O
terceiro cereal mais importante
do mundo, a “planta da civilização”
por excelência da América, é o milho
(Zea
Mays). Plantado desde cerca
de 3000 a 3500 a.C. nos planaltos mexicanos, alcançou o Peru
2000 anos mais tarde, produzindo
a mais alta rentabilidade por semente
(de uma semente plantada obtinha-se
80 ou até mesmo, em casos excepcionais,
800). Apenas com o uso da enxada
e com poucos dias de trabalho ao
ano (cerca de 50), o milho garantiu
altas densidades populacionais e
dispensou um imenso contingente
de mão de obra dos afazeres agrícolas
que foi empregado para as monumentais
obras arquitetônicas das civilizações
pré-colombianas da América.
O milho como conhecemos hoje não surgiu de repente. Ele teria se
desenvolvido a partir de outra planta: o teosinto. Os dois fazem parte
da mesma família, a das gramíneas. Cristóvão
Colombo é considerado o descobridor
não só do Novo Continente, a América,
mas também de seu mais reputado
alimento, o Milho. Rico em lipídios,
proteínas, vitaminas (A e C) e carboidratos,
esse cereal branco ou amarelo, protegido
por camadas de folhas fibrosas,
era há muito tempo a principal fonte
de energia (para cada 100 gramas de milho há, aproximadamente, 354 calorias) consumida
pelos índios americanos.
O
modo mais comum de utilização do
milho pelos nativos americanos era
como farinha ou fubá. Depois de
pilado, o cereal era então fervido
e comido como polenta ou ainda,
transformado em deliciosas tortilhas
e massas comestíveis que faziam
a festa dos Mexicas (ou Astecas),
Maias, Incas e demais povos da região
centro-americana e andina. Essas
tradições foram preservadas até
os dias de hoje e esses alimentos
derivados do milho continuam sendo
muito populares.
Além
das mencionadas tortilhas e polentas,
também é comum o consumo do milho
cozido temperado apenas com sal
(ao qual algumas pessoas gostam
de adicionar manteiga) ou ainda
assado na grelha (sendo que em algumas
regiões coloca-se a espiga no fogo
sem que se retire a palha). Recomenda-se
que o Milho Verde seja sempre comprado
com a palha que o recobre intacta,
pois o açúcar contido em seus grãos
se transforma em amido quando se
retira sua camada protetora que
é justamente essa palha.
Entre
os povos que o consumiam regularmente
nas Américas deve ser dado um destaque
todo especial aos Maias, Astecas
e aos Incas, civilizações desenvolvidas
que foram encontradas nas Américas
pelos europeus. Seus habitantes
tinham muitos conhecimentos em astronomia,
arquitetura, matemática, irrigação,
agricultura, drenagem, artesanato
e economia, entre outras. Destaque-se
também que souberam se apropriar
dos elementos naturais que lhes
eram fornecidos nas regiões em que
se estabeleceram para não apenas
sobreviver, e sim, para viver de
forma confortável e majestosa.
Muito
ligados à religiosidade, costumavam
atribuir os ciclos da natureza a
seus deuses. Como conseqüência disso,
a fertilidade dos solos, o período
de chuvas, a época apropriada para
o plantio ou o momento exato de
colher seus alimentos eram motivo
de festas e celebrações rituais
em agradecimento pela fartura. Essa
forte relação com a religião e também
a alegria decorrente da produção
de alimentos entre os Maias pode
ser percebida no seguinte trecho
do livro Os
Sabores da América:
"Os
Deuses eram senhores e reguladores
do tempo: Tláloc, o deus da chuva,
abençoava a superfície da terra;
Xipe Totec verdejava os campos;
e Xilonen fazia florescer o milho.
O primeiro mês do calendário sagrado
correspondia ao nosso mês de março,
época em que preparavam a terra
para receber as primeiras chuvas.
Na primeira comemoração do ano,
homenageavam o deus Tlaloques e
lhe pediam um ano fértil. No mês
de setembro (ochpaniztli)
comemoravam a festa da colheita
de milho, feijão, abóbora, chile, cacau, tomate e baunilha. "
Nesse
sentido o milho ou maiz era o principal
motivo de satisfação e orgulho desses
povos. Para obter o milho e os outros
alimentos basilares de sua alimentação,
essas avançadas civilizações pré-colombianas
tiveram que desenvolver técnicas
agrícolas que solucionassem as dificuldades
encontradas em seus territórios.
Os Astecas, por exemplo, construíram
canais, ilhas artificiais flutuantes
(conhecidas como chinampas) e drenaram ou irrigaram as regiões
onde esse trabalho era necessário.
Os Incas lidaram com terrenos montanhosos
onde criaram um engenhoso sistema
de plantio nas encostas que evitava
a erosão e o desgaste do solo. Em
ambos os casos há registros de que
o principal alimento a ser preservado
e produzido era justamente o milho.
O
que também chamou muito a atenção
dos conquistadores espanhóis que
dominaram essas civilizações foram
os mercados públicos onde se vendiam
muitos e muitos produtos, alguns
conhecidos pelos europeus e outros
totalmente desconhecidos, como é
o caso do próprio milho, do cacau
(e consequentemente do chocolate),
do tomate e de várias espécies de
pimentas. O mercado principal da
maior cidade asteca, Tenochtitlán,
acomodava 5 mil barracas vendendo
produtos e tinha uma circulação
de aproximadamente 60 mil pessoas
por dia.
Incas,
Maias e Astecas ficaram historicamente
conhecidos como “civilizações do
milho” por sua relação tão intensa
e mística com esse cereal. Conta-se
que, a despeito da luxuosidade das
refeições dos líderes desses povos,
o dia a dia era pautado em refeições
simples, onde o granturco
(milho em italiano) era presença
obrigatória. Para a confecção de
tortilhas, tamales e de bebidas como o pozol e o atol, o processo normal de preparação dessa iguaria naquela época
seguia os passos apresentados abaixo:
O
milho passa por um processo artesanal
e caseiro, o nixtamal. Seus grãos são colocados de molho em água com sal e em seguida
cozidos a 80°C. Quando a película
que os envolve se desprender facilmente,
o ponto de cozimento terá sido atingido.
Devem ser mantidos em repouso até
o dia seguinte, quanto então, após
serem lavados repetidas vezes, são
dispostos sobre o metate – pedras de moer acompanhadas da mó – com o objetivo de eliminar
sua cutícula. Desse processo resulta
uma massa básica com a qual se preparam
várias comidas e bebidas.
O maïs
(milho em francês), quando fresco,
dura cerca de três dias sob refrigeração.
Como o processo de resfriamento
é contemporâneo, esse alimento também
se destacou entre os povos antigos
por poder ser estocado quando maduro.
Era então colocado em local seco
e protegido onde acabava sendo guardado
durante algum tempo e servia para
sustentar as comunidades em períodos
de escassez e fome. O controle desses
estoques de alimentos, entre os
quais o milho, também se tornava
fonte de poder e autoridade dos
imperadores e reis em relação a
seus povos.
Apesar
de destacado em praticamente todas
as referências como um alimento
típico das Américas, o milho, a
partir de algumas de suas variedades,
é mencionado na história desde a
Antiguidade. A partir de escritos
do romano Plínio, o Velho - há menções
ao uso e consumo do milho miúdo
(milium)
e do milhete (panicum)
entre os etruscos, célebres e desenvolvidos
ancestrais dos romanos. Não se tratava,
evidentemente, do milho verde encontrado
em terras americanas, mas é importante
lembrar esse registro tão antigo
sobre parentes próximos do Zea Mays (nome científico).
As
menções ao milhete e ao milho miúdo
na história européia não se restringem
a Idade Antiga e aos Etruscos e
Romanos, estendem-se também ao Medievo.
Nesse outro período verifica-se
que o consumo desses cereais constituiu
um adendo alimentar expressivo para
alguns períodos do ano, particularmente
para as épocas de crise.
Testemunhos
de vários tipos comprovam que os
habitantes das zonas rurais utilizam
muito mais, e com mais freqüência,
os cereais menores, que quase sempre
suplantam o trigo em sua alimentação.
Menos exigentes do que este no que
diz respeito à qualidade do solo
e às técnicas de cultura, com um
rendimento mais seguro e elevado,
eles respondem de forma aleatória
às exigências fundamentais do abastecimento
doméstico do agricultor. Além disso,
graças à rapidez de seu ciclo vegetativo,
os cereais de primavera – o milhete,
o milho miúdo e o sorgo – fornecem,
em tempos de crise, um aporte considerável.
É,
no entanto, a partir da visita de
Colombo que o milho que conhecemos
embarca em direção a Europa de forma
definitiva para se tornar cidadão
do mundo.
Levado para a Europa por Cristóvão Colombo
em 1493, aclimatou-se muito rapidamente:
desde os primeiros anos do século
XVI, era cultivado em Castela, Andaluzia
e Catalunha; em torno de 1520, também
no leste de Portugal; em seguida
ele entra
no sudoeste da França (em
Bayonne, a partir de 1523) e no
norte da Itália (em Veneza entre
1530 e 1540), depois na Panônia
e na península dos Bálcãs.
Na
Europa da Modernidade o consumo
do milho se consolidou primeiramente
entre as pessoas mais humildes.
A elite européia, constituída pelos
nobres e burgueses, reagia de forma
discriminatória em relação a um
cereal que também era utilizado
como ração animal e, por esse motivo,
só se renderia aos encantos do Corn (milho em inglês) algumas décadas
depois da plebe.
Entre
a população mais pobre dessa Europa
Moderna (séculos XV a XVIII), a
utilização do milho se deu principalmente
enquanto farinha grossa que dava
substância e sustentação a sopas,
papas e guisados confeccionados
em suas pobres residências. A aceitação
se deu principalmente a partir da
Itália, onde o milho verde rapidamente
suplantou seus antecessores (milhete
e milho miúdo) e fez surgir uma
das maiores tradições gastronômicas
da Bota, a polenta.
Os
franceses, que também acabaram aderindo
ao consumo do milho americano a
partir do século XVII, fabricavam
a partir de sua farinha grossa ou
mesmo do fubá uma iguaria conhecida
como milhade
ou millasse.
Ao
se espraiar pelo Velho Continente
ao longo dos séculos XVIII e XIX,
o milho juntamente com a Batata
acabou também ajudando a resolver
um dilema fundamental dos novos
tempos, ou seja, como aumentar a
produção de alimentos a ponto de
abastecer os cada vez mais densamente
povoados centros urbanos surgidos
na esteira das revoluções burguesas.
Atualmente
o milho é utilizado na confecção
de pratos doces e salgados das mais
variadas espécies. Do fubá surgem
pratos deliciosos como o cuscuz,
pães, bolos e polentas. Há também
as pamonhas, o curau, o creme de
milho ou ainda saborosos sucos e
sorvetes. Além desses acepipes devemos
destacar que o milho é utilizado
para a confecção de subprodutos
como óleo de milho, xarope de milho,
farinha de milho e até bebidas destiladas.
Na
história do Brasil há informações
a respeito do milho desde a chegada
dos portugueses. Era também uma
das bases alimentares de nossa terra
juntamente com a mandioca, se bem
que, diferentemente dos demais povos
americanos, tinha importância secundária
quando comparado ao pão da terra
dos índios tupi-guaranis, muito
mais ligados à chamada Rainha do
Brasil, como era conhecida a Mandioca.
Os
portugueses não demoraram - como
os espanhóis em outras regiões americanas
- a se apropriar do milho tanto
para seu próprio consumo como também
para a alimentação de seus animais.
Em 1618, conforme nos diz Câmara
Cascudo, “o milho dava bolos, havendo
ovos, leite, açúcar e a mão da mulher
portuguesa para a invenção”.
Provavelmente, o milho é a mais importante planta comercial com
origem nas Américas. Há indicações de que sua origem tenha sido no
México, América Central ou Sudoeste dos Estados Unidos. É uma das
culturas mais antigas do mundo, havendo provas, através de escavações
arqueológicas e geológicas, e através de medições por desintegração
radioativa, de que é cultivado há pelo menos 5.000 anos. Logo depois do
descobrimento da América, foi levado para a Europa, onde era cultivado
em jardins, até que seu valor alimentício tornou-se conhecido. Passou,
então, a ser plantado em escala comercial e espalhou-se desde a latitude
de 58o norte (União Soviética) até 40o sul (Argentina) (Godoy, 2002; Jugenheimer 1990).
A importância econômica do milho é caracterizada pelas diversas
formas de sua utilização, que vai desde a alimentação animal até a
indústria de alta tecnologia. Na realidade, o uso do milho em grão como
alimentação animal representa a maior parte do consumo desse cereal,
isto é, cerca de 70% no mundo. Nos Estados Unidos, cerca de 50% é
destinado a esse fim, enquanto que no Brasil varia de 60 a 80%,
dependendo da fonte da estimativa e de ano para ano.
Apesar de não ter uma participação muito grande no uso de milho em
grão, a alimentação humana, com derivados de milho, constitui fator
importante de uso desse cereal em regiões com baixa renda. Em algumas
situações, o milho constitui a ração diária de alimentação, por exemplo:
no Nordeste do Brasil, o milho é a fonte de energia para muitas pessoas
que vivem no semi-árido; outro exemplo está na população mexicana, que
tem no milho o ingrediente básico para sua culinária.
Estimativa de consumo de milho em grãos no Brasil
Uso | 2001 | |
(1000 t) | (%) | |
Consumo Animal
|
26.366
|
63,5
|
· Avicultura
|
13.479
|
32,4
|
· Suinocultura
|
8.587
|
20,7
|
· Pecuária
|
2.772
|
6,7
|
· Outros Animais
|
1.528
|
3,7
|
Industrial
|
4.163
|
10,0
|
Consumo Humano
|
1.505
|
3,6
|
Perdas e Sementes
|
263
|
0,6
|
Exportação
|
5.629
|
13,6
|
Outros
|
3.613
|
8,7
|
Total
|
41.541
|
|
Fontes: Abimilho, MB Associados e Safras & Mercado
Associando o consumo humano ao consumo animal, além de se verificar
também o crescimento do uso de milho em aplicações industriais, pode-se
observar o aumento de sua importância no contexto da produção de cereais
na esfera mundial. Nesse sentido, o milho passou a ser o cereal mais
produzido no mundo, conforme é retratado na figura abaixo. Esse
crescimento acompanhou a demanda por milho para alimentação animal, isto
é, enquanto que o trigo é usado basicamente para consumo humano, o
milho é mais versátil, principalmente no que diz respeito à alimentação
animal, aumentando o leque de aplicações desse cereal.
Embora seja versátil em seu uso, a produção de milho tem acompanhado
basicamente o crescimento da produção de suínos e aves, no Brasil e no
Mundo. No gráfico abaixo, é retratado o crescimento da produção de
milho, suínos e aves no Brasil, em uma série que vai de 1978 até 2001.
Nota-se que, apesar das flutuações de sua oferta, há uma tendência de
crescimento de sua produção, acompanhando, principalmente, o crescimento
da produção de frangos e suínos no país, fato esse relacionado com a
demanda por milho, que é um ingrediente importante na composição das
rações para esses animais. Na realidade, poder-se-ia pensar nos frangos e
suínos como um "subproduto" do milho, dada a importância deste na
alimentação daqueles.
Além dos suínos e dos frangos, também fazem parte da demanda por
milho para alimentação animal os bovinos e os pequenos animais.
Atualmente, a produção de ração para pequenos animais (pet food) tem se
constituído em um mercado crescente para o uso desse cereal, dado o
crescimento da demanda por alimento de melhor qualidade para esses
animais.
Dentro da evolução mundial de produção de milho, o Brasil tem se
destacado como terceiro maior produtor, ficando atrás apenas dos Estados
Unidos e da China. A produção mundial ficou em torno de 590 milhões de
toneladas em 2000, enquanto que Estados Unidos, China e Brasil
produziram aproximadamente 253 milhões de toneladas, 105 milhões de
toneladas e 32,3 milhões de toneladas respectivamente (veja tabela
abaixo). Em 2001, o Brasil apresentou a safra recorde de 41,5 milhões de
toneladas. Apesar de estar entre os três maiores produtores, o Brasil
não se destaca entre os países com maior nível de produtividade. No mapa
abaixo, pode-se observar a produtividade dos nove maiores produtores de
milho do mundo. Considerando que a produtividade média mundial está
pouco acima de 4.000 kg/ha, nota-se que o Brasil está abaixo desta
média, porém a produtividade brasileira tem crescido sistematicamente,
passando de 1.874 kg/ha, em 1990, para 3.352 kg/ha, em 2001.
Produção de milho no mundo
Brasil | USA | China | Argentina | México | França | Romênia | Índia | Itália | Mundo | |
Produção (1000 toneladas) | ||||||||||
1990
|
21348
|
201532
|
97214
|
5400
|
14635
|
9401
|
6810
|
8962
|
5864
|
483264
|
1991
|
23624
|
189866
|
99148
|
7685
|
14252
|
12873
|
10497
|
8064
|
6238
|
494366
|
1992
|
30506
|
240719
|
95773
|
10701
|
16929
|
14900
|
6828
|
9992
|
7394
|
533324
|
1993
|
30056
|
160985
|
103110
|
10901
|
18125
|
14867
|
7987
|
9601
|
8029
|
476731
|
1994
|
32488
|
255293
|
99674
|
10360
|
18236
|
12958
|
9343
|
8884
|
7483
|
569173
|
1995
|
36267
|
187969
|
112362
|
11404
|
18353
|
12740
|
9923
|
9534
|
8454
|
516477
|
1996
|
32185
|
234527
|
127865
|
10518
|
18024
|
14530
|
9608
|
10769
|
9548
|
588952
|
1997
|
32948
|
233867
|
104648
|
15536
|
17656
|
16832
|
12687
|
11012
|
10005
|
585092
|
1998
|
29602
|
247882
|
133198
|
19360
|
18455
|
15206
|
8623
|
10678
|
9055
|
614508
|
1999
|
31934
|
239549
|
128287
|
13500
|
18314
|
15656
|
10935
|
10775
|
10016
|
605750
|
2000
|
32378
|
253208
|
105231
|
16200
|
18761
|
16395
|
4200
|
11500
|
10207
|
590791
|
2001
|
41541
|
241485
|
115805
|
15350
|
18616
|
16472
|
7500
|
11836
|
10588
|
609182
|
Área (1000 ha) | ||||||||||
1990
|
11394
|
27095
|
21483
|
1560
|
7339
|
1562
|
2467
|
5904
|
768
|
131337
|
1991
|
13064
|
27851
|
21649
|
1900
|
6947
|
1769
|
2575
|
5859
|
859
|
134117
|
1992
|
13364
|
29169
|
21120
|
2365
|
7219
|
1871
|
3336
|
5963
|
854
|
136997
|
1993
|
11870
|
25468
|
20771
|
2503
|
7428
|
1848
|
3066
|
5995
|
927
|
131498
|
1994
|
13749
|
29345
|
21229
|
2445
|
8194
|
1663
|
2983
|
6136
|
910
|
138367
|
1995
|
13946
|
26389
|
22849
|
2522
|
8020
|
1651
|
3109
|
6014
|
942
|
136216
|
1996
|
11934
|
29398
|
24571
|
2604
|
8051
|
1734
|
3277
|
6300
|
1023
|
139378
|
1997
|
12562
|
29409
|
23837
|
3410
|
7406
|
1858
|
3038
|
6309
|
1039
|
141216
|
1998
|
10586
|
29376
|
25281
|
3186
|
7877
|
1799
|
3129
|
6083
|
969
|
138614
|
1999
|
11609
|
28525
|
25939
|
2605
|
7153
|
1759
|
3014
|
6511
|
1028
|
138853
|
2000
|
11710
|
29434
|
22535
|
2976
|
8661
|
1810
|
2700
|
6500
|
1087
|
139682
|
2001
|
12355
|
27846
|
23474
|
2745
|
7280
|
1917
|
3100
|
6552
|
1184
|
137597
|
Produtividade (kg/ha) | ||||||||||
1990
|
1874
|
7438
|
4525
|
3461
|
1994
|
6019
|
2761
|
1518
|
7638
|
3680
|
1991
|
1808
|
6817
|
4580
|
4044
|
2052
|
7277
|
4077
|
1376
|
7262
|
3686
|
1992
|
2283
|
8253
|
4535
|
4524
|
2345
|
7964
|
2047
|
1676
|
8660
|
3893
|
1993
|
2532
|
6321
|
4964
|
4355
|
2440
|
8045
|
2605
|
1602
|
8664
|
3625
|
1994
|
2363
|
8700
|
4695
|
4237
|
2226
|
7792
|
3132
|
1448
|
8225
|
4114
|
1995
|
2601
|
7123
|
4918
|
4522
|
2288
|
7717
|
3192
|
1585
|
8970
|
3792
|
1996
|
2697
|
7978
|
5204
|
4040
|
2239
|
8382
|
2932
|
1709
|
9336
|
4226
|
1997
|
2623
|
7952
|
4390
|
4556
|
2384
|
9059
|
4176
|
1746
|
9627
|
4143
|
1998
|
2796
|
8438
|
5269
|
6077
|
2343
|
8453
|
2756
|
1755
|
9346
|
4433
|
1999
|
2760
|
8398
|
4946
|
5182
|
2560
|
8901
|
3628
|
1655
|
9744
|
4363
|
2000
|
2736
|
8603
|
4670
|
5444
|
2166
|
9058
|
1556
|
1769
|
9386
|
4230
|
2001
|
3352
|
8672
|
4933
|
5592
|
2557
|
8593
|
2419
|
1807
|
8942
|
4427
|
Fonte: FAO, 2002
Um dos fatores do baixo nível de produtividade, no Brasil, é o
grande número de pequenos produtores que cultivam esse cereal. Para se
ter uma idéia, segundo os dados do censo agropecuário do IBGE de 1996,
94,3% dos produtores de milho são responsáveis por 30% da produção,
usando 45,63% da área destinada ao cultivo desse cereal no país. Por
outro lado, 2,4% dos produtores cultivam 43,91% da área e produzem
60,08% do milho colhido no Brasil (veja tabela abaixo). Melhor idéia da
participação dos pequenos produtores no processo produtivo é que,
aqueles que cultivam menos de um hectare de milho, representam 30,8% dos
produtores e colhem apenas 1,89% da produção.
A importância do milho ainda está relacionada ao aspecto social, pois
como se viu anteriormente, grande parte dos produtores não é altamente
tecnificadas, não possui grandes extensões de terras, mas dependem dessa
produção para viver. Isto pode ser constatado pela quantidade de
produtores que consomem o milho na propriedade. Segundo os dados do
IBGE, cerca de 59,84% dos estabelecimentos que produzem milho consomem a
produção na propriedade. Apesar desse alto percentual de
estabelecimentos que consomem o grão internamente, estes representam
apenas 24,93% da produção nacional de milho. Pode-se, portanto, afirmar
que há uma clara dualidade na produção de milho no Brasil. Uma grande
parcela de pequenos produtores que não se preocupam com a produção
comercial e com altos índices de produtividade, e uma pequena parcela de
grandes produtores, com alto índice de produtividade, usando mais
terra, mais capital e mais tecnologia na produção de milho.
Produção de milho segundo tamanho de área plantada e número de informantes
Área plantada | Área | Produção | Informantes | |||
em (ha) | (1000 ha) | (%) | (1000 t) | (%) | (X 1000) | (%) |
Menos de 10
|
4842
|
45,63
|
7654
|
30,00
|
2395
|
94,3
|
10 a 20
|
1110
|
10,46
|
2531
|
9,92
|
84
|
3,3
|
20 a 100
|
1951
|
18,38
|
5544
|
21,73
|
51
|
2,0
|
Acima de 1000
|
2709
|
25,53
|
9783
|
38,35
|
10
|
0,4
|
Total
|
10612
|
|
25512
|
|
2540
|
|
Fonte: IBGE, Censo agropecuário de 1995/1996
No que diz respeito ao emprego de mão-de-obra, cerca de 14,5% das
pessoas ocupadas nas lavouras temporárias e cerca de 5,5% dos
trabalhadores do setor agrícola estão ligados à produção de milho. No
setor agropecuário, a produção de milho só perde para a pecuária bovina
em termos de utilização de mão-de-obra, apesar de as tecnologias
modernas utilizadas na produção desse cereal serem poupadoras de
mão-de-obra.
Segundo dados do IBGE, a produção de milho no Brasil, representou
apenas 0,5% do produto interno bruto (PIB), porém, esses dados estão
apenas retratando a produção do milho em grão, não sendo considerados os
milhos especiais e cultivos especiais, como é o caso da produção para
silagem, nem computando o efeito multiplicador dessa produção quando
usado na alimentação de aves e suínos, produtos estes de alto valor
agregado e de grande aceitação no mercado internacional.
Recomendo assistir os videos de reportagem, nos links logo abaixo
Video 1 - Como surgiu o milho que conhecemos hoje?
Video 2 - Milho o cereal mais produzido do planeta.