidas de Cromwell no governo foram os Atos de Navegação, que garantiam proteção aos comerciantes ingleses no comércio britânico, excluindo a ação holandesa no setor, que constituía até então a maioria.

Mas a oposição política a Cromwell intensificou-se. Frente a isso, o líder revolucionário dissolveu o Parlamento em 1653, criando uma ditadura pessoal e se autointitulando Lorde Protetor da República. Sua ditadura durou até 1658, ano de sua morte. Foi substituído pelo filho, Richard Cromwell, que não conseguiu manter a existência da República. Os nobres realistas organizaram uma contrarrevolução, colocando Carlos II no trono, acabando com a República e realizando a Restauração Monárquica.

Era o fim da República Puritana. Entretanto, as transformações sociais que ela representava não permitiram que a Restauração Monárquica durasse muito tempo. Com a Revolução Gloriosa de 1688, completava-se o ciclo da revolução burguesa na Inglaterra, instaurando uma monarquia constitucional de caráter liberal, que garantiria as condições gerais para o desenvolvimento do capitalismo.




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