Recentemente,
antes do recesso escolar, recebi umas dicas de uma aluna a respeito de títulos
interessantes de animes. Entre os quais o anime "Noragami", que trata
das aventuras de uma divindade japonesa (kami) que busca reconhecimento e figurar com
destaque no panteão dos deuses nipônicos. O anime é realmente bem interessante
e irá figurar entre as nossas dicas na seção de "Animes & outras
culturas". Como a principal razão e força motivadora deste blog é a
divulgação cada vez maior de cultura, preparei também um grande apanhado de
informações a respeito do Xintoísmo.
(portal que indica presença divina)
O
xintoísmo é uma religião étnica, ou seja, é a religião de um único povo, no
caso, o japonês, que se formou no interior deste e com ele cresceu, a ponto de
povo e religião formarem uma só coisa com a cultura, a história e a
mentalidade. Por essa qualidade, o xintoísmo não é uma religião proselitista,
ou seja, não envia missionários para difundi-la entre outros povos; a única
tentativa foi feita na Coréia durante o período de ocupação colonial no séc.
VI.
O
xintoísmo não conhece divindades ou um deus, mas reconhece a existência dos kamis
ou seres divinos, que podem se hospedar em tudo o que existe como
árvores, rios, montes, e naturalmente nos homens e mulheres. Assim fazem parte
das divindades xintoístas, foram
pessoas importantes na vida do país, como os soldados mortos nas guerras, os
heróis nacionais, os antepassados e, sobretudo, os imperadores.
O xintoísmo não tem fundadores, mas foi se
formando com a espontaneidade do povo (costume) e reelaborado, mais tarde, pela
vontade da classe imperial.
O
xintoísmo não tem dogmas, teologia, escritura sagrada (os livros da história do
Japão são considerados sagrados). No
Japão, todas as religiões são chamadas de ensinamento ou kyo, assim Cristo-kyo,
islã-kyo; somente o xintoísmo é definido caminho (to), por isso é xin-to, que
quer dizer o caminho dos homens e dos seres divinos (kami). O estudioso C.D.
Holtom define o xintoísmo como " a síntese peculiar de ritos e crenças
praticadas pelos japoneses celebrando, dramatizando, interpretando e cultivando
os principais valores da sua vida nacional"( HOLTOM, 1965).
No
xintoísmo não existem mandamentos que dizem o que os homens devem ou não fazer.
Nele, vale a autoconsciência, ou seja, o homem sabe, pela sua própria natureza,
o que deve fazer.A vida, os instintos e tudo o que serve para conservá-la e torná-la mais bela
são avaliados de maneira positiva. A morte e tudo o que a ela conduz - como
doença, falta de sorte e infelicidade - são avaliados negativamente e devem ser
evitados.Não existindo pecado, não deveria existir o sentimento de culpa ou de perdão,
mas o xintoísmo recorre às purificações por um sentimento de deferência a quem
é mais justo e forte como os kamis. Uma virtude particularmente cultivada no xintoísmo é o senso de honra,
considerado até mesmo como um valor com fim em si mesmo. Depois vem a
fidelidade, especialmente ao imperador e, em seguida, ao grupo a que se
pertence, a obediência aos superiores, o sucesso nos estudos e na vida, o
autocontrole e o não prejuízo ao próprio grupo e à sociedade.
A
história do xintoísmo deve ser dividida em duas partes: antes e depois da
chegada do budismo no século VI .
O Japão,
ao longo de sua história, foi invadido por vários povos que vieram pelo mar, do
sul e do oeste, com suas culturas e que introduziram o cultivo do arroz e um
tipo peculiar de construção de casas.
Nas
ilhas, os invasores encontraram uma população pacífica e foi fácil empurrar
esses aborígenes para as montanhas do norte. Encontraram também uma natureza
belíssima, um clima moderado, uma vegetação rica e colorida. Fundindo as
próprias crenças e ritos com todos esses elementos, formaram uma religião
alegre, cheia de gentilezas e amor pela natureza. Era o xinto primitivo.
No século
VI, o budismo foi introduzido no Japão, especialmente na corte imperial, mas
somente depois de dois séculos, conseguiu difundir-se entre o povo e
transformar-se até num sincretismo xinto-budista, no qual os kamis passaram a
ser considerados como reencarnações de Buda.
O
xintoísmo sofreu durante os séculos a influência do budismo ( ritos e formas
arquitetônicas dos templos, o conceito de oração, a teoria da reencarnação), do
confucionismo ( o culto dos antepassados e o senso de pertença e de dever do
indivíduo para com a sociedade) e do taoísmo ( crenças animistas e práticas
mágicas).
No século
passado, houve uma reação por parte do imperado Meiji que reformou o xinto,
trazendo-o de volta à pureza primitiva. Nessa reforma, a preocupação não foi
somente religiosa mas também política, visto que se desejava fortalecer o poder
do imperador. Criou-se, assim, um xintoísmo de Estado com seus santuários (jinja),
estritamente separado do xintoísmo popular e de seus lugares de cultos (miya).
A partir dessa reforma, o imperador foi deificado e definido como quem
"integra, coordena, harmoniza, sintetiza, recupera a unidade e tradição do
povo japonês". Em outras palavras, ele exercia uma função divina que
realizava em dois serviços: um para as divindades e outro para o povo. Religião
e política fundiam-se numa coisa só.
Gravura de Toyahara Chikanobu (1838 -
1912), feita em 1878, mostrando o Imperador Meiji (sentado no centro) e sua
esposa a Imperatriz Shoken (sentada a seu lado). são acompanhados na parte
superior (da esquerda para a direita) pelos kami Izanami, Kunitokotatchi
e Izanagi, e à sua direita pelos kami Amaterasu (na parte superior,
carregando os Tesouros Sagrados), Ninigi (neto de Amaterasu, à direita desta) e
o Imperador Jimmu (1º Imperador do Japão, portando o arco coroado com a águia),
juntamente com a Imperatriz Go-Sakuramachi (117º Imperador, à esquerda do
Imperador Jinmu e desenhada como homem na gravura) e o Imperador Komei (121º
Imperador, à esquerda da Imperatriz Go-Sakuramachi). À sua esquerda
acompanham-no os kami Hiko-hohodemi (filho de Ninigi e avô do Imperador
Jimmu, vestido de branco) e Ugayafukiaezu (neto de Ninigi e pai do Imperador
Jinmu, vestido de amarelo), assim como o Imperador Go-Momozono (118º Imperador,
vestido de vermelho), o Imperador Kokaku (119º Imperador, vestido de negro) e o
Imperador Ninko (120º Imperador, vestido de verde). Durante a instituição do
xintoísmo estatal promoveu-se e elevou-se a divindade do Imperador, como
essência da unidade da nação, criando uma árvore genealógica que remonta até ao
primeiro imperador e daí às divindades mais importantes da mitologia japonesa.
Para o
xintoísmo, tudo o que existe provém da ação recíproca de dois princípios: yo,
o princípio ativo e in, o passivo. Assim, nasceram as primeiras sete
gerações das divindades celestiais que ficaram inativas; o último casal dessas
divindades, Izanagi (céu) e Izanama (terra), após ter mexido com
sua lança na terra pantanosa, deixaram cair algumas gotas de lama que, ao se
solidificar, criaram as duas ilhas Futaminoura que escolheram para própria
habitação.
Izanami (à esquerda, sustentando a lua no alto) e Izanagi (à direita, segurando o sol), dois deuses xintoístas da criação.
Deles,
nasceram várias divindades entre as quais Amaterasu O Mi, a deusa do sol, que
deu origem a Jimmu Tenno, o antepassado que deu origem à raça Yamato e fundou o
império nipônico em 600 a.C.
Além
disso, o xinto admite uma miríade de kamis, ou espíritos, que moram em tudo o
que existe, cada qual com seus mitos.
Os kamis
podem se manifestar sob formas antropomórficas, ou seja, com corpo e paixões
humanas.
(príncipe Susano e o dragão Orochi)
O
xintoísmo não se preocupa com as questões que estão na base das outras
religiões como os porquês da vida, o que é o homem, donde ele vem, para onde
ele vai, etc. Mas, embora não se coloque esses questionamentos, o japonês tem
três princípios que guiam sua vida no xinto:
O musubi é força misteriosa que está na
origem de toda a criação e estabelece a relação entre homem e os kamis, entre o
ser e o não ser. Indica a solidariedade e a harmonia que deve unir entre si os
membros de um grupo ou uma família.
O makoto é atitude fundamental da pessoa
quando, cheia de humildade e agradecimento, se encontra com os kamis e gera
virtudes como o amor, a piedade, a lealdade e a fidelidade.
O tsunagari é princípio da continuidade e
da relatividade. Como todos dependem dos pais para nascer e, por sua vez, geram
outros descendentes, assim estão interligados e devem viver não apenas para si,
mas doar as próprias energias, a cada momento, para encontrar a felicidade de
viver. Isso significa que todos devem participar do processo histórico do país
para conseguir a paz, o bem-estar, o progresso e a tolerância universal.
(divindade xintoísta dos raios - Raijin)
Para o
xintoísta, tudo é divino até o homem e, portanto, a experiência religiosa é
tomar consciência da própria natureza divina, contemplar essa essência em nós e
nos outros.
(divindade xintoísta dos ventos - Fuujin)
O
xintoísmo deu ao japonês um senso de familiaridade com o divino e de adoração
de tudo aquilo que é superior ao homem: ele encontra o absoluto na atmosfera de
uma paisagem, nas montanhas que são sagradas, nas ilhas, nas cachoeiras e nos
rios. Essa alma profundamente religiosa conserva-se mesmo nestes tempos de
sofisticadas tecnologias, sendo que as peregrinações aos numerosos santuários
japoneses, construídos, geralmente, em lugares bonitos favorecem a
contemplação.
Existe também uma espécie de sacerdote, o kannushi, com atribuições
específicas nos templos ou santuários onde exercem suas funções, ainda que
todos os homens possam presidir o culto.
No passado, o número de templos era muito elevado; hoje, haveria mais de 100
mil. Os santuários, meta de peregrinações e local de celebração das festas
anuais, são diferentes nas formas e na grandeza, mas possuem elementos comuns
como o torii, as piscinas para a purificação, as salas para os
sacerdotes e os peregrinos e as lanternas de pedra.
Os torii, construídos em madeira, pedra ou bronze, formam o portal
colocado no ingresso do templo. Parece que, originalmente, eram destinados a
acolher em sua viga superior os galos, animais sagrados para a deusa Amaterasu.
As cerimônias nos templos são de vários tipos e dedicadas a todos os aspectos e
acontecimentos da vida humana, como a purificação, o nascimento, o casamento, a
saúde, as colheitas e as celebrações das estações durante o ano.
Mitologia
Deus
(Kami Sama) criou IZANAGI (pronuncia-se Izanagui) e IZANAMI. Izanagi significa o homem
convidado e Izanami a mulher convidada. O equivalente cristão seria: Deus criou
Adão e Eva.
Deus Xinto enviou os filhos Izanagi e Izanami à terra como seu representante.
Diz a mitologia que Deus Xinto colocou-os numa ponte para que eles
caminhassem em direção à “terra” que hoje é chamado Japão.
Quando eles chegaram à “terra”, o Japão ainda era apenas uma ilha coagulada
que se chamava ONO-KORO.
Os Deuses Izanagi e Izanami se casam para formar seus descendentes. Nessa época,
inicia-se Kunibiki, a junção de várias outras pequenas ilhas até chegar as
quatro atuais: Hokkaidou, Honshuu, Shikoku e Kyuushuu. O Japão é batizado de
YAMATO, "A Grande Paz".
Eles tiveram 3 filhos:
A primeira filha, AMATERASU OOMI KAMI que significa a deusa xinto do sol.
O segundo filho, TSUKI YOMI NO MIKOTO que significa o deus xinto da lua.
O terceiro filho, SUSANO O NO MIKOTO que significa o deus xinto do trovão.
Segundo a mitologia japonesa, a primeira filha AMATERASU OOMI KAMI é a que
descende a família imperial do Japão. E o primeiro filho dessa deusa é o
primeiro imperador do Japão, JIN MU TENNOU que significa O Passo do Deus
Xinto quem governou o Japão de 660 AC até 585 AC.
Para termos uma idéia concreta, o atual imperador Akihito do Japão é o 125º
imperador que descende diretamente da deusa AMATERASU OOMI KAMI, cujo filho
JIN MU TENNOU é o primeiro imperador.
Então, AMATERASU OOMI KAMI, a deusa do sol, sendo a primeira filha de Deus
Xinto recebe a posse para tomar conta do arrozal, daí até hoje o alimento
mais sagrado é o arroz no Japão. Ela não se dá bem com o terceiro irmão
SUSANO O NO MIKOTO, o deus do Trovão, mas pelo contrário se dá muito bem com
o segundo irmão TSUKI YOMI NO MIKOTO, o deus da Lua.
Certo dia, a deusa AMATERASU OOMI KAMI teve desentendimento com o irmão
SUSANO O NO MIKOTO por ele ter danificado suas plantações de arroz. Ela ficou
tão furiosa e triste que se fechou numa caverna. O Japão todo escureceu, pois
ela era a deusa do sol.
Fora da caverna outros deuses fizeram de tudo para que ela abrisse a porta da
claridade, mas foi em vão. Então, o segundo irmão, TSUKI YOMI NO MIKOTO
resolveu simular uma grande festa dos xintoístas, usando espelhos para dar
reflexos e utilizou galhos de SAKAKI para dar o rítmo à cerimônia. Ele
convidou a deusa da chuva AME NO UZUME para bailar.
Fazendo uma pequena pausa, SAKAKI é uma árvore da família da japoneira
templária, cleyera japônica que é muito plantada junto aos templos. A palavra
SAKAKI escreve-se em um só ideograma e significa “a árvore de Deus”. Até a
presente data, o seu galho é freqüentemente utilizado tanto como oferenda
quanto como para purificação.
Uma das relíquias da família imperial até hoje, é o espelho. E na cerimônia
de culto dos xintoístas, utiliza-se o galho de SAKAKI para dar a benção aos
seguidores e também para espantar os astrais negativos.
Assim, a festa começou em frente à caverna. A deusa AMATERASU ouvindo todo
aquele barulho estrondoso de tambores, ficou muito curiosa e abriu um
pouquinho a porta da caverna para ver o que estava se passando lá fora.
Imediatamente o deus TSUKI YOMINO MIKOTO e demais deuses auxiliares puxaram a
porta da caverna. Depois desse acontecimento, o Japão sempre teve seu brilho.
O irmão SUSANO NO MIKOTO foi punido pela irmã AMATERASU e foi mandado para
província de Izumo onde havia só terra coagulada e que ele tinha de construir
uma nova cidade. Diz a lenda que o deus SUSANO era um homem cabeludo com
barba comprida, daí talvez os nativos AINU fossem descendentes dele.
Deus SUSANO era muito valente que um dia quando na sua cidade de Izumo
apareceu um dragão com 8 cabeças, engolindo moças e rapazes, ele resolve
acabar com ele, dando-lhe 8 tambores de sake para o dragão ficar bêbado.
Quando o dragão já está num estado sonolento, o deus SUSANO avança em cima do
dragão e retira-se do estômago, jóias preciosas, moças e rapazes; do rabo do
dragão o deus SUSANO retira uma espada também.
A segunda relíquia da família imperial até hoje é essa espada e a terceira é
uma dessas jóias. Portanto, são 3 as relíquias que são mostradas na cerimônia
oficial da família imperial:
O ESPELHO que representa o sol, a bandeira nacional, a capacidade de olhar
para si.
A ESPADA que representa a origem do bushidou, SAMURAIS para trazer a justiça
JÓIA que representa a riqueza do país e a união entre todos.
A deusa AMATERASU e o segundo irmão, TSUKI YOMI NO MIKOTO, migraram-se para
Kyuushuu, a quarta ilha do atual Japão. Nessa região eles estabeleceram
YAMATO, antigo nome que se dá ao Japão. Nesse YAMATO (A Grande Paz)
estabeleceu-se o primeiro imperador JIN MU TENNOU.
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Origens do Céu e da Terra
No mais antigo dos tempos, o céu e a terra estavam grudados, como se tivessem
sido unidos, ao longo dos séculos, em uma matéria informe. Repentinamente, o
silêncio que imperava foi quebrado, com sons estranhos, cuja origem era o
movimento das partículas. Assim, a luz e as partículas mais céleres se
elevaram, mas nem todas puderam seguir a luz em sua ascensão. Dessa forma, a
luz acumulou-se na parte superior do universo, e abaixo dela as partículas
formaram em primeiro lugar as nuvens, depois um paraíso chamado de Takamagahara
(fenda do alto firmamento). E muito abaixo as partículas permaneciam em
uma massa informe, que foi chamada de terra.
Naqueles tempos, em que nasceram o céu e na terra, surgiram divindades em
Takamagahara. Eram chamados: Ame-no-mi-naka-nushi-no-Kami (Senhor do esplêndido
Centro do Céu), Taka-mi-musushi-no-Kami (Divindade da Esplêndida Energia
Vital), e Kami-musushi-no-Kami (Deus da Energia Vital). Todas essas três
divindades formadas espontaneamente se ocultaram. De outro lado, enquanto o
mundo movia-se como uma medusa, surgiu algo parecido com um broto de bambu:
Umashi-ashi-kabi-hikoji-no-kami (Antigo Príncipe do encantado broto de Bambu) e
Ame-no-toko-tachi-no-kami (o que se mantêm eternamente no céu).
Estas duas divindades, apesar de formadas espontaneamente, também vieram a ocultar-se.
Com as outras três mencionadas, formam as "Divindades Celestiais
Independente" primordiais.
As sete gerações divinas
Os nomes das divindades que se formaram em seguida foram:
Kuni-no-toko-tachi-no-kami (o que permanece eternamente sobre a terra) e
Toyo-kumo-un-no-kami (Senhor Justo). Estas divindades também se ocultaram. Em
seguida, vieram a se formar U-hiji-ni (Senhor do limo da terra), e logo sua
irmã-esposa, a deusa Su-hiji-ni (Senhora do limo da terra); logo o deus
Tsunu-guhi (O que integra as origens), e sua irmã-esposa Iku-guhi (A que
integra a vida); e o par seguinte, o deus Ô-to-no-ji (O ancestral da grande
região), e sua irmã e consorte Ô-to-no-be (A ancestral da grande região); logo
o Deus Omo-Daru (O perfeitamente formoso) e sua jovem irmã-esposa, a deusa
Aya-kashiko-ne (a venerável). E o par O Venerável Izanagi-no-Miko (O primeiro
homem, o grande varão) e sua jovem irmã e consorte A Venerável
Izanami-no-Mikoto (A grande mulher, a primeira mulher). Esses deuses, desde
Kuni-no-koto-tachi, até a Venerável Izanami-no-mikoto são conjuntamente
chamadas de sete gerações divinas.
DEUSES DA SORTE
A criação do Arquipélago e o par primordial
Então os
deuses se reuniram e deliberaram longamente sobre a terra, que continuava sendo
a mera mescla de águas e terras, informe e plana. Decidiram por enviar um par
deles para organizar a terra, e assim O Venerável Izanagi e a Venerável Izanami
receberam um Grande Mandamento, que dizia: "Regulai e consolidai a terra
em movimento". Assim ordenando, foi a eles confiada a ordem e a lança
celestial, Ama-no-Nukobo, que estava coberta de pedras preciosas; então as
divindades, estando sobre a ponte flutuante do céu - talvez um arco-íris -
desceram a lança lentamente, e, girando-a, coalharam a água salgada, quando
subiram a lança havia uma ilha, que foi chamada de Onogoro (espontaneamente
coagulada).
Descendo,
então, do céu, e indo para a ilha, em pouco tempo erigiram um Sagrado Altar,
Yashidono, uma Sacra Coluna, Ama-no-mi-hashira, o Sagrado Pilar do Céu, e um
Salão Santo, com oito braças.
Então questionou o Venerável Izanagi a sua irmã: "De que modo formou-se
seu corpo?", ao que ela respondeu: meu corpo está completamente formado,
mas há uma parte que não cresceu e está selada. E disse o Venerável Izanagi:
"Também o meu corpo está totalmente formado, mas há uma parte que cresceu
em excesso. Logo, se inserirmos a parte que me cresceu em demasia e criaremos
terras”."Que solução melhor do que procriar?" A Venerável Izanami
retorquiu: "Certamente está bem assim”.E O Venerável Izanagi disse:
"Andemos em volta dessa Sagrada Coluna Celeste, e quando encontramo-nos do
outro lado, haveremos de nos unir”.
Assim falaram, e entraram em acordo. Ele disse: "Tu para me encontrar,
deves ir pela direita; eu, para encontrar-te, irei pela esquerda". Quando
deram a volta, tal como tinha combinado, a Venerável Izanami foi a primeira a
exclamar: "oh, na verdade tu és um jovem belo e amável!” E logo o
Venerável Izanagi "Oh, mas que jovem bela e amável!". E depois de
falarem, ele disse a sua companheira: "Não está bem que seja a mulher a
primeiro falar”.
Não obstante, uniu-se em um leito e tiveram um filho, Hiru-ko, (menino
sanguessuga). Eles o depositaram em uma canoa de juncos, para que a correnteza
o levasse, pois era grotesco. Depois, nasceu Awa Shima, a ilha da espuma, que
sequer contaram como descendente. Disse O Venerável Izanagi:
"Os filhos que até esse momento nos tivemos não são bons. Devemos subir ao
céu, e questionou as grandes divindades o motivo do acontecimento. Essas
disseram, reunidas em Grande Oráculo:” Como a mulher falou primeiro, as coisas
não vão bem.”Então eles partiram de novo, e na Sagrada Coluna do Céu repetiram
o processo anterior, mas dessa vez foi O Venerável Izanagi a falar primeiro. De
sua união, nasceu à ilha de Awaji, o caminho da espuma”.
Da mesma maneira, as demais ilhas do arquipélago, Honshu, Shikoku, Kyushu, as
ilhas gêmeas de Oki e Sado, e, finalmente, a ilha de Iki. Logo também
conceberam uma série de deuses e deusas, entre os quais os do vento, das
montanhas, e das árvores.
Morte de A Venerável Izanami e a ida de O Venerável Izanagi ao país dos
mortos
Por uma desgraça, Kagutsuchi, o deus do fogo - também chamado de Homusubi -, o
filho caçula de Izami, ao nascer, vitimou sua mãe com terríveis queimaduras e,
seus genitais, e ficou enferma, vindo a morrer te terríveis febres. Apesar
disso, A Venerável Izanami seguiu dando origem a outras divindades em plena
agonia, nas fezes, na urina e no vômito; a última a nascer foi
Mizuhame-no-mikoto, que marca o surgimento da dor e da morte no mundo. O
Venerável Izanagi, desesperado, geme em volta do cadáver, e de suas lágrimas
nascem outras divindades, entre eles a deusa do Arroio Aflito.
Nesse momento, a tristeza de O Venerável Izanagi converte-se em uma cólera
fria, e ele mata o deus do fogo, despedaçando o seu corpo, pela culpa que tinha
na morte de sua mãe, a amada esposa de O Venerável Izanagi. O sangue e os
membros do matricida consertem-se em uma série de novos deuses, que simbolizam
várias montanhas. Então, O Venerável Izanagi desce ao País das Trevas, em busca
de A Venerável Izanami.
O Venerável Izanagi, desejando ver sua jovem esposa A Venerável Izanami,
seguiu-a até Yomi-tsu-kuni, o país das trevas, e quando ela vem abrir a porta
do palácio, saindo para encontrar com seu esposo, O Venerável Izanagi, que
disse:
- Oh, minha esposa, jovem e encantadora irmã! Os países que criamos ainda não
estão concluídos! É preciso que retorne! Mas a sua esposa e irmãs respondeu:
"é triste que não tenha vindo antes, pois já comi do fruto do País das
Trevas! Sem dúvida, oh meu encantador marido e irmão mais velho, que eu
gostaria de voltar, e vou consultar-me com as divindades do País das Trevas. De
modo algum deve me ver!" - E assim dizendo entrou no palácio. Com o tempo,
O Venerável Izanagi cansou-se de esperar, e foi em busca de sua esposa; e
entrou no país, apenas para descobrir que sua esposa, A Venerável Izanami, era
agora um cadáver putrefato, coberto de vermes. Estava dando a luz aos oito
deuses do trovão.
Então, quando O Venerável Izanagi, aterrorizado com esta visão, corria, sua
jovem irmã gritou-lhe: Cobriu-me de vergonha - e ordenou que as terríveis
mulheres do país das trevas perseguissem seu esposo. De modo que, O Venerável
Izanagi, tomando nas mão uma grinalda da flor kazura, que estava em seus
cabelos, jogou-a ao chão, e ela converteu-se em um ramo de uvas silvestres.
Enquanto elas comiam, ele desatou a correr, mas elas seguiam na perseguição.
Por isso, jogou ao chão um pente que prendia seus cabelos, e dele nasceram
brotos de bambu, que as horrendas mulheres voltaram a comer, e ele corria.
Vendo essa situação, A Venerável Izanami lançou contra seu irmão os oitos
deuses do trovão, e mil e quinhentos guerreiros. Todos levavam espadas com dez
palmos de altura, e teriam matado A Venerável Izanami se ele não corresse com
ainda maior velocidade. Estavam quase alcançando O Venerável Izanagi quando ele
chegou a Yomi-no-horakaza, um declive que desce desde a terra dos vivos, até a
terra dos mortos, onde há uma árvore. Dela O Venerável Izanagi tomou três pêssegos,
com os quais golpeou os inimigos e os matou. Disse o venerável O Venerável
Izanagi, solenemente, aos pêssegos: "Do mesmo modo que me socorreram, irão
de socorrer todos os que moram na Planície dos Juncos”.Depois de pronunciar
essas palavras, deu ao fruto o título de "Venerável Fruto Divino".
Por fim, sua jovem irmã, A Venerável Izanami, lançou-se, pessoalmente, em sua
perseguição. Ao que ele ergueu uma rocha que mil homens não poderiam ter a
esperança de sequer arrastar, e bloqueou o declive entre o mundo dos vivos e
dos mortos, separando para sempre a vida da morte; e lá disseram adeus. Falou a
venerável A Venerável Izanami: "oh, meu amado e encantador irmão mais
velho, se ti comportas assim, estrangularei e trarei para este país, eu apenas
um dia, um milhar de homens de sua terra!" Ao que retrucou o venerável O
Venerável Izanagi: "oh, minha amada e encantadora irmã menor, se o fizer,
erguerei, num só dia, cinco mil casas de parto. Assim, num só dia, um milhar de
homens morrerá; mas mil e quinhentos irão nascer!”.
Por esse motivo, a venerável A Venerável Izanami é chamada de Grande Divindade
do País das Trevas, e como ela perseguiu e alcançou, é também chamada de grande
divindade que chega a rota. A rocha que bloqueou as duas terras é chamada de
Grande Divindade que bloqueia a porta do país das trevas; e o declive que
ligava os dois mundos é chamado de Declive de Ifuya, no país de Izumo.
O Venerável Izanagi e a última geração
Depois de escapar dos horrores da terra dos mortos, O Venerável Izanagi teve de
limpar-se da imundice e impurezas que o sujavam, e o faz com um banho. Chegou a
um riacho em Hyuga, a leste de Kyushu, chamado de Tachibana-no-Odo, e despe-se,
banhando-se nas águas. DAQUI A ORIGEM DO MISOGI descrito no Aikido e também nas
cerimônias xintoístas.De seu cajado, das diversas partes de seu traje, de seus
braceletes, nascem doze divindades; e outras mais nas diversas partes de seu
banho. Mas foi quando ele limpou seu rosto que as principais divindades do
Xintoísmo vieram a nascer: do olho esquerdo, a deusa suprema do xintoísmo,
Amaterasu-no-Mikoto, Venerável divindade do sol; do olho esquerdo,
Tsuki-Yomi-no-Mikoto, o Venerável deus da Lua; e de sue nariz,
Take-Haya-Susano-no-Mikoto, O Augusto, venerável e célere, irado e valente. A
essas três divindades - o último dos quais converteu-se em deus da tempestade -
foram investidos, por O Venerável Izanagi, como governantes do universo.
A investidura das três deiades
Nesse instante, o Venerável Izanagi se ergueu de forma altiva e disse: “Eu, dando
origem filho após filho só na última geração obtive resultados louváveis. Logo
depois, sacudindo a gargantilha de jóias que formava seu colar, cedeu-o a sua
filha, Amaterasu-no-mikoto, dizendo”:
"Que tu governe a planície dos altos céus". E este colar era chamado
de deus da tabela da grande câmara dos tesouros. A Tsuki-yomi-no-mikoto:
"Que sua venerável pessoa governe o reino da noite". E assim, a ele
foi outorgado esse cargo. Por sim, disse a Susano-No-mikoto: Que sua venerável
pessoa governe as planícies das águas.
Amaterasu e Tsuki-Yomi aceitaram suas tarefas de forma obediente, tomando posse
de seus respectivos domínios. Susano, no então, põe-se a chorar, e lamentar e
gritar. Seu pai, Izanagi, pergunta o que há de errado, e Susano responde que
não deseja governar as águas, mas sim a terra onde viveu sua mãe, a Venerável
Izanami. Irado, Izanagi desterra seu filho e se retira, tendo findado a sua
missão. Conta-se que viveu
No "palácio do sol mais jovem", ou que estaria enterrado em Taga.
Enquanto isso, Susano ergueu-se, após se despedir de sua irmã Amaterasu, aos
céus em grande fúria, espalhando confusão por toda a natureza.
O desafio das deiades irmãs
Então, Amaterasu, alarmada por esse alvoroço, disse: "A razão pela qual
ele ascendeu dessa forma não procede com um bom coração. Certamente quererá
arrebatar meu reino. Ao mesmo tempo, enrolou um cordão cheio de magatama, de
oito pés de altura, e com quinhentas jóias, nos esquerdo e direito, como também
em seu toucado e igualmente em seu braço esquerdo e direito. Em suas espáduas,
duas aljavas, uma com mil flechas, e outra com quinhentas. Brandiu sua espada e
susteve seu arco, cuja parte superior tremia. Depois, batendo com o pé,
ergue-se até o céu e postaram-se, pernas abertas como um homem, à frente. E
disse, com altivez:” porque subiu até aqui?”“.
O que
parece é que vai ocorrer uma grande batalha. Susano não olvida em garantir a
sua irmã que não tem intenções más, e por isso propõe-se a realizar um
juramento. O texto não é muito claro, mas parece indicar que susano propõe, em
seu juramento, um acordo: um concurso de reprodução, segundo o qual aquele que
engredar mais divindades masculinas, o bem o que engredasse mais divindades. Se
Susano vencesse sua irmã deveria admitir a pureza de suas intenções.
As divindades, separadas por Amanogawa, (o rio do céu) trocaram as palavras de
compromisso e iniciaram a competição. Para começar, Amaterasu pediu a seu irmão
a espada; quebrou-a em três fragmentos e deles criou três belas deusas. Por sua
vez, Susano pegou as grandes fileiras da Magatama de Amaterasu levava em volta
dos ombros, e da jóia criou cinco deuses, inclusive Oshi-Omini.
Amaterasu, logo, expressa sua vontade de estabelecer quais dos deuses, segundo
a sua origem, eram filhos de uns e outros. Susano se proclama vencedor, com
cinco. Mas Amaterasu indica que os varões de Susano deveriam ser considerados
como seus, pois foram criados com seus pertences!
Logo, era ela a vencedora. Susano, naturalmente, nega-se a aceitar essa
decisão, e, furioso, desencadeia mil catástrofes.
As devastações de Susano
Então Susano espalhou o caos sobre o mundo, e atacou as obras de sua irmã:
destruiu a divisão entre os arrozais divinos, obstruiu os canais, e, ademais,
verteu sobre o palácio de sua irmã nojentas secreções, bem na sala em que ela
degustava o Venerável Alimento. E apesar desse comportamento, Amaterasu apenas
disse: “isto, que parecem ser excrementos, deve ser algo que meu venerável
irmão maior vomitou em sua embriaguez. E Susano prosseguiu, violento ao
extremo”.
Quando estava Amaterasu sentada em sua sala, usando seu sacro tear, Susano
perfurou o teto, e por ele fez escorregar para a sala um corcel celestial.
Vendo o animal, as fiandeiras que a ajudavam ficaram chocadas, e enterraram
fundo em seus corpos as lançadeiras; Amaterasu ficou tão chocada que se
escondeu, cerrando a porta de Ama-no-iwato, a caverna das rocas celestiais, e
recusou-se a sair.
A crise divina
Imediatamente, Takamagahara estava desaparecida na mais completa obscuridade, e
o mesmo veio a ocorrer com o país central da planície dos juncos, e por causa
disso, reinou a noite eterna. Ali, no alto, com o ruído de dez mil deuses
inquietos, dez mil calamidades surgiram simultaneamente. Por isso, as
divindades se reuniram em uma assembléia divina, no leito seco de Amanogawa
para discutir uma forma de Amaterasu retirar-se da caverna.
O sábio deus Omoi-kane-no-kami, o que acumula pensamento, filho de uma das
divindades primordiais, Taka-mi-musushi, propôs uma solução: reuniram as aves
que cantavam ao fim da noite e as fizeram cantar. Como dali não sobreveio
solução, concebeu um complicado estratagema: tomaram duas rochas do rio Amagonawa,
e ferro das celestes montanhas de metal, e convocaram o ferreiro Ama-tsu-ma-ra;
encarregaram o venerável Ihi-kore-dome que fabricasse, desses materiais, um
espelho; encarregaram o venerável Tama-no-ya que fabricasse um colar de jóias
com quinhentas magatama a uma altura de oito pés; mandaram chamar o venerável
Ameno-koyane, e o venerável Futo-tama, e ordenaram-lhes arrancar as omoplatas
de um gamo do celeste monte Kagu, e extrair a cortiça das árvores do celeste
monte Kagu, para praticar um adivinharão; arrancaram a raiz da árvore sakaki do
mesmo monte, e colocaram nos ramos superiores os colares de quinhentas
magatama, sobre os ramos intermediários o espelho de oito pés, e sobre os
inferiores sedosas oferendas nas cores brancas e azuis.
O venerável Futo-Tama tomou e guardou tudo aquilo com grandes oferendas, e o
augusto Ame-no-koyame pronunciou com ardor algumas palavras rituais, enquanto o
deus Ama-no-tachikara-wo (Varão de fortes mãos) mantinha-se oculto próximo à
porta de Ama-no-Iwato; então, a deusa.
Ame-no-uzume (mulher terrível do céu) fez uma grinalda de flores para sua
cabeça, e de algumas folhas de bambus anões do monte Kagu fez um ramalhete para
suas mãos, subiu sobre um tambor, e desatou a pisar, até que ele retumbasse; e
como se possuída, deixou seus seios a mostra, logo depois deixando cordão de
sua faixa a deslizar pela cintura.
Então, todos os deuses riram ao mesmo tempo, e Takamagahara tremeu. Ao escutar,
surpresa, Amaterasu vai abrir a porta, e diz: "pensei que, devido ao meu
retiro, Takamagahara quedaria em escuridão, e o país da Planície dos juncos
estaria, também, obscurecido. Como é possível, então, que Uzume se regozije e
que, ademais, essa miríade de deuses riam?" Uzume retrucou, então:
"Estamos alegre e nos regozijamos porque a uma divindade mais brilhante do
que Sua Venerável Pessoa”.
Enquanto ela falava dessa maneira, Ame-no-koyane e Furo-tama dirigiram o
espelho para a porta que jazia entreaberta, e Amaterasu, surpresa com o que
ocorria, saiu um pouco, e enquanto mirava-se intensamente no espelho, quedou
deslumbrada, por um instante. Ama-no-tachikara-wo, que permanecia oculto
tomou-a pela mão e obrigou-a a sair; então, Futo-tama pegou uma corda de fibra
de arroz e colocou as costas de Amaterasu, dizendo "não retroceda desse ponto!"
E assim, quando Amaterasu saiu, Takamagahara e o Pais Central da Planície dos
Juncos voltaram a ser iluminados com seu brilho, e retornaram a normalidade;
Uma vez fora da cova, Amaterasu concedeu em voltar ao seu palácio, se Susano
fosse desterrado.
A expulsão de Susano
Ali no alto, os deuses, reunidos em conselho, impuseram a Susano um castigo que
consitia em entregar mil tabuas de oferendas, e depois disso, cortaram a barba,
arrancaram as unhas dos dedos das mãos e dos pés, e mediante um divino mandato
o expulsaram. Assim perseguido, Susano buscou ajuda com a deusa
Ogetsu-hime-no-kami, deusa dos alimentos, que saca da boca, do nariz, e do reto
todo o tipo de comidas estranhas para oferecer. Indignado pelo insulto, Susano
mata a deusa, mas a morte tem efeitos benéficos; do cadáver da vítima nascem os
"cinco cereais", isto é, os alimentos básicos que seguem dando
subsistência aos japoneses até hoje: de seus olhos, nasceram sementes de arroz,
de suas orelhas, milho, de seus genitais, trigo, de seu nariz feijões e de seu
reto, soja. O deus Kami-musubi mandou recolher e semear estas sementes, para o
bem dos mortais.