Bem vindo ao novo espaço de conversa em nosso Blog. Aqui iremos discutir e apresentar alguns trabalhos em que História se mistura com Cinema e T.V., ou serve de fonte para a realização das obras. Espero que vocês continuem acessando e dando opiniões sobre conteúdo, pois a construção de todo este espaço virtual é coletiva !
Vermelho Brasil
O longa metragem Vermelho Brasil foi produzido pelos Franceses e conta a história da ocupação francesa no Brasil, abordando diversos aspectos. O filme é baseado em fatos reais, todavia existe a ficção baseada também no livro do autor francês Jean-Christophe Rufin.
Em meados de 1550 o francês Nicolas Durand de Villegaignon lidera uma expedição ao sul. Chega ao Brasil determinado a exterminar os índios, expulsar os portugueses e transformar a colônia em França Antártica. Com a Baía de Guanabara tomada, nasce o Rio de Janeiro. E esse é o início da sangrenta disputa pela terra do Pau-Brasil.
Vermelho Brasil em seu enredo mostra os conflitos entre os indígenas e como os portugueses e Franceses lidavam com isso, aborda também o aspecto religioso dos índios brasileiros, os católicos portugueses e franceses além de mostrar a vinda dos primeiros protestantes no Brasil, enviados pelo reformador francês João Calvino, que mandou missionários para a evangelização dos nativos.
Link.: Vermelho Brasil
Descobrimento do Brasil
Atendendo a reivindicações de um grupo, dentre o qual participava Humberto Mauro, no sentido de proteger o cinema brasileiro da influência do cinema americano e seu “american way of life”, em 1932 o governo Vargas decretou a lei de obrigatoriedade de exibição de filmes nacionais. Graças a esse tipo de iniciativa Getúlio Vargas foi considerado “o pai do cinema brasileiro”. Sem possuir uma indústria cinematográfica capaz de suprir as necessidades do mercado, já convertido em bom receptor dos filmes hollywoodianos, o cinema educador/nacionalista brasileiro resultou em fracasso de bilheteria: os temas não seduziam o espectador,mas sim convertiam-se em lemas nacionalistas. “O Descobrimento do Brasil” publicado em 1936, por ser um filme produzido no momento de transição do cinema mudo para o sonoro, tem a fala ainda um pouco escassa, mais já existe. A trilha sonora enfatiza o gênero épico. O filme consiste da aventura empreendida pelo português Pedro Avares. Cabral em busca de riquezas. O texto utilizado como principal fonte de inspiração da narrativa cinematográfica é a Carta de Pero Vaz de Caminha ao então Rei de Portugal D. Manuel - O Venturoso. O filme explora a imagem de um “Descobrimento do Brasil” que segundo os autores – do passado remoto e do presente do filme – ocorreria de forma harmônica e amistosa. As cenas do filme denotam sofrimento dos portugueses pelo desgaste da viagem até chegarem ao Brasil, e a empolgação quando o encontro da terra tão desejada.
Link.: Descobrimento do Brasil
Xingu
Os irmãos Orlando (Felipe Camargo), Cláudio (João Miguel) e Leonardo Villas Bôas (Caio Blat) resolvem trocar o conforto da vida na cidade grande pela aventura de viver nas matas. Para isso, resolvem se alistar no programa de expansão na região do Brasil central, incentivado pelo governo. Com enorme poder de persuação e afinidade com os habitantes da floresta, os três se tornam referência nas relações com os povos indígenas, vivenciando incríveis experiências, entre elas a eterna conquista do Parque Nacional do Xingu.
link: Xingu
O dia em que Dorival encarou a guarda
Ideologia
burocrática, racismo, inflexibilidade e desumanização, tudo isso presente em
uma catarse de 14 minutos, no curta metragem do diretor Jorge Furtado.
Em
uma prisão militar, o detento Dorival tenta convencer os militares que compõe a
guarda do quartel a permitir que ele tome um banho. Mas o preso esbarra na
negativa dos militares, embora estes não consigam justificar para Dorival a
razão que o impede de tomar o banho.
O
Dia em que Dorival Encarou a Guarda é um filme de curta-metragem brasileiro, de
1986, dirigido por Jorge Furtado e José Pedro Goulart. A obra é uma adaptação
do oitavo episódio do livro O Amor de Pedro por João, de Tabajara Ruas.
A
negativa do Estado na prestação da dignidade humana (seja uma simples ducha refrescante,
como no curta metragem, seja na formação educacional) é uma violência
travestida de “racionalidade burocrática”.
MÚSICA
("Limpem o sangue", de Augusto Licks)
Direção:
Jorge Furtado e José Pedro Goulart
Roteiro:
Giba Assis Brasil, José Pedro Goulart, Jorge Furtado e Ana Luiza Azevedo
Direção
de Fotografia: Christian Lesage
Direção
de Arte: Fiapo Barth
Música:
Augusto Licks
Direção
de Produção: Gisele Hiltl e Henrique de Freitas Lima
Montagem:
Giba Assis Brasil
Assistente
de Direção: Ana Luiza Azevedo
Uma
Produção da Casa de Cinema PoA
Elenco
Principal:
João
Acaiabe (Dorival)
Pedro
Santos (Soldado)
Zé
Adão Barbosa (Cabo)
Sirmar
Antunes (Sargento)
Lui
Strassburger (Tenente)
Prêmios
1º
Prêmio Iecine (Governo do Estado/RS), 1985-86:
Apoio
à produção.
14º
Festival do Cinema Brasileiro, Gramado, 1986:
Melhor
Curta Nacional (dividido no Júri Oficial, sozinho no Júri Popular e no Prêmio
da Crítica), Melhor Ator de Curta (João Acaiabe) e mais 4 prêmios regionais
(Melhor Filme, Melhor Direção, Melhor Fotografia e Melhor Montagem).
Troféu
Scalp 1986:
Destaque
do ano em cinema.
21º
Festival de Cinema Ibero americano, Huelva, Espanha, 1986:
Melhor
Curta metragem de Ficção.
8º
Festival Internacional do Novo Cinema Latino americano, Havana, Cuba, 1986:
Melhor
Curta de Ficção.
Exibido
na mostra "Os 10 Melhores curtas brasileiros da década de 80", no
Cineclube Estação Botafogo, Rio de Janeiro, 1990.
Link para download:"O dia em que Dorival encarou a guarda"
11 de setembro
11 de setembro, é uma produção de 2002, realizada por 11 diferentes cineastas de diversos países a respeito dos atentados às torres gêmeas em Nova Iorque.
Link.: 11 de setembro
(legendas na pasta - Arquivo em duas partes)
Cyberbully
Casey é uma adolescente britânica, que após ter sua vida exposta por um ex namorado decide se vingar, mas as coisas não saem exatamente como planeja.
Ano: 2015
Direção: Ben Chana
Com: Maise Willians, Ella Purnell, Wilson Haagens.
44% dos parentes tem que tomar medidas para parar abuso contra seus filhos
26% das vezes o abuso continua na vida real
25% das crianças são tão horrivelmente intimidadas que levam muitos tempo para se recuperarem
25% dos pais não tinham noção do que as crianças estavam enfrentando
"É fácil dizer, "isso é só um troll, ele não conhece você".Mas isto machuca. (Maisie Williams, nos bastidores das cenas)
Parte 1
Parte 2
download: Cyberbully
Curta metragem
Sheldon um robô que trabalha em uma biblioteca vive uma vida isolada e solitária até conhecer alguém totalmente diferente de si que transforma sua forma de ver o mundo. O diretor deste curta, Spike Jonze é conhecido por sua imaginação e sensibilidade ao discutir a relação entre homem e máquina, seu trabalho mais recente foi o filme "Her".
I’M HERE
Direção: Spike Jonze Música: Sam Spiegel
Trilha: Aska e Lost Tree (bandas indies) País: EUA Duração: 35min Ano: 2010
Link.: Estou aqui
Cinema Latino Americano
"Pelo malo"
Junior (Samuel Lange Zambrano), um menino de nove anos de idade, sonha em alisar o cabelo para ficar mais parecido com sua imagem fantasiosa de um cantor de cabelos compridos. Sua mãe Marta (Samantha Castillo) luta para sustentar a família após a morte do marido e, ao mesmo tempo, tenta evitar o jeito diferente do filho.O título deste drama desperta curiosidade: “Pelo Malo”, em espanhol, significa “cabelo ruim”.
O nome não foi traduzido pelos distribuidores brasileiros, talvez para não remeter a qualquer ideia de preconceito. Mas o preconceito é justamente o tema desta bela obra venezuelana, não apenas contra o dito cabelo ruim, mas também contra a homossexualidade, a pobreza, as mulheres etc. Pelo Malo é, de certa forma, um filme sobre a dominação e a injustiça em sociedades pobres.
Não escapa a Junior o modelo de beleza dos cantores e apresentadores de TV e seus cabelos lisos, da mesma maneira que a estética longilínea das misses —cujos concursos são constantes na televisão— crie problemas de auto-aceitação também para sua melhor amiga (Maria Emília Sulbarán), que é gordinha.
O atual dilema na vida dos dois garotos é a foto de formatura da escola. E aí o problema não é só com sua auto-imagem, é a falta de dinheiro para pagá-la. A mãe de Junior, Marta (Samantha Castillo), que é viúva e tem outro filho menor, acaba de perder seu emprego de vigilante particular e lida com dificuldades para manter a casa.
A grande questão para Junior é a relação conturbada com a mãe, excessivamente seca e muito crítica, já que acha que o filho é efeminado, o que ela acredita que será um problema na vida dele. Machismo, afinal, é um contexto que ela mesma conhece de sobra.
Os dois vivem às turras e a avó paterna, Carmen (Nelly Ramos), que não nega uma ajuda financeira ao neto, é também um problema, na medida que tem seus próprios planos para o futuro do menino. Seu sonho é que ele se torne um cantor de sucesso e, para isso, ela não medirá esforços —sem levar em conta o que ele realmente possa desejar.
Uma cena curiosa mostra o garoto imitando Henry Stephen, um popular cantor venezuelano, e cantando uma versão em castelhano da canção brasileira "Meu limão, meu limoeiro", celebrizada no Brasil por Wilson Simonal.
LINK.: Pelo Malo
"Pelo Malo" venceu a Concha de Ouro de melhor filme no prestigiado Festival de San Sebastián, na Espanha. O que deveria ser apenas comemoração virou uma grande polêmica com o governo de Nicolás Maduro quando Mariana deu uma entrevista ao jornal espanhol "El País" atacando duramente o clima de intolerância iniciado no governo de Hugo Chávez. O governo de Maduro, por meio de seu site de notícias, publicou uma nota em que critica as declarações da cineasta, dizendo que ela "ignorou o governo bolivariano que financia seus filmes".
Entrevista
Mariana veio a São Paulo lançar o filme e procurou esfriar a polêmica, sem deixar de continuar a fazer suas críticas ao clima de intolerância política que tomou conta da Venezuela. Mas ela toma algumas precauções durante a entrevista – a maior delas é jamais mencionar os nomes de Chávez e Maduro para evitar novos conflitos.
UOL - O governo de Nicolás Maduro tem endurecido contra a oposição. Isso já atingiu o financiamento ao cinema e outras artes?
Mariana Rondón - Hoje existe uma espécie de sub-enfrentamento. O país está muito polarizado, muito radicalizado. É cada vez mais difícil ter lugares de encontro. Aqueles que eram seus amigos já não são mais, as famílias estão quebradas, muitos casais se separaram. Me perguntam se "Pelo Malo" é uma metáfora política de Venezuela. Mais do que da situação política, queria falar dos estados de alma hoje, as feridas políticas que estamos vivendo; a política se metendo no mais íntimo das relações humanas.
O que você achou da nota do governo publicada pelo SIBCI (Sistema Bolivariano de Comunicação) criticando as suas declarações na Espanha?
Estou tentando ser diplomática. A polêmica não se deu pelo filme em si, mas por declarações que eu dei. Agora, minha luta é para que o filme seja visto pelo maior público possível, para que as pessoas tenham a liberdade de vê-lo. Neste momento, ele estreia em 22 países.
O filme mostra uma reportagem de TV em que as pessoas raspam a cabeça em solidariedade a Chávez. A decisão sobre o seu próprio cabelo é a luta do menino de "Pelo Malo". Como você acompanhou isso?
Me surpreendeu porque a notícia saiu bem na época em que rodávamos o filme. Por um lado era um gesto de solidariedade do povo, mas por outro dava pra sentir esse ato que devia ser político converter-se num ato religioso, quase um messianismo ou fanatismo
No filme, tento mostrar essas coisas sem julgamento. Queria alcançar no filme um equilíbrio que fosse quase como um ato de justiça.
Como são os venezuelanos em relação aos gays? Há muito preconceito, ou é apenas entre os mais pobres?
É pior entre os mais pobres, mas aí faço uma crítica ao governo. Na Venezuela, quando dois opositores discutem na TV, quando não têm mais argumentos, às vezes se "acusam" uns aos outros de gays na TV. Vivemos numa sociedade muito machista. Quando dois políticos fazem isso na TV, o que resta ao povo pensar? São três coisas que saem como monstros de dentro das pessoas: os preconceitos sexuais, raciais e políticos.
Você costuma dizer que os venezuelanos veem mais cinema latinoamericano do que os seus vizinhos por conta de uma antiga lei. Houve sucessos latinoamericanos nos últimos anos na Venezuela?
Essa é uma das melhores coisas que temos hoje na Venezuela. Os filmes são feitos com o dinheiro de impostos pagos por todo mundo que trabalha na cadeia do audiovisual, incluindo as empresas de TV e publicidade. Na comissão que decide o destino do dinheiro, todos estão representados: os produtores, exibidores, cineastas. Os filmes venezuelanos tem uma cota garantida de duas semanas em tela, o que dá tempo para o boca-a-boca entre as pessoas. É um exemplo de bom paternalismo do governo, que gera emprego e diversidade. Este ano, a previsão é de que estreiem 40 filmes venezuelanos nos cinemas, o que é bastante para um país pequeno. Nossos filmes lideram a bilheteria atualmente no país.
Algum sucesso brasileiro na Venezuela?
Claro! Nas favelas de Caracas, há um monte de meninos que foram batizados como Zé Pequeno e outros personagens de "Cidade de Deus". Assim como aqui no Brasil, "Tropa de Elite" era muito pirateado nas periferias de lá.
É curioso: na Mostra de São Paulo, chegaram a me perguntar por que "Pelo Malo" era falado em espanhol – a semelhança com os subúrbios brasileiros é tanta que alguns espectadores pensaram que o filme tinha sido rodado aqui. Nas nossas favelas, temos as mesmas misturas e conflitos das favelas brasileiras.
Algum próximo projeto em vista?
Eu e minha colega Marité Ugás [diretora de "El Chico que Miente", 2010] somos sócias na produtora Sudaca Films – "sudaca" é a maneira pejorativa com que os espanhóis tratam os sul-americanos. Nós nos revezamos na produção e direção dos projetos. Agora vou produzir e ela vai dirigir um longa de ficção sobre as diferentes maneiras da fé na América Latina.
fonte da entrevista: http://cinema.uol.com.br/noticias/redacao/2014/05/01/diretora-venezuelana-de-pelo-malo-critica-intolerancia-politica-do-pais.htm
"Documentário"
"Come on children"
(por Allan King)
Propuseram
a dez jovens, cinco garotas e cinco garotos, passar dois meses e meio longe do
controle de pais, escola e polícia para retirar algo de cada um nessa
experiência. Foram colocados em uma fazenda nos arredores de Toronto. Mais
tarde, tiveram por lá um encontro com os genitores para falar do futuro que
obviamente viria e não seria tão livre. No documentário sobressai Alex Lifeson,
que mais à frente seria conhecido como guitarrista da banda Rush. Tudo que seus
pais desejavam naquele momento era que ele terminasse a escola, pois a vida de
músico seria ilusão dolorida.
Come on
Children foi dirigido por Allan King, famoso diretor de documentários. Seu
gênero era como o reality show, e ele havia lançado um filme muito bem recebido
chamado "The Married Couple", no qual narra o fim de um casamento.
Links 1: Come on children
Título
Original: Come on Children
Ano de
Lançamento: 1973
Direção:
Allan King
País de
Produção: Canadá
Idioma:
Inglês
Duração:
95 min.
Cinema Africano
"Uma lição de vida"
No início dos anos 2000, o governo do Quênia lançou a campanha “Educação para Todos”, programa que visava levar em massa crianças para a escola. Kimani Maruge (Oliver Litondo), um senhor de 84 anos que fora prisioneiro durante a luta de independência do Quênia, levou o slogan político ao pé da letra para realização do antigo desejo pessoal de ser alfabetizado.
Na tentativa de tornar o sonho concreto,
Maruge tem de enfrentar a falta de vontade de autoridades locais, a
desconfiança dos vizinhos e a rixa tribal que ainda aflige o país. Para
lidar com tudo isso, o estudante octogenário conta com a ajuda da professora Jane Obinchu (Naomie Harris).
Além das adversidades do contexto
social, Maruge tem que romper com seus próprios traumas do passado.
Tendo pertencido ao grupo rebelde dos Mau-Mau e lutado contra a
colonização britânica quando jovem, Maruge foi brutalmente torturado e
presenciou o assassinato da mulher e filha pelos colonizadores.
Links.: opção 1 Uma lição de vida
opção 2 Uma lição de vida
Ano: 2010
Direção: Justin Chadwick.
Roteiro: Ann Peacock.
Elenco principal: Oliver Litondo, Naomie Harris, Lwanda Jawar.
Gênero: Biografia/Drama.
Nacionalidade: Inglaterra/ EUA/ Quênia.
Moolaadé
Numa
aldeia africana, persiste o costume brutal da Mutilação Genital Feminina, numa
operação dolorosa e temida por todas. Seis meninas, com idades entre 4 e 9
anos, devem passar pelo ritual num determinado dia. Quatro delas buscam a
proteção de Collé, uma mulher que não permitiu que a filha fosse mutilada,
invocando a “mooladé” (proteção sagrada), indicada por uma corda colorida.
Enquanto usarem essa corda, ninguém na aldeia poderá tocá-las. Mas vários
homens pressionam o marido de Collé para que retire a proteção, nem que para
isso ele tenha de chicoteá-la.
Link1: Moolaadé
Link2:(parte1) Moolaadé (video parte1)
legenda: Moolaadé (legenda parte 1)
Link2:(parte2) Moolaadé (video parte 2)
legeda: Moolaadé (legenda parte 2)
Keita! o legado do griot
O velho griot Djeliba deixa sua
aldeia do interior e se instala na residência da família Keita
para realizar uma missão: a iniciação do menino Mabo nas tradições familiares,
cuja origem remonta a Sundjata Keita - o fundador do
Império do Mali. Mas as diferenças entre a memória preservada pela
oralidade e a história ensinada a Mabo na escola geram um clima de tensão entre
o valor da tradição e as exigências da sociedade africana moderna. O foco da
tensão será a divergência entre o conhecimento histórico ensinado na escola e a
memória história preservada pelos tradicionalistas.
O que é um griot?
Os Griots são os guardiães, intérpretes e cantores da história de
muitos povos africanos. Na língua mandinga são conhecidos como ‘Jali’ e
na África Central como ‘mbomvet’. Todos eles possuem uma função social
bastante semelhante e de grande relevância.
A preservação e a transmissão da memória cultural, dos valores e das
tradições de origens africanas faz a figura do griot incorporar “uma
enorme importância na conservação da palavra, da narração, do mito. São
eles os mensageiros daquilo que deve permanecer embutido na memória e
no coração dos seus familiares e conterrâneos, no sentido de manter
incrustada a identidade do seu ser e das suas raízes, fundamentada na
ancestralidade.
Link1: O legado do griot
Link2: O legado do griot (filme)
Legenda: legenda
Para saber mais:
KEITA! O LEGADO DO GRIOT: A ESTÉTICA DA PALAVRA À
SERVIÇO DA IMAGEM
Joseph Paré
(Universidade de Ouagadougou)
As
produções literárias e cinematográficas dos africanos têm traços comuns no
plano estilístico e temático, embora apresentem distinções do ponto de vista de
sua origem.
Na
esteira de Batouala, primeiro romance genuinamente africano – pelo qual
René Maran recebeu o prêmio Goncourt em 1921 -, as obras literárias
apresentaram-se como uma contra-literatura. Tratava-se de propor uma visão da
África diferente daquela que aparecia nos romances coloniais, dominados por
estereótipos do negro que acabavam por sustentar a propaganda colonial.
Tratava-se de ir na contra-mão de um discurso e de uma visão de mundo que
infantilizava o negro, atribuindo-lhe o estatuto de um ser inferior. Da mesma
maneira, o aparecimento do cinema africano – o primeiro filme, Mouramani,
foi realizado por Mamadou Touré em 1955 – inscreve-se na perspectiva da contestação
às imagens difundidas pelo cinema colonial. Este foi desde o princípio um
cinema iconoclasta que teve por ambição a descolonização das telas e sua
africanização. Ainda hoje, os cineastas africanos tem por objetivo produzir
obras centradas nas realidades da África pós-colonial, realizando filmes que
constituam um meio de apreciação da situação real dos indivíduos.
Para os
africanos, a literatura e o cinema tornaram-se armas contra a alienação depois
de anos de “domesticação”. Sua estratégia consiste numa indigenização das
produções artísticas, de modo a oferecer a imagem daqueles a quem elas se
destinam prioritariamente. Assim, tanto do ponto de vista temático quanto
estético, estes dois modos de produção artística recorrem à estética negro-africana.
Na literatura, isto se traduz por um mergulho na aventura do escrito, do que
são testemunhos romances como Les soleils des independences (O sol das
independências) de A. Kourouma ou Le boucher de Kouta (O açougueiro de
Kouta) do falecido Massa Kaman Diabaté. No cinema, os realizadores produziram
obras empregando línguas locais com legendagem para o francês ou outras línguas
não-africanas. É o caso dos filmes Mandabi (O mandato, 1968) e Finyè (O
Vento, 1982) de Souleymanecissé. Estas convergências permitem supor que se
produziu na literatura e no cinema uma reapropriação cujo projeto neguentrópico
é manifesto.
O filme
de Dani Kouyatê Keita! L’Heritage du griot (Keita! O legado do griot)
(1995) inscreve-se nesta movência da estética da reutilização. Nela, não é
apenas a língua empregada na realização do filme que está em jogo, mas convém
considerar igualmente os códigos estéticos segundo os quais se efetua a narração.
Mais do que em outros filmes desse gênero, o de Dani Kouyaté radicaliza a
reutilização da estética tradicional: o personagem do griot permite ao
realizador tornar complementares as possibilidades narrativas, autenticando ao
mesmo tempo a estética da reutilização. Concretamente, abordaremos o filme de
Kouyaté concentrando a atenção no que chamamos de dimensão auricular da
narração fílmica (CASETTI, 1999, p. 271). Nosso propósito é pôr em relêvo a
maneira pela qual a oralidade se apropria da narração, decodificar os códigos
narrativos e a arqueologia do discurso que funcionam como modulador. Mesmo que
a oralidade não seja mais do que um simples aparato, opera-se uma mediação
entre a palavra e a imagem. Esta mediação nos permitirá render conta da
eficácia da estética da palavra.
(Dani Koyate)
A
RECONTEXTUALIZAÇÃO DA ORALIDADE
Como
produzir filmes que, destinados à distração do público, permitam uma tomada de
consciência dos africanos em face das dificuldades da África pós-colonial? Como
fazer para que o rico patrimônio da África antiga possa ser reutilizada como
potencial de inspiração para a elaboração de uma estética que dá especificidade
ao perfil do cinema africano? Como se apoiar nas lições e ensinamentos do
passado dos africanos para exemplificar as vias de constituição de uma
personalidade africana hoje dividida entre a fidelidade às tradições e as
exigências da modernidade? Os cineastas africanos procuraram responder a
algumas dessas exigências, e em função delas é que seu projeto cinematográfico
foi estruturado.
Na
resolução destas equações foram exploradas diversas vias. Não obstante, de
maneira geral pode-se considerar que os cineastas adaptaram as técnicas
modernas do cinema, conjugando-as com modalidades de organização da narrativa
inspiradas em elementos da estética negro-africana. Deste modo, promoveram a
convergência de técnicas que pertenciam em princípio a esferas distintas. As
técnicas da narrativa oral não são fundamentalmente as mesmas das narrativas
utilizadas no cinema. Os meios colocados em prática pelo tradicionalista
diferem dos do cineasta (movimentos de câmera, diferentes tipos de planos,
etc): “Enquanto o primeiro enuncia sua narração encarnando cada um dos
personagens, dominando a narração por sua presença, o realizador, ao contrário,
utiliza os meios técnicos de reprodução para dar forma à sua narração. Onde a
oralidade fala da vida, o cinema reproduz uma impressão de vida” (DIAWARA,
1996, p. 210). Como o cineasta africano procede para conjugar esses dois
regimes? Como Dani Kouyaté recontextualiza a epopéia de Sundjata em seu filme?
O uso da
imagem e do som para recontar uma narrativa oral produz como mencionamos acima
um efeito de descontextualização porque nesta tentativa acabam sendo
sacrificadas certas modalidades de produção da narrativa típicas da oralidade
quando estas se fundem com as técnicas do regime do som e da imagem. Por
exemplo, o narrador tradicional acaba no novo contexto tornando-se um
mega-narrador devido à reunião de elementos narrativos dos diferentes regimes
semióticos que se encontram articulados. A descontextualização acaba por
promover uma recontextualização da epopéia, que encontra por meio do filme um
novo modo de existência. Antes de examinar o conjunto da estratégia que permite
a recontextualização da epopéia de Sundjata, convém indicar em suas grandes
linhas a maneira pela qual Dani Kouyaté, na esteira de Djibril Tamsir Niani e
de Massa Makan Diabaté, retoma a
narrativa de Sundjata em seu filme.
Após ter
um sonho com o caçador que anunciara a vinda ao mundo de Sundjata, Djéliba
Kouyaté decide ir à cidade para ensinar a Mabo Keita, descendente longínquo do
imperador Sundjata, sua origem. O objetivo da viagem é dar a conhecer ao menino
sua árvore genealógica. Na condição de griot a serviço dos Keita, Djéliba
recoloca na ordem do dia uma antiga tradição. Ele ressuscita a memória do
passado. Mas ao mesmo tempo ele se dá conta da dificuldade de tarefa pois logo
percebe que pesam sobre o jovem as exigências distintas daquelas da sociedade
tradicional. Com efeito, já na primeira conversa com o Mabo Keita ele descobre
que na escola lhe ensinam que seus ancestrais são os macacos! Ele conta-lhe
então sua verdadeira origem ao narrar a epopéia de seu ancestral, Sundjata
Keita.
A este
iniciação se opõem a mãe e o professor de Mabo, segundo os quais o jovem
estudante poderia ser prejudicado nas provas escolares. Contra todas as
probabilidades, Mabo se apaixona pela narrativa das origens e passa a
negligenciar o que lhe é ensinado na escola moderna. Graças a Djéliba ele
conhece uma parte de suas origens, mas não tudo porque, em virtude da oposição
da mãe e do professor, o griot acaba sendo obrigado a partir sem terminar de
narrar o conto. É neste momento que reaparece no filme o velho caçador cujo
aparição em sonho tinha motivado a ida de Djéliba à cidade. Mabo, que deseja
conhecer o significado do seu nome, pede ao caçador que lhe conte o fim da
história de Sundjata mas este se recusa argumentando que não era um griot, quer
dizer, um mestre da palavra como Djéliba. O filme termina com imagens
simbólicas onde aparecem um pássaro voando no alto do céu (Djéliba?) e uma
grossa árvore de baobá... O filme é construído a partir da idéia da oposição
tradição/modernidade, mas não se trata de uma oposição irredutível. Ao contrário,
todo o cenário sugere a possibilidade de uma convergência. A recontextualização
se inscreve nessa perspectiva, como se poderá constatar adiante.
Dani
Kouyaté devolve ao mestre da palavra seu papel e seu estatuto, fazendo dele o
condutor da narração. Assim, a arte da palavra encontra-se à serviço da imagem
e do conto para imprimir à narração e ao cenário do filme uma dinâmica
particular.
A epopéia
de Sundjata é descontextualizada: na tradição mandinga, trata-se de um conto
falado pelos griots segundo um protocolo narrativo bem preciso que o filme não
retoma. Dani Kouyaté contenta-se em colocar em cena aspectos essenciais do
conto épico, notadamente tudo o que diz respeito às previsões sobre o futuro de
Sundjata. Mas ao mesmo tempo, ao retomar a epopéia e inscrevê-la na dinâmica
dos filmes africanos dedicados às grandes figuras da África pré-colonial, ele a
recontextualiza. Isto ocorre tanto na maneira como ele trabalha os dados da
epopéia no filme quanto pela maneira como recoloca na ordem do dia aspectos
pertinentes ao conto de Sundjata para a formação do jovem Mabo Keita. Assim,
pode-se considerar que se vai de uma situação de desterritorialização à de uma
reterritorialização graças à conciliação entre as estéticas do cinema e da
oralidade.
Djéliba
começa a iniciação de Mabo filiando sua árvore genealógica ao célebre imperador
cujas ações foram certamente engrandecidas pelo mito mas que continua célebre
na história mandinga como o promotor da unificação dos povos do Sudão ocidental
e a criação do Império do Mali nos séculos XIII e XIV, império que englobava as
atuais repúblicas do Mali e da Guiné, e partes da bacia dos rios Níger e
Senegal, até o Oceano Atlântico.
Para além
do que diz o mito e do que os historiadores preservam da figura de Sundjata, o
que nos interessa aqui é a maneira pela qual a palavra se coloca como um dos
fatores essenciais da narração, a maneira pela qual a estética da palavra serve
ao mito em perspectiva didática. Ela permite por em ação um conjunto de
símbolos que podem servir de referência ao indivíduo na sociedade. Ao fazer
isso, ela permite ensinar ao jovem sua árvore genealógica e também um certo
número de valores, como a bravura e a honestidade, o respeito à palavra dada, a
paciência e a irreversibilidade do destino individual de cada ser humano.
Assim, quando Mabo mostra-se impaciente diante da demora em se cumprir o
destino particular de Sundjata tal qual tinha sido previsto pelo caçador,
Djéliba lhe pede que tenha paciência porque tudo o que está anunciado acaba por
se realizar, e lhe diz: “uma árvore gigante nasce de um grão”. Aqui, a palavra
proverbial parece a única capaz de fazer compreender a virtude da paciência.
Este
ensinamento articulado sobre o verbo permite ao menino tomar consciência da
importância de sua origem que deve participar da formação de sua personalidade
e lhe permitir aceder ao estatuto de “[mogo, quer dizer, ser humano consciente
de suas obrigações” (KEITA, 1995, p. 40). Esta palavra não é mais como as
outras: ela assume uma função ética e estética na narração. É uma palavra
eficaz, a “Grande palavra”, “[capaz de dar vida à toda coisa. Palavra eficaz na
medida em que remonta às origens, palavra transmitida, saída de uma longa
linhagem de iniciados; ela cria, metamorfoseia,
torna-se força e ação... Reincarnada, ela é repetida para que se torne
plenamente eficaz”(HOURANTIÉ, 1990, p. 12).
É esta
dimensão da palavra que torna possível a convergência entre o cinema e a
oralidade. A epopéia de Sundjata é restituída por um lado pelo personagem do
griot, e por outro pela criação de um novo contexto que justifica o recurso a
ela (no caso, a situação do jovem citadino Mabo), o que permite fazer aflorar
dois objetivos perseguidos pelo cineasta. Primeiramente, o griot retoma o papel
que lhe cabe na sociedade africana, onde ele é considerado ainda em nossos dias
como o que perpetua a memória coletiva. De resto, o próprio Dani Kouyaté indica
que sua criação cinematográfica inspira-se na do griot, cuja “técnica permite
ao griot de ir a fundo no imaginário, mesclando realidade e ficção” (KOUYATÉ,
1995, p. 11). Em segundo lugar, o encontro da oralidade com a imagem vem a
constituir um meio de legitimação do filme de Dani Kouyaté e, por extensão, do
cinema africano, em que um dos propósitos é incentivar a tomada de consciência,
indicar as vias de conciliação entre a tradição e a modernidade.
Em outros
termos, por meio dessa recontextualização o cineasta reatualiza “[a missão
ética da sabedoria do griot” (BARLET, 1996, P. 180). Mas para tornar funcional
a epopéia recontextualizada e lhe permitir servir aos desejos do cineasta, este
precisou recorrer a modalidades particulares de narração, proceder a uma
estética da reutilização de códigos narrativos tradicionais e de uma
arqueologia do discurso.
NOTAS
NIANI,
Djibril Tamsir. Sundjata ou a epopéia
mandinga. São Paulo: Editora Ática, 1984; DIABATÉ, Massa Kakan. Le Lion à
l’arc. Paris: Hatier, 1986.
OBRAS
CITADAS
BARLET,
Olivier. Les cinemas d’Afrique noire. Le regard em question. Paris:
l’Harmattan, 1996.
CASETTI, Francesco. Les
théories du cinema depuis 1945. Paris: Nathan 1999.
DIAWARA, manthia. “Popular
culture and oral tradition in african film”. In: BAKARI, Imrah; CHAM, Mbaye
(dir). African experiences of cinema. London: British Film Institute, 1996, pp.
208-214.
HOURANTIÉ, Marie-Josée.
“L’introduction de La technique du conteur dans le théâtre-rituel
negro-africain”. In:
Seminaire de methodologie de recherche et d’enseignement du conte africain.
Abidjan: Nouvelles Editions Africaines, 1990.
KEITA,
Cheick M. Chérif. Massa Makan Diabaté. Un griot mandingue à La recontre de
l’écriture. Paris: hartmann, 1995.
KOUYATÉ,
Dani. “Recontre avec Dani Kouyaté”. Le film africain, nº 18-19, 1995, p.
11.
Tradução parcial feita por José Rivair Macedo
O texto original completo (em francês) encontra-se em: http://www.erudit.org/revue/cine/2000/v11/n1/024833ar.html?vue=resumePara saber mais acesse: http://terreirodegriots.blogspot.com.br/p/oswaldo-griot-arte-negra.html
Ceddo
Crônica dramática sobre as disputas políticas e religiosas em uma aldeia
africana, em um contexto em que convivem mercadores de escravos europeus, uma
elite recém convertida ao Islamismo e parte da população local resistente à
conversão (os Ceddo). A situação é agravada com o sequestro da filha do chefe,
a princesa Dior.
Direção e roteiro: Ousmane Sembene
Elenco:
Tabata Ndiaye ………… Princess Dior
Moustapha Yade ……….. Madir Fatim Fall
Ismaila Diagne ……….. The Kidnapper
Matoura Dia ………….. The King
Omar Gueye …………… Jaraaf (as Oumar Gueye)
Mamadou Dioumé ……….. Prince Biram
Elenco:
Tabata Ndiaye ………… Princess Dior
Moustapha Yade ……….. Madir Fatim Fall
Ismaila Diagne ……….. The Kidnapper
Matoura Dia ………….. The King
Omar Gueye …………… Jaraaf (as Oumar Gueye)
Mamadou Dioumé ……….. Prince Biram
Ano: 1977
Legendas em francês e português
"Ceddo is not a tribe, it is a state of mind." -- Ousmane Sembène
(“Ceddo não é uma tribo, é um estado da mente)
Link1 para download e legenda: (MP4) : Ceddo
Link2: Ceddo (video)
Legenda: Ceddo (legenda)
Entrevista com Sembene sobre o filme
Josie Fanon: Qual o sentido da palavra "Ceddo"?
Ousmane Sembene: Aqueles que atualmente são chamados Ceddo não são um grupo étnico. É uma palavra Pulaar (dialeto senegalês) que designa, de uma maneira ou de outra, aqueles que resistiram à escravidão. Ela significa aqueles que "conservam a tradição”. Os Ceddo são “o povo da resistência”.
JF: Seu filme me pareceu exatamente isso: resistência, rejeição ao Islamismo, uma descrição dos aspectos negativos da penetração do islamismo no oeste da África. Você não acha que Ceddo pode ser interpretado dessa maneira, especialmente nos países mulçumanos da África?
OS: Isso sugeriria que o filme foi mal-interpretado ou que eu me expressei insuficientemente. Ele não é essencialmente sobre o Islamismo, mas sobre seu uso nas sociedades tradicionais. Se eu quisesse fazer uma crítica ao Islamismo, eu teria focado nos versos do Alcorão. Eu nunca faria isso. Nós precisamos de coragem para enxergar as coisas de frente. Nesse momento nós vemos os líderes dos estados africanos brincando com a religião. Devemos ter coragem, em um estado laico, para determinar limites aos líderes espirituais. Meu medo mais profundo é que podemos cair nas mãos de um poder de direita que usa a religião.
JF: Em duas ocasiões um personagem do filme afirma que nenhuma fé não vale a vida de um homem.
OS: Eu disse e repito: nenhuma fé vale a vida de um homem. Nem Alá nem Deus valem a vida de um homem. Para mim, todas as religiões são de direita.
JF: O personagem do padre católico em Ceddo parece ser privilegiado quando comparado ao líder mulçumano. Isso pode significar que você prefere a religião católica ao Islamismo. Foi essa a sua intenção?
OS: Essa é uma interpretação subjetiva, superficial e errada do personagem do padre católico. Eu não fiz um filme sobre a religião católica. Isso não é problema meu nem do Senegal ou da África Ocidental. No filme, o padre está lá ao lado dos negociadores de armas. Eu quis mostrar a existência de três forças: o Islamismo, a Religião Católica e os Comerciantes. Duas religiões, das quais o Islamismo é a que mais tem penetração. Além disso, em Ceddo, a morte do líder muçulmano não determina o fim do Islamismo. Pelo contrário, o padre tem uma visão de uma igreja negra, mas seu sonho não vira realidade. Nós facilitamos a morte da religião católica e o crescimento do islamismo. Mais uma vez, a religião católica não é o nosso problema. E o islamismo enquanto religião não é o responsável. O que está em questão é o abuso do Islamismo na África Ocidental num certo período.
Ousmane Sembene: Aqueles que atualmente são chamados Ceddo não são um grupo étnico. É uma palavra Pulaar (dialeto senegalês) que designa, de uma maneira ou de outra, aqueles que resistiram à escravidão. Ela significa aqueles que "conservam a tradição”. Os Ceddo são “o povo da resistência”.
JF: Seu filme me pareceu exatamente isso: resistência, rejeição ao Islamismo, uma descrição dos aspectos negativos da penetração do islamismo no oeste da África. Você não acha que Ceddo pode ser interpretado dessa maneira, especialmente nos países mulçumanos da África?
OS: Isso sugeriria que o filme foi mal-interpretado ou que eu me expressei insuficientemente. Ele não é essencialmente sobre o Islamismo, mas sobre seu uso nas sociedades tradicionais. Se eu quisesse fazer uma crítica ao Islamismo, eu teria focado nos versos do Alcorão. Eu nunca faria isso. Nós precisamos de coragem para enxergar as coisas de frente. Nesse momento nós vemos os líderes dos estados africanos brincando com a religião. Devemos ter coragem, em um estado laico, para determinar limites aos líderes espirituais. Meu medo mais profundo é que podemos cair nas mãos de um poder de direita que usa a religião.
JF: Em duas ocasiões um personagem do filme afirma que nenhuma fé não vale a vida de um homem.
OS: Eu disse e repito: nenhuma fé vale a vida de um homem. Nem Alá nem Deus valem a vida de um homem. Para mim, todas as religiões são de direita.
JF: O personagem do padre católico em Ceddo parece ser privilegiado quando comparado ao líder mulçumano. Isso pode significar que você prefere a religião católica ao Islamismo. Foi essa a sua intenção?
OS: Essa é uma interpretação subjetiva, superficial e errada do personagem do padre católico. Eu não fiz um filme sobre a religião católica. Isso não é problema meu nem do Senegal ou da África Ocidental. No filme, o padre está lá ao lado dos negociadores de armas. Eu quis mostrar a existência de três forças: o Islamismo, a Religião Católica e os Comerciantes. Duas religiões, das quais o Islamismo é a que mais tem penetração. Além disso, em Ceddo, a morte do líder muçulmano não determina o fim do Islamismo. Pelo contrário, o padre tem uma visão de uma igreja negra, mas seu sonho não vira realidade. Nós facilitamos a morte da religião católica e o crescimento do islamismo. Mais uma vez, a religião católica não é o nosso problema. E o islamismo enquanto religião não é o responsável. O que está em questão é o abuso do Islamismo na África Ocidental num certo período.
JF: Dos sete filmes de sua obra cinematográfica, Ceddo parece ser algo
diferente. Ele corresponde a uma nova pesquisa?
OS: Eu gosto muito do que fiz nesse filme. Sem ser pretensioso, eu diria que o roteiro corresponde ao que eu queria fazer: despir a África dessas estruturas pelas quais ela está cercada, as plantas, as bananas, as mangas. Tentando, se isso é possível, mostrar o coração do homem, o cerne com suas contradições para que o filme possa ser usado como um recurso de reflexão, ou uma introdução para pensar sobre nós mesmos, no que fizemos, no que nós queremos fazer. Reflexão e não crítica gratuita, porque nós somos responsáveis pelo passado, pelas coisas boas assim como pelas coisas ruins. Nós também somos responsáveis pela presença neocolonial em nosso país. Os traficantes de armas ainda são os mesmos. Formalmente, nossas terras foram ocupadas, mas ao menos nós mantivemos nossas tradições. Hoje, eles ainda nos exploram conomicamente, mas também nos colonizam culturalmente em nossas casas, com a televisão, o cinema, com a impressa ocidental.
Trecho originalmente publicado em Ousmane Sembène: interviews / edited by Annett Busch and Max Annas, University Press of Mississipi, 2008.
OS: Eu gosto muito do que fiz nesse filme. Sem ser pretensioso, eu diria que o roteiro corresponde ao que eu queria fazer: despir a África dessas estruturas pelas quais ela está cercada, as plantas, as bananas, as mangas. Tentando, se isso é possível, mostrar o coração do homem, o cerne com suas contradições para que o filme possa ser usado como um recurso de reflexão, ou uma introdução para pensar sobre nós mesmos, no que fizemos, no que nós queremos fazer. Reflexão e não crítica gratuita, porque nós somos responsáveis pelo passado, pelas coisas boas assim como pelas coisas ruins. Nós também somos responsáveis pela presença neocolonial em nosso país. Os traficantes de armas ainda são os mesmos. Formalmente, nossas terras foram ocupadas, mas ao menos nós mantivemos nossas tradições. Hoje, eles ainda nos exploram conomicamente, mas também nos colonizam culturalmente em nossas casas, com a televisão, o cinema, com a impressa ocidental.
Trecho originalmente publicado em Ousmane Sembène: interviews / edited by Annett Busch and Max Annas, University Press of Mississipi, 2008.
Documentário: Mazzaropi
Amácio Mazzaropi foi um grande produtor, cineasta e ator do cinema brasileiro. Ganhou fama nacional devido a seu personagem "Jeca Tatu", que representava ao mesmo tempo a esperteza e ingenuidade do homem do campo. Tido como um gênio da comédia, o documentário retrata a sua singularidade como artista e realizador da indústria cinematográfica nacional com produções populares que foram fenômeno de público por mais de três décadas.
Acesse:
Link1: Mazzaropi
Link2: Mazzaropi
E para conhecer mais a respeito, acesse:
Documentário: Eu sou Ali
Direção: Claire Lewis
Link1: Eu sou Ali
Link2: Eu sou Ali
Os Nibelungos - Siegfried
(Fritz Lang)
Siegfried aprende com Mine, o ferreiro, a arte de forjar armas. No caminho à Worms, onde Siegfried quer conquistar a bela Kriemhild, ele torna-se invencível depois de banhar-se no sangue do dragão que acabou de matar na floresta. Continuando sua jornada, enfrenta e vence Alberich, ganhando o fabuloso tesouro dos Nibelungos. O Rei Gunther, com a ajuda de Siegfried, conquista a rainha da Islândia, Brunhild, e como recompensa, Siegfried ganha a mão de Kriemhild. A partir daí inicia-se um intrigante conflito humano, regado a ódio, ciúmes, amor e morte.
A
história engloba quase toda a lenda que dá origem e
molda a identidade nacional germânica. Lang, mesmo com todas as
limitações do cinema mudo, conta a épica história de um guerreiro filho
de rei que corajosamente mata um dragão para tomar posse do tesouro dos
Nibelungos - pequenas criaturas, que lembram vagamente os Hobbits e mais
parecem anões primordiais. A matéria-prima é vasta para contar uma boa
história, que se envereda pelo romance, traição, jogos de poder,
aventura e fantasia.
O filme inicia
com a batalha de Siegfried contra o dragão da caverna, logo após vencer a
batalha contra o dragão, ele entra na caverna onde encontra os
Nibelungos e um feiticeiro. Do feiticeiro, ele herda a capa da
invisibilidade, que foi crucial para forjar a vitória do rei contra
Brunhild. A história segue em Worms, onde Brunhild ao se sentir enganada
faz de tudo para prejudicar Siegfried. O serviço sujo é atribuído a
Hagen Tronje - fiel escudeiro do Rei Gunther.
A estrutura narrativa é clássica dos contos fantásticos eternizados pelos menestréis, baseada nos cânticos da tetralogia operistica de Wagner - O Ouro do Reno, As Valquírias, Siegfried e Crepúsculo dos Deuses.
A estrutura narrativa é clássica dos contos fantásticos eternizados pelos menestréis, baseada nos cânticos da tetralogia operistica de Wagner - O Ouro do Reno, As Valquírias, Siegfried e Crepúsculo dos Deuses.
Título original: Die Nibelungen: Siegfried
Roteiro: Fritz Lang e Thea von Harbou
Elenco: Paul Richter, Gertrud Arnold, Hanna Ralph, Margarete Schön, Theodor Loos, Bernhard Goetzke
Ano: 1924
País: Alemanha
Links para download direto:
Link1: Os nibelungos - Siegfried
ou
Link2: Os nibelungos - Siegfried
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Fritz Lang
Friedrich Anton Christian Lang foi um cineasta,
realizador, argumentista e produtor nascido na Áustria, mas
que dividiu sua carreira entre a Alemanha e
Hollywood,
um dos mais famosos nomes do expressionismo alemão. Estudou pintura e escultura
em Munique, lutou na Primeira Guerra Mundial e foi gravemente ferido, tendo
perdido um olho. No longo tempo que permaneceu em recuperação no Hospital
começou a escrever roteiros e em seguida foi convidado a realizar filmes. O
cineasta deixou uma forte marca na história do cinema, influenciando diretores tão
significativos como Alfred Hitchcock, Luis
Buñuel e Orson Welles.
Friedrich Anton Christian Lang foi um cineasta, realizador, argumentista e produtor nascido na Áustria, mas que dividiu sua carreira entre a Alemanha e Hollywood, um dos mais famosos nomes do expressionismo alemão. Estudou pintura e escultura em Munique, lutou na Primeira Guerra Mundial e foi gravemente ferido, tendo perdido um olho. No longo tempo que permaneceu em recuperação no Hospital começou a escrever roteiros e em seguida foi convidado a realizar filmes. O cineasta deixou uma forte marca na história do cinema, influenciando diretores tão significativos como Alfred Hitchcock, Luis Buñuel e Orson Welles.
Friedrich Anton Christian Lang foi um cineasta,
realizador, argumentista e produtor nascido na Áustria, mas
que dividiu sua carreira entre a Alemanha e
Hollywood,
um dos mais famosos nomes do expressionismo alemão. Estudou pintura e escultura
em Munique, lutou na Primeira Guerra Mundial e foi gravemente ferido, tendo
perdido um olho. No longo tempo que permaneceu em recuperação no Hospital
começou a escrever roteiros e em seguida foi convidado a realizar filmes. O
cineasta deixou uma forte marca na história do cinema, influenciando diretores tão
significativos como Alfred Hitchcock, Luis
Buñuel e Orson Welles.
Friedrich Anton Christian Lang foi um cineasta,
realizador, argumentista e produtor nascido na Áustria, mas
que dividiu sua carreira entre a Alemanha e
Hollywood,
um dos mais famosos nomes do expressionismo alemão. Estudou pintura e escultura
em Munique, lutou na Primeira Guerra Mundial e foi gravemente ferido, tendo
perdido um olho. No longo tempo que permaneceu em recuperação no Hospital
começou a escrever roteiros e em seguida foi convidado a realizar filmes. O
cineasta deixou uma forte marca na história do cinema, influenciando diretores tão
significativos como Alfred Hitchcock, Luis
Buñuel e Orson Welles.
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Bom pessoal, como o nosso assunto até agora tem sido História da Civilização romana, a primeira postagem nesta nova seção do blog vai ser igualmente relacionada a isso.Para exemplo, eu trago um desenho que fez parte da minha infância: "Os Muzzarelas"(The Romans Holidays no original em inglês) um desenho animado produzido pelo estudio Hana-Barbera no ano de 1972.
Era uma série animada de meia-hora de duração, ambientada na Roma Antiga (por volta de 63 d.C.) que retratava a vida moderna dos dias de hoje(ou seja, não era respeitado uma fidelidade dos fatos e se misturavam os acontecimentos atuais e do passado). Os carros eram enormes bigas puxadas por cavalos, o jornal diário era um papiro enroladinho e o relógio de pulso era uma pequena ampulheta de areia. Tudo isso e muito mais na visão de Zecas Muzzarella e sua família.
Zeca
Zecas era um pai de família classe média que tinha todos os tipos de problemas possíveis: familiares, domésticos, profissionais e inquilinais. Sim, o seu maior problema era o seu senhorio, o Sr. Chatus, que morava no mesmo edifício Vênus de Milo e sempre o ameaçava de despejo por mais idiota que fosse o motivo; um deles era que sua única e mimada filha Esnóbia era alérgica a leões e Roma Antiga que se preza não podia faltar leões.
Brutus
E Zecas tinha um, o Brutus, um leão enorme e engraçado, que não passava de um grande covarde, isso sim. Brutus era como um cãozinho doméstico da casa e aprontava horrores. Quando ficava deitado ao lado do divã de Zecas, e este anunciava sua chegada, lá ia Brutus correndo e pulando em seu dono, que recebia uma patada no peito e inúmeras lambidas de boas vindas.
Laura
Laura, a esposa de Zecas, era a típica mulher romana dona de casa.Cuidava dos afazeres domésticos, dos filhos, das visitas inesperadas do senhorio e das loucuras do marido.
Jocas Ruvias
Jocas, o filho mais velho, era um garotão hippie romano, que só falava gírias (da época). Usava túnicas modernas, cabelos compridos (estilo Beatles) e namorava a gatinha mais paquerada da escola, Ruvias. Alienado em muitas coisas, mas interessado no assunto que mais lhe dizia respeito: a música; chegou até a curtir uma de astro de rock em um dos episódios, por ser sósia de um grande ídolo cansado do sucesso. E bem no estilo "O Príncipe e o Mendigo", eles trocaram de papeis. Aí, já dá para imaginar a confusão.
Precócia
Precócia, como o próprio nome já diz, era precoce e inteligentíssima. Sempre bem humorada, achava solução para tudo que parecia impossível. E não podemos esquecer o Sr. Gambázius, patrão de Zecas, que era considerado o rei do mármore, dono da Construtora Fórum.
Sr. Gambázius Sr.Chatus
Dubladores dos Muzzarelas
Zecas: Antonio Patiño
Laura: Selma Lopes
Jocas: André Filho
Brutus o leão: Mário Monjardim
Sr. Chatus: Magalhães Graça
Sr. Gambázius: Guálter França
Precócia: Carmen Sheila
Ruvias: Nair Amorim
Infelizmente foram produzidos apenas 13 episódios, pois na época, Flintstones e Os Jetsons dominavam o gênero. Vocês podem conferir aqui um dos episódios:
Parte 1
Parte 2
Parte 3
Em História essa confusão de tempos e períodos históricos tem um nome:"Anacronismo". Ou seja basicamente é utilizar, as ideias de um tempo em outro. Tanto a T.V., quanto o cinema as vezes fazem uso desse recurso para serem atraentes ao público ou dentro da liberdade imaginativa do autor. E você aluno(a) ? Se fosse usar a História Romana como pano de fundo de algum conto como faria ?
Bom por enquanto é isso, nos veremos novamente por aqui !
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FILMES SOBRE ROMA
Olá ! Estamos encerrando o tema "Civilização Romana" em todas as páginas de nosso blog. Aqui no espaço de Cinema e T.V., vamos finalizar Roma com algumas dicas de filmes interessantes para que você aluno aplique os conhecimentos aprendidos e viaje através da "grande tela" a este passado, agora com muito mais prazer, pois você esta totalmente familiarizado com o que foi o Império Romano. Vamos lá então !
São muitos os filmes e séries de T.V. que tratam de Roma, mas alguns deles são de uma faixa etária que não a de vocês, portanto as dicas aqui presentes são de filmes que vocês podem assistir ou que podem assistir em companhia dos pais e responsáveis.
Vamos começar pelos clássicos !
Ben-Hur (1959)
Ben-Hur vivia no início do século primeiro como um príncipe e mercante de Jerusalém. Quando o seu velho amigo Messala é escolhido pelo governador para ser o oficial comandante de uma das legiões romanas, Judah ficou feliz. Mas com o passar do tempo, as visões dos dois amigos divergem e eles acabam por se separar. Ben-Hur então come o pão que o diabo amassou, sofrendo o máximo que um ser humano pode aguentar. Após uma bem sucedida corrida de bigas, ele começa a se vingar dos que destruíram a vida de sua família. Teores religiosos, inclusive com discretas aparições de Jesus, complementam o tempero desta obra-prima vencedora de 11 Oscar, incluindo Filme e Direção.
Spartacus (1960)
Spartacus (Kirk Douglas), um homem que nasceu escravo, labuta para o Império Romano enquanto sonha com o fim da escravidão. Ele, por sua vez, não tem muito com o que sonhar, pois foi condenado morte por morder um guarda em uma mina na Líbia. Mas seu destino foi mudado por um lanista (negociante e treinador de gladiadores), que o comprou para ser treinado nas artes de combate e se tornar um gladiador. Até que um dia, dois poderosos patrícios chegam de Roma, um com a esposa e o outro com a noiva. As mulheres pedem para serem entretidas com dois combates até morte e Spartacus escolhido para enfrentar um gladiador negro, que vence a luta mas se recusa a matar seu opositor, atirando seu tridente contra a tribuna onde estavam os romanos. Este nobre gesto custa a vida do gladiador negro e enfurece Spartacus de tal maneira que ele acaba liderando uma revolta de escravos, que atinge metade da Itália. Inicialmente as legiões romanas subestimaram seus adversários e foram todas massacradas, por homens que não queriam nada de Roma, além de sua própria liberdade. Até que, quando o Senado Romano toma consciência da gravidade da situação, decide reagir com todo o seu poderio militar.
Cleopatra (1963)
Em campanha no Egito, Júlio César (Rex Harrison) conhece Cleópatra (Elizabeth Taylor), com quem tem um filho. Com sua ascensão como soberano absoluto a rainha se une a ele, mas o assassinato de Júlio César cria uma mudança nos planos, fazendo com que ela se torne amante de Marco Antonio (Richard Burton), como forma de garantir sua razoável autonomia como governante. Mas a luta entra Otávio (Roddy MacDowall) e Marco Antonio pelo poder põe em risco sua posição e sua vida.
O manto sagrado (1953)
Nos últimos anos do reinado de Tibério (Ernest Thesiger), quando Roma era a "dona do mundo", Marcellus Gallio (Richard Burton) é um tribuno que está sempre envolvido com jogos ou mulheres. Além disto tem uma rixa pessoal com Calígula (Jay Robinson), o herdeiro do trono. A situação se complica quando Marcellus oferece, em um leilão de escravos, a absurda quantia de três mil moedas de ouro por Demétrio (Victor Mature), que também estava sendo disputado por Calígula. Ao se ver derrotado por Marcellus, Calígula encara isto como uma afronta pessoal e então manda o tribuno ir servir imediatamente em Jerusalém, na Palestina, considerado o pior lugar do império. Entretanto, devido a motivos políticos, após pouco tempo em Jerusalém o tribuno é chamado de volta por Tibério. Mas, antes de partir, recebe a missão de supervisionar a execução de uma sentença: a crucificação de Jesus Cristo. Finda a tarefa, ele e outros soldados disputam em um jogo de dados próximo à cruz a posse do manto vermelho usado pelo mártir. Marcellus vence mas o manto fica com Demetrius, pois quando Gallio tentou usar o manto algo o afligiu de forma indescritível. Demétrio, que já tinha se tornado um cristão, lhe tirou o manto e disse que jamais o serviria novamente, pois ele tinha crucificado seu mestre. Em seu retorno Gallio fala frases sem sentido, como se algo muito forte o atormentasse. Já em Capri, onde estava o imperador e Diana (Jean Simmons), que Gallio ama e é correspondido, alguns membros da corte e o próprio Tibério, vendo que Gallio se portava de modo estranho, ouvem por horas o que aconteceu com o tribuno em Jerusalém. Tibério acha que o tribuno pode ter perdido a razão, mas quando Gallio atribui que a aflição que sente só aconteceu após se cobrir com o manto de Jesus, então o adivinho da corte conclui que o manto estava enfeitiçado e precisa ser destruído. Isto parece lógico tanto para Tibério como para Marcellus, então o tribuno irá retornar à Palestina para destruir o manto e descobrir os nomes dos cristãos, mas esta viagem irá afetar profundamente sua vida.
Julio Cesar (1970)
Em Roma, (exatamente nos idos de março de 44 A.C., como tinha sido previsto) César (Louis Calhern) é assassinado, pois os senadores alegam que sua ambição o transformaria em um tirano. Mas Marco Antonio (Marlon Brando) consegue, em um inflamado discurso, reverter a situação e os conspiradores são obrigados a fugir. A partir de então dois exércitos são formados, um comandado por Marco Antonio e Otávio (Douglass Watson) e o outro por Cássio (John Gielgud) e Brutus (James Mason), sendo que este segundo exército é numericamente inferior, mas os conspiradores preferem cometer suicídio a serem capturados.
Julio Cesar (1953)
Talvez a mais feliz das adaptações de Shakespeare(estudaremos a respeito dele ainda este ano) ao Cinema. Em Roma, (exatamente nos idos de março de 44 A.C., como tinha sido previsto) César (Louis Calhern) é assassinado, pois os senadores alegam que sua ambição o transformaria em um tirano. Mas Marco Antonio (Marlon Brando) consegue, em um inflamado discurso, reverter a situação e os conspiradores são obrigados a fugir. A partir de então dois exércitos são formados, um comandado por Marco Antonio e Otávio (Douglass Watson) e o outro por Cássio (John Gielgud) e Brutus (James Mason), sendo que este segundo exército é numericamente inferior, mas os conspiradores preferem cometer suicídio a serem capturados.
A queda do Império Romano (1964)
No auge da expansão do império romano, o general Lívio (Stephen Boyd) comanda a nova política do imperador Marco Aurélio (Alec Guinness), que quer a pacificação das fronteiras e a adoção para os povos conquistados de uma certa autonomia. Mas Marco Aurélio acaba envenenado por Commudus (Christopher Plummer), filho ilegítimo que assume o trono e mergulha Roma no caos político e administrativo, o que dá origem à queda do Império Romano.
Quo vadis (1951)
Após três anos em campanha, o general Marcus Vinicius retorna à Roma e encontra Lygia, por quem se apaixona. Ela é uma cristã e não quer nenhum envolvimento com um guerreiro. Mas, apesar de ter sido criada como romana, Lygia é a filha adotiva de um general aposentado e, teoricamente, uma refém de Roma. Marcus procura o imperador Nero, para que ela lhe seja dada pelos serviços que ele fez. Lygia se ressente, mas de alguma forma se apaixona por Marcus. Enquanto isso, as atrocidades de Nero são cada vez mais ultrajantes e, quando ele queima Roma e culpa os cristãos, Marcus salva Lygia e a família dela. Nero captura todos os cristãos e os atira aos leões mas, no final, Marcus, Lygia e o cristianismo prevalecerão.
Na filmagem da obra de Sienkiewicz, foram utilizados cerca de 32 mil figurinos e milhares de figurantes, dentre eles os então desconhecidos Bud Spencer, Sophia Loren (então com 17 anos) e Elizabeth Taylor (ok, momento "cabelos brancos" do professor, vocês alunos e alunas não conhecem nenhum dos três nomes com certeza, mas eles fizeram parte da minha infância em muitos outros filmes).
Na filmagem da obra de Sienkiewicz, foram utilizados cerca de 32 mil figurinos e milhares de figurantes, dentre eles os então desconhecidos Bud Spencer, Sophia Loren (então com 17 anos) e Elizabeth Taylor (ok, momento "cabelos brancos" do professor, vocês alunos e alunas não conhecem nenhum dos três nomes com certeza, mas eles fizeram parte da minha infância em muitos outros filmes).
Bom, agora que já foram alguns filmes clássicos, vamos citar também algumas obras mais recentes, começando por um bastante conhecido de todos...
Gladiador (2000)
Nos dias finais do reinado de Marco Aurélio (Richard Harris), o imperador desperta a ira de seu filho Commodus (Joaquim Phoenix) ao tornar pública sua predileção em deixar o trono para Maximus (Russell Crowe), o comandante do exército romano. Sedento pelo poder, Commodus mata seu pai, assume a coroa e ordena a morte de Maximus e sua família. Sobrevivendo ao ataque, Maximus é vendido como escravo e acaba tornando-se um famoso gladiador. A cada vitória seu caminho para lutar no Coliseu e reencontrar Commodus para vingar-se torna-se mais próximo.
Rei Arthur (2004)
Arthur (Clive Owen) é um líder relutante, que deseja deixar a Bretanha e retornar a Roma para viver em paz. Porém, antes que possa realizar esta viagem, ele parte em missão ao lado dos Cavaleiros da Távola Redonda, formada por Lancelot (Ioan Gruffudd), Galahad (Hugh Dancy), Bors (Ray Winstone), Tristan (Mads Mikkelsen) e Gawain (Joel Edgerton). Nesta missão Arthur toma consciência de que, quando Roma cair, a Bretanha precisará de alguém que guie a ilha aos novos tempos e a defenda das ameaças externas. Com a orientação de Merlin (Stephen Dillane) e o apoio da corajosa Guinevere (Keira Knightley) ao seu lado, Arthur decide permanecer no país para liderá-lo.
A última legião (2007)
Roma, 476 D.C. No dia da cerimônia de coroação do novo imperador Romulus Augustus (Thomas Sangster), de apenas 12 anos, o general bárbaro Odoacer (Peter Mullan) chega a Roma para fazer um acordo com Orestes (Iain Glen), pai de Romulus. Odoacer exige uma recompensa por seu apoio ao império por várias décadas, mas Orestes recusa o acordo. Preocupado com a segurança do filho e com a previsão do xamã Ambrosinus (Ben Kingsley), Orestes coloca Aurelius (Colin Firth), da Quarta Legião, como guarda pessoal do garoto. Naquela mesma noite Odoacer e sua tropa invadem Roma, matando Orestes e capturando Romulus e Ambrosinus, que são levados para a ilha-fortaleza de Capri. No local Romulus encontra a espada de César, que passa a usar. Paralelamente Aurelius reúne um pequeno exército e parte para resgatar Romulus.
Ágora (2009)
O épico Ágora, de 2009, mostra ao público a pouco conhecida astrônoma e matemática Hypatia, que viveu no século IV d.C. no Egito. À medida que o Império Romano definhava, Hypatia lutou para preservar o conhecimento científico acumulado em Alexandria, cuja população cristã aumentava, ameaçando a cultura greco-romana produzida até aquela época.
Centurião (2010)
Centurião se passa no ano 117 A.C., durante a invasão romana da região que hoje é a Escócia. Após sobreviverem a uma emboscada dos bárbaros pictos, seis soldados da Nona Legião sob o comando de Quintus Dias (Michael Fassbender) tentam escapar das garras de uma guerreira selvagem que teve a língua cortada e a família morta pelos romanos.
A águia da legião perdida (2011)
O Império Romano expande suas fronteiras.
A Nona Legião carrega o símbolo máximo de Roma, a Águia, sob o comando de Flavius Aquila, que lidera 5.000 soldados de elite no ano de 120 d.C. em direção aos norte da Bretanha, mas nunca mais voltaram. Vinte anos depois, seu filho Marcus – Channing Tatum, de Querido John, Veia de Lutador - tornou-se um exímio soldado e comandante destemido e dedicado a seus homens, mas vivendo sob a desonra da perda da Águia e da Nona Legião pelo comando de seu pai.
Decidido a resgatar o bom nome de sua família, parte para além da muralha que protege o império na fronteira norte. A seu lado, apenas seu mais novo escravo Esca – Jamie Bell, de Um Ato de Liberdade, Jumper - a quem salvou a vida numa batalha injusta na arena do povoado onde vive seu tio Aquila – Donald Sutherland, de Uma Amor de Tesouro, Cortina de Fogo.
Numa terra hostil, guiado apenas pelo seu companheiro de viagem e cuja origem é justamente de uma tribo inimiga dos romanos, terá que confiar em sua honra, força e capacidade como soldado para sobreviver aos desafios da terra desconhecida, tendo ao seu lado a ajuda de quem não possui qualquer motivo para lhe ser leal.
Uma história de determinação, coragem e sacrifício, vivida em uma época que os grandes homens tornavam-se lenda pelo seu caráter e fidelidade a sua família e a seu povo.
Bom, espero que tenham gostado das dicas de filme com o tema "civilização romana". Se lembrar de algum comente em aula !
Post Scriptum: (PS): Ah sim ! você deve estar sentindo falta entre as dicas do "Astérix e Obélix". O motivo disto, é que teremos uma postagem futura especial só deles. Até lá !
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Filmes sobre a Revolução Francesa
Danton(dirigido pelo polonês Andrzej Wajda, é o melhor drama sobre a
revolução. foca na história do líder revolucionário Danton - Gerard
Depardieu - e seu confronto pós-revolução com o ex-aliado Robespierre - o
fantástico Woyciech Pszoniak -, agora no poder. contando com o apoio
popular, acaba, traído, indo a julgamento)
La Revolution Française
(minissérie comemorativa dos 200 anos da revolução em 1989, dividida em
duas partes, para ser exibido no cinema. traz Klaus Maria Brandauer no
papel de Danton e Jane Seymour como Maria Antonieta. tenta ser correto
historicamente, mas não foi um grande sucesso, nem mesmo na França.
existe em dvd)
Maria Antonieta (a
versão de 1938, com Norma Shearer e Tyrone Power é uma visão adocicada e
romanceada de uma das figuras mais emblemáticas do fim da realeza na
França. uma linda princesa austríaca é levada à Versailles para casar-se
com o futuro rei, Luis Aufusto, mas apaixona-se por um conde e terá que
optar pelo coração ou a realeza. bem, como todo mundo sabe, ela acaba
rainha e na guilhotina. esta história foi refilmada em tom pop, por Sofia Coppola em 2006)
Casanova e a Revolução - La Nuit de Varennes
(um curioso road-movie de Ettore Scola, contando a revolução sob o
ponto de vista dos passageiros de uma carruagem que se dirige a
Varennes, na mesma rota por onde o rei Luis XVI estava se deslocando,
para escapar dos insurgentes. entre os passageiros estão um escritor
controverso, uma condessa, uma cortesã da rainha, um ativista político
americano e até o envelhecido sedutor Casanova - Marcello Mastroiani.
interessante)
A Queda da Bastilha
(baseado no romance de Charles Dickens, "A Tale of Two Cities", conta a
história de um triângulo amoroso em meio aos turbulentos tempos da
revolução. um emigrante francês é acusado de espionagem e defendido por
um advogado inglês, que se apaixona pela noiva do acusado. um bom filme,
em sua primeira versão de 1935)
O Pimpinela Escarlate
(na França do século XVIII, um aristocrata - Leslie Howard - leva uma
vida dupla. passa-se por um nobre afetado e patético, mas trama
secretamente e usando disfarces, para livrar a nobreza e a população do
reinado de terror imposto por Robespierre, que teria decapitado mais de
15 mil pessoas na guilhotina. esta versão de 1935 teve continuações e
várias refilmagens)
Scaramouche
(pouco antes da revolução, a rainha Marie Antoinette pede ao seu primo
marquês, que descubra a identidade de um panfleteiro que está atacando a
imagem da nobreza. exímio espadachim, o primo mata o homem, mas deixa
escapar seu amigo, que refugi-se em uma companhia teatral, onde vive sob
a máscara de um bufão, enquanto treina para vingar a morte do amigo.
capa-espada de primeira, dirigido por George Sidney em 1952)
Napoleão
(este clássico do cinema mudo, de 1927, dirigido por Abel Gance ainda é
a melhor biografia de Napoleão Bonaparte. feito para ser a primeira de 6
partes - que nunca foram realizadas -, mostra desde a infância, sua
evolução como estrategista militar e sua efetiva participação na
revolução francesa. o filme foi inovador ao utilizar nos últimos 20
minutos, além das cenas panorâmicas, outras montagens em 3 telas
simultâneas. inovador)
Mercenários Num Reino em Chamas
(antes da revolução, numa família aristocrática, nascem dois irmãos
gêmeos - Donald Sutherland e Gene Wilder - e ao mesmo tempo nascem numa
família pobre, outros gêmeos - os mesmos atores. graças a uma confusão
os bebês são trocados. quando começa a revolução, o rei convoca os
nobres a lutar e os pares de gêmeos estarão em lados opostos da batalha.
comédia até divertida)
A Marselhesa
(um filme feito em tom documental por Jean Renoir em 1938. mostra
através de vários personagens, dos cidadãos de Marselha, condes e do rei
Luis XVI, os fatos que levaram à revolução e à criação do hino nacional
francês de mesmo nome.
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Um pouco de História
Voltamos a atualizar nossa página para conhecer um pouco mais sobre os primeiros dias desta fantástica invenção humana. Destacarei algumas personalidades um tanto quanto esquecidas, que foram fundamentais para o desenvolvimento da indústria cinematográfica. E começaremos por um gênio da animação: Émile Cohl.
Émile Cohl
Émile Courtet, também conhecido como Émile Cohl, era um artista francês, nascido em Paris, em 4 de janeiro de 1857 e morreu em Villejuif em 20 de Janeiro de 1938. Foi um dos pioneiros do desenho animado. De 1908-1923, fez cerca de 300 filmes, em que ele usou várias técnicas, tais como desenho, brincando com fósforos, e cortar bonecos de papel. Ele também foi um cartunista, ilustrador, fotógrafo, dramaturgo, ator, pintor, jornalista e ilusionista. Infelizmente, morreu muito pobre em razão de ter perdido suas economias na crise de 29.
Fantasmagorie Émile Cohl, (1908)
Le cauchemar de Fantoche (1908)
Affaires de coeur (1909)
Le Songe D'Un Garçon De Café (1910)
Um comentário:
muito bom!
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