A
Revolução Industrial, iniciada no século XVIII, entra numa nova fase em meados
do século XIX ( a chamada Segunda Revolução Industrial), caracterizada pela
utilização do aço, do petróleo e da eletricidade; ao mesmo tempo, o avanço científico
leva a novas descobertas no campo da Física e da Química.
Esse
momento histórico contamina a leitura de mundo realizada pelos artistas e
resulta em novas linguagens, novas formas de expressão.
- O positivismo de Augusto Comte, preocupado com o real-sensível, com o fato, defendendo o cientificismo no pensamento filosófico e a conciliação entre "ordem e progresso"
- O socialismo científico de Karl Marx Friedrich Engels, a partir da publicação do Manifesto comunista em 1848, que define o materialismo histórico e a luta de classes.
- O evolucionismo de Charles Darwin, a partir da publicação, em 1859, de A origem das espécies, livro em que são expostos os estudos sobre a evolução pelo processo de seleção natural, negando, portanto, a origem divina defendida pelo Cristianismo.
A
obra
Ao
ser lançado, em 1890, "O Cortiço" teve boa recepção da crítica,
chegando a obscurecer escritores do nível de Machado de Assis. Isso se deve ao
fato de Aluísio de Azevedo estar mais em sintonia com a doutrina naturalista,
que gozava de grande prestígio na Europa. O livro é composto de 23 capítulos,
que relatam a vida em uma habitação coletiva de pessoas pobres (cortiço) na
cidade do Rio de Janeiro.
O romance tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil do século XIX. Evidentemente, como obra literária, ele não pode ser entendido como um documento histórico da época. Mas não há como ignorar que a ideologia e as relações sociais representadas de modo fictício em "O Cortiço" estavam muito presentes no país.
Essa obra de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o romance "L’Assommoir" do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. A intenção do método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças. Por isso, os romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance.
É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem. Em um trecho do romance o narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.
Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer que "O Cortiço" não é somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil.
O romance tornou-se peça-chave para o melhor entendimento do Brasil do século XIX. Evidentemente, como obra literária, ele não pode ser entendido como um documento histórico da época. Mas não há como ignorar que a ideologia e as relações sociais representadas de modo fictício em "O Cortiço" estavam muito presentes no país.
Essa obra de Aluísio de Azevedo tem como influência maior o romance "L’Assommoir" do escritor francês Émile Zola, que prescreve um rigor científico na representação da realidade. A intenção do método naturalista era fazer uma crítica contundente e coerente de uma realidade corrompida. Zola e, neste caso, Aluísio combatem, como princípio teórico, a degradação causada pela mistura de raças. Por isso, os romances naturalistas são constituídos de espaços nos quais convivem desvalidos de várias etnias. Esses espaços se tornam personagens do romance.
É o caso do cortiço, que se projeta na obra mais do que os próprios personagens que ali vivem. Em um trecho do romance o narrador compara o cortiço a uma estrutura biológica (floresta), um organismo vivo que cresce e se desenvolve, aumentando as forças daninhas e determinando o caráter moral de quem habita seu interior.
Mais do que empregar os preceitos do naturalismo, a obra mostra práticas recorrentes no Brasil do século XIX. Na situação de capitalismo incipiente, o explorador vivia muito próximo ao explorado, daí a estalagem de João Romão estar junto aos pobres moradores do cortiço. Ao lado, o burguês Miranda, de projeção social mais elevada que João Romão, vive em seu palacete com ares aristocráticos e teme o crescimento do cortiço. Por isso pode-se dizer que "O Cortiço" não é somente um romance naturalista, mas uma alegoria do Brasil.
Contexto
Em
“O Cortiço” temos uma gama de personagens trabalhadores, de diferentes
profissões – lavadora, ferreiro, operário – reflexo das transformações que o
País enfrentava: determinação do fim do tráfico negreiro (1850) e da
escravatura (1888), decadência da economia açucareira, industrialização e
crescimento das cidades. Azevedo tenta fotografar o real e traz todos esses
elementos e conflitos para o romance.
Cenário
A
história se dá em dois ambientes principais bem diferentes, o cortiço do João
Romão e o sobrado do Barão Miranda, figura que representa a elite brasileira. Temos
a presença de várias camadas socioeconômicas, desde a classe dos mais humildes,
passando pela pequena classe média, burguesia e elite. O autor faz uma síntese
da sociedade naquela época.
O
romance pretende denunciar a exploração do homem pelo próprio homem, expondo
situações e relações de poder dentro de uma habitação coletiva. A leitura
atenta leva a compreensão da proposta do Realismo-Naturalismo, que era pautado
pela razão e pretendia fazer uma investigação, quase científica, dos mecanismos
sociais.
Para saber mais:
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