13/11/2017

A história da Batata na América Latina - Vídeo



                                              A maravilhosa história da batata - parte 1




A maravilhosa história da batata - parte 2







28/06/2017

Egito Antigo: O pão e a fermentação



Há estudos que apontam que os pães começaram a ser produzidos há aproximadamente seis mil anos, na região da Mesopotâmia, onde hoje está situado o Iraque, e foram difundidos por várias civilizações da Antiguidade. Esse pão era resultado de uma mistura seca, dura e amarga feita à base de farinha de trigo. A origem do pão está intimamente ligada ao processo de sedentarização do homem, quando se iniciou o desenvolvimento da agricultura, sendo o trigo um dos cereais resultantes dessa atividade produtiva.




Antes de o homem aprender a produzir fermento, eles guardavam um pouco da massa crua de cada batelada para misturar com a seguinte. Entre as bateladas, a massa azedava, ou fermentava, por ação de leveduras do ar. Quando  misturadas com massa fresca, causava o crescimento de toda a massa. Massa fermentada ainda é utilizada hoje em dia para a produção do que é chamado pão de massa azeda.




 Atribui-se aos antigos egípcios o descobrimento do processo de fermentação; eles usavam este princípio por volta do ano 2600 AC. Os egípcios forma provavelmente os primeiros a considerar a panificação como uma forma de arte..  Alguns baixo-relevos encontrados em templos egípcios mostravam que eles já sabiam cultivar cereais desde 6000 AC. Os egípcios eram grande bebedores de cerveja e aplicaram seus conhecimentos sobre o processo de fermentação para a elaboração do pão. Os gregos chamavam os egípcios de "arthophagoi", ou "comedores de pão". O primeiro testemunho escrito vem de Heródoto que, em 450 AC, escreveu "todos estão temerosos de alimentos fermentados, mas os egípcios fazem uma massa de pão fermentada".A produção de pão teve o seu maior desenvolvimento no Antigo Egito, não só devido às grandes produções de trigo nas férteis margens do Nilo, como pelos enormes progressos na produção e peneiração da farinha, na preparação da massa que amassavam com os pés, e na fermentação das massas com o mosto da preparação do vinho e da cerveja, e na cozedura sobre pedra quente ou em vasos de cerâmica colocados no meio das brasas.



Pão Cónico
 Coleção do Museu de Agricultura do Cairo

   Encontramos já no Antigo Egito corporações de Padeiros, claramente identificadas. O padeiro real gozava de regalias especiais conferidas pelos Faraós, que, acreditando na vida eterna, se faziam acompanhar de pão nos seus sarcófagos. Mas, a sacralidade do pão não se resumia apenas a este fim. O pão era uma oferta privilegiada aos deuses. Sabe-se que Ramsés III ofereceu em vida mais de 200000 bolachas e mais de 6000 pães aos templos.


Pão Redondo
Coleção do Museu de Agricultura do Cairo



Os egípcios consumiam cerca de 30 variedades de pão no formato redondo, oval, triangular, cônico, sendo que este era dedicado aos deuses e, provavelmente, recebia sementes de cominhos. Havia também um pão de forma a servir de prato circundado de pãezinhos de diferentes tipos com que acompanhavam a refeição quando se comia deitado e com que limpavam os dedos na refeição tomada à mão. Havia, igualmente, um pão preparado com a farinha de lótus, misturando-se água e leite. Essa massa poderia ser enriquecida com ovos, mel, frutas como o figo e uma pasta de tâmaras e mel.





Além de criar variações alterando ingredientes, os egípcios também foram os primeiros a construir fornos especiais para cozer o pão. Eram estruturas de barro em forma de colmeia ou de barril, com dois compartimentos, um em cima e outro em baixo. No compartimento inferior ficava o fogo, cujo calor, contido e absorvido pelas paredes do forno, subia gradualmente, garantindo uma temperatura elevada e estável. Os pães eram colocados no compartimento superior, que permanecia fechado durante o cozimento. O calor intenso irradiado pelas espessas paredes de argila fazia a massa «subir» quase instantaneamente, estimulando a fermentação e transformando em vapor a umidade da massa. Ao umedecer a atmosfera, o vapor retardava a formação da crosta, permitindo que o pão dilatasse ao máximo. Por fim, à medida que o pão cozia e o ar dentro do forno ia perdendo a umidade, formava-se uma crosta dourada e crocante, ao mesmo tempo que se completava o cozimento interno.



O processo de fermentação foi uma técnica desenvolvida pelos egípcios por volta de 4000 a.C., dando ao pão o aspecto pelo qual o conhecemos hoje em dia. Antes de o homem aprender a produzir fermento, eles guardavam um pouco da massa crua de cada batelada para misturar com a seguinte. Entre as bateladas, a massa azedava, ou fermentava, por ação de leveduras do ar. Quando  misturadas com massa fresca, causava o crescimento de toda a massa. Massa fermentada ainda é utilizada hoje em dia para a produção do que é chamado pão de massa azeda.  Por ser um produto extremamente necessário à alimentação, ele foi usado durante muitos séculos também como moeda. Há indícios de que os faraós o utilizavam como meio de pagamento para serviços realizados.



Padarias






Os gregos, que atribuíam a origem do pão aos deuses deram a ele um caráter sagrado. Nós devemos aos gregos a instituição das padarias como estabelecimentos comerciais públicos, e eles ensinaram isto aos romanos. A grande expansão do pão em Roma causou o nascimento da primeira associação oficial de panificadores. Seus membros gozavam de um status muito privilegiado. Eles eram livres de alguns deveres sociais e isentos de muitos impostos. A panificação tornou-se tão prestigiosa durante o Império Romano, que era considerada no mesmo nível que outras artes, como escultura, arquitetura ou literatura. Até politicamente, as classes dominantes usavam pão para satisfazer o povo e fazê-los esquecer os problemas econômicos oriundos da expansão do Império.
As legiões romanas levaram o pão para a Península Ibérica, apesar de várias referências afirmarem que o processo de panificação já era conhecido por lá, especialmente sobre fermentação pois eles usavam a espuma da cerveja como fermento, o que produzia um pão mais leve e esponjoso do que o dos romanos, que ainda usavam o resto de massa velhas para a fermentação. Os romanos melhoraram o processo de moagem, e como resultado disto foram os primeiros a produzir pão branco. Antes disto, somente fazia-se pães escuros, de grãos integrais. Por volta de 100 a.C., Roma possuía mais de 200 padarias comerciais. Uma escola para padeiros foi criada pelos romanos no século I.
A medida que o pão foi crescendo de importância na vida das pessoas ele começou a fazer parte de suas tradições religiosas. Por exemplo, a Bíblia relata que os antigos hebreus faziam matzota antes da fuga do Egito. Os judeus comem este tipo de pão durante o festival de Passover. A Igreja Católica prega que, durante a  celebração da Missa, o padre transforma o pão no corpo de Jesus Cristo.
Durante a Idade Média, o pão era feito artesanalmente no ambiente doméstico pelos camponeses. A limitação agrícola e técnica que tinha essa classe social não possibilitava a produção de pães fermentados, o que resultava em um produto de menor qualidade. Situação diferente era a vivenciada pelos senhores feudais, que consumiam pães de maior qualidade produzidos nas padarias dos castelos.
Com a Revolução Industrial, a produção do pão ganhou um forte impulso, seja no aumento de terras destinadas ao plantio do trigo, seja no desenvolvimento de técnicas de moagem do cereal nos moinhos, passando dos moinhos de tração animal ou humana aos moinhos a vapor, que começaram a surgir em 1784. A grande produção que se verificou se destinava a alimentar principalmente a classe operária que crescia nas cidades industriais, criando condições para uma produção em larga escala.
O pão chegou a ser inclusive um dos motivos de eclosão da Revolução Francesa. Sendo base da alimentação da população francesa há séculos, a severa queda na produção do cereal tornou o alimento caro e escasso. Este foi um dos motivos que levaram à revolta da população francesa e à queda do rei Luís XVI.



Ao longo dos séculos, com o aumento das viagens e trocas entre os países, aumentou proporcionalmente as variedades de pães. Mais e mais pessoas em todo lugar aprenderam sobre os diferentes tipos de pão que são feitas nas áreas mais afastadas do mundo. Apesar desse desenvolvimento, uma boa parcela da população mundial ainda não tem acesso a esse alimento cotidianamente.


                                       Jean Hélion - Les Pains, 1951






Atividade de Férias - 6º. Ano
"Fermento Biológico"


Este fermento natural também é conhecido na Itália como pasta madre, na França como levain, aqui no Brasil ele recebe outros nomes além desses,como “pão de Cristo”, chef, mãe, sourdogh starter,sendo levain, o mais popular em São Paulo. O Levain é um fermento natural e consiste basicamente de uma massa obtida pela mistura de farinha e água. Ao ser exposta, é contaminada por micro-organismos dispersos no ambiente que devem encontrar nessa massa um ótimo meio de crescimento. Isso ocasiona uma série de fermentações não controláveis, diferentes de quando utilizamos o fermento biológico industrializado.
Essas fermentações produzem gás carbônico e alguns ácidos, sendo os mais comuns o acético e o lático. Depois do período de “incubação” essa massa tem condições de servir como fermento, ou seja, como agente de crescimento para outras massas. A utilização do fermento natural embora se dê em casos específicos (visto que agrega um sabor ácido) pode ser feita em qualquer tipo de pão.



O Sourdough de San Francisco tem sabor especial devido à bactéria local chamada de Lactobacillus Sanfrancisco.
Um pão feito com levain é nutricionalmente mais interessante que um pão feito com fermento biológico comum.
Vantagens:
  • Melhor digestão;
  • Melhor absorção de ingredientes;
  • A validade após assado é maior;
  • Ajuda a equilibrar flora intestinal;
  • Auxilia as pessoas que sofrem de intolerância a lactose
O gosto do pão feito com levain costuma ser bastante peculiar, mais ácido e muito mais aromático.

Regras gerais
1.    Sempre use um recipiente de vidro ou esmalte.
2.    Sempre deixe descansar em um lugar que não fique vibrando.
3.    Não coloque no sol.
4.    Não use água da torneira, ela tem cloro e pode acabar matando os microorganismos. Use água mineral.


     Ingredientes:

     Água mineral
     Farinha de trigo integral ou orgânica




1 -Fermento caseiro - passo a passo



2 - Pão com fermento biológico caseiro



3 - Pizza com fermento biológico caseiro





4 - Pão caseiro recheado





Como alimento o fermento ?
Ingredientes
3 partes de farinha de trigo integral orgânica
3 partes de água

Para alimentar o fermento é bem fácil, basta colocar os ingredientes dentro do recipiente que ele está e mexer. Se você achar que tem pouco fermento aumente a quantidade de ingredientes. Depois é só esperar crescer e voltar a guardar na geladeira.

Canal no Youtube com mais receitas e os videos originais: 



19/05/2017

Escrita Cuneiforme







Chamamos de escrita cuneiforme, – do latim cuneus, que significa cunha – um sistema de escrita que foi criado na Babilônia em torno do 4° milênio a.C. e que consistia na gravação de caracteres com a utilização de uma haste de ponta quadrada em tabletes de argila úmida. Estas, posteriormente, eram cozidas ao forno e resultavam em incisões em forma de cunha, motivo pelo qual a escrita recebeu esse nome. Caso a informação não fosse tão importante, a argila não era cozida e então poderia ser reutilizada.



Com o passar do tempo, deixou de ser escrita em colunas e começou a ser escrita em linhas (escrita horizontal) e da esquerda para a direita. Essa forma de escrita esteve vigente até o começo da era atual.
Mas foi somente no século XX que documentos que esclareciam em partes a complexidade de entendimento da escrita foram encontrados. A tradução foi bastante complicada: os estudiosos tinham que dominar outras línguas como o hebreu e o árabe para que, dentro do vocabulário dessas dois idiomas, encontrassem alguma semelhança que permitisse a tradução.
Estudar essa escrita sem conhecer a cultura e a história das civilizações que a utilizavam era praticamente impossível, e quanto mais mistérios eram desvendados quanto à forma de escrita, mais se conhecia sobre a história desses povos.
Os primeiros objetivos dessa escrita eram os propósitos administrativos e contabilísticos, facilitando o registro de bens, marcas de propriedade, cálculos e transações comerciais, mas aos poucos, passaram a abranger também a expressão dos pensamentos do homem ao se tornarem mais populares.
A escrita era bastante complicada e composta por dois mil sinais cuneiformes originais, mas somente um valor em torno de 200 ou 300 eram usados constantemente. A forma de escrita era usada para exprimir as duas principais línguas da região: a suméria do sul e a acádica do norte.










16/05/2017

A primeira escritora da história




Sabia que o primeiro escritor da história foi, na verdade, uma escritora?
A primeira pessoa a assinar a autoria de seus escritos foi a princesa Enheduanna, filha do rei Sargão I e da rainha Tashlultum, de Acad. Nascida por volta de 2300 a.C, ela era a mais alta sacerdotisa do Templo da Suméria. Escreveu em tabuletas uma longa série de canções e poemas em louvor à deusa do amor, da fertilidade e da guerra, Inanna, e também sobre o templo no qual era sacerdotisa,  assinando devidamente suas obras.
A força, paixão, erudição e técnica de seus escritos determinaram que eles atravessassem fronteiras e influenciassem a composição de orações e salmos da Bíblia hebraica e os hinos homéricos da Grécia. Para o historiador Paul Kriwaczek, a influência que a obra de Enheduanna exerceu em sua época é tão impressionante quanto o legado de Beckett à literatura do século XX.
Nas imagens, tabuletas de Enheduanna e a representação da deusa Inanna, atualmente no Museu Britânico.

19/04/2017

Iluminuras e arte românica



Na Idade Média, todo conhecimento e cultura da Europa cristã estavam guardados nos mosteiros. Em uma sala especial chamada scriptorium (do latim, scribere, “escrever”), monges e monjas copiavam os evangelhos e os textos de autores gregos e romanos. Os copistas escreviam sobre pergaminho, material feito da pele delicada de cabra, carneiro ou ovelha. Com caneta, usavam a ponta de uma pena que mergulhavam na tinta.



     Os trabalhos eram ilustrados com iluminuras, pinturas que recebiam folhas de ouro que “iluminavam” a imagem. As cores eram obtidas de plantas, minerais, sangue e insetos. O pigmento era misturado com clara,gema de ovo e cera de abelha para deixá-lo mais consistente e permanente. A tinta preta vinha do carvão; o branco, da cal ou das cinzas de ossos de pássaros; a cor azul, muito apreciada pelos monges, era extraída das sementes de uma planta ou da azurita e lápis-lazuli moídos;  o verde se obtinha da malaquita;  o amarelo do açafrão. A tinta vermelha, obtida da argila misturada com púrpura, só era empregada nos títulos, nas iniciais maiúsculas e nomes importantes o que deu origem ao termo rubrica (derivado do latim ruber, vermelho). Hoje rubrica se refere a uma assinatura abreviada, a uma observação ou indicação. 



     A letra inicial do parágrafo ou do capítulo tinha tamanho maior do que o restante do texto e era decorada com arabescos, ramagens, flores ou mesmo ilustrações de cenas em miniaturas. Era chamadas de letra capitular ou letra capital – termo ainda hoje empregado na impressão de livros. 

Na idade Média, todo trabalho manual era considerado inferior. Os monges executavam esta tarefa de transcrever os textos como forma de expiar os pecados. E era realmente doloroso! Escreviam tudo a pena e devagar (podendo-se levar anos para terminar uma sequencia curta de páginas), e o faziam em uma posição inclinada, dedicando várias horas do dia à tarefa, em ambientes nem sempre iluminados, o que levaria a um cansaço da visão até uma eventual cegueira. Muitos monges copistas, desenvolviam problemas nas articulações resultado de horas de trabalho com a mesma repetição de movimentos.





     O livro nessa época era considerado uma raridade e assim somente a nobreza tinha acesso a isto. Quanto mais colorido e ornado, mais caro o livro. As iluminuras guardavam sempre o mesmo sentido do texto, por exemplo, se era um texto sobre guerra, as figuras retratavam isto. Isso se deve ao fato de que mesmo com status de nobreza, nem todos os nobres e reis da época sabiam ler.



(exemplos de iluminuras)





O pergaminho

(Apocalipse de Lorvão)

     O suporte para a ilustração, iluminura, bem como para a escrita era o pergaminho. Este oferecia uma superfície lisa, homogénea, quase impermeável, que permitia que a escrita e a cor aderissem ao suporte sem “esborratar”. Para um livro como o Apocalipse do Lorvão terão sido necessárias cerca de 112 ovelhas. As operações que transfor­mam uma pele coberta de pelos e gorduras numa folha branca de textura aveludada estão descritas no Caderno Pergaminho. Resumi­damente, as peles eram, antes de mais, mergulhadas numa mistura muito corrosiva de água e cal, onde ficariam a macerar durante vá­rios dias. Cada pele tem dois lados, o verso, ou costas, onde estavam os pelos, e o reverso, ou flor. Quando a pele era retirada do banho seria depilada e raspada. Depois de bem limpa seria muito bem es­ticada e tornada tão fina quanto possível. Nesta última fase, podia-se também esfregar o reverso com giz, tornando-a branca e opaca. De seguida, seria cortada com as dimensões necessárias ao códice a copiar ou criar.


As cores





Os monges também pre­paravam as suas tintas para escrever e os pigmentos para pintar. Os pigmentos são as cores que utilizamos para fa­zer uma tinta para pintar. Existem 3 cores principais no Apocalipse do Lorvão: o vermelho, o laranja e o amarelo. Estas eram considera­das as cores da luz. O Livro das Aves tem uma paleta muito mais va­riada: azul, laranja, carmim, vermelho, amarelo, verde, preto e branco. Os pigmentos utilizados para colorir os desenhos foram obtidos a partir de diferentes minerais. A única cor que não tem uma origem inorgânica é o carmim, obtido a partir da matéria corante existente numa resina, a goma laca, excretada por um insecto parasita. Alguns dos minerais não existiam em Portugal e podiam vir de muito longe, de países tão distantes como o Afeganistão ou o Irão. É o caso da cor azul, do lápis-lazúli, que era mais valioso que o ouro. Outros, como o laranja ou o vermelhão, já podiam ser obtidos por síntese, sendo muito mais económicos. Mas, era preciso ter as receitas de como os preparar, segredos que os monges possuíam. As tintas para escrita eram feitas a partir de bugalhos: esmagavam-se, ferviam-se em água, e ao suco assim obtido, era adicionado um sal de ferro, o vitriol. Obtinha-se uma tinta de cor preta e densa, muito escura, a que se chama ferrogálica. As letras escritas com esta tinta, com o tempo, passam de uma cor preta para o castanho que estamos habituados a ver nos códices muito antigos. As canetas para escrever eram feitas a partir de penas de aves de grande porte, como o ganso ou o perú, e de caniços. Estes, depois de cortados com a dimensão desejada e de preparado o aparo com um canivete, denominavam-se cálamos. Ambas as tintas, para escrever e para pintar, eram completadas por adição de uma cola, o ligante, que permitia que a cor aderisse ao pergaminho. Este ligante podia ser uma cola animal, como a obtida cozendo restos de pergaminho, ou uma resina vegetal, solúvel em água, como a goma arábica, a resina de pessegueiro ou de cerejeira.
             No Apocalipse do Lorvão as iluminuras foram pintadas com tintas obtidas misturando uma cola de pergaminho com os minerais ou­ro pigmento (amarelo), vermelho de chumbo (laranja) e vermelhão (vermelho). Os contornos foram feitos a tinta de escrever. Para pre­parar a tinta, o pigmento é previamente moído e de seguida muito bem misturado com a cola de pergaminho. Esta é depois aplicada a pincel. No Livro das Aves usou-se também uma cola animal, verme­lho de chumbo e vermelhão, para além de lápis-lázuli, verdete, ocre castanho, branco de chumbo, negro de carvão e o corante goma laca. 
         Primeiro esboçava-se o desenho. Os monges tinham alguns truques que podiam ajudar: usavam modelos cujos contornos picotavam; para passar o desenho do modelo podiam picotá-lo diretamente para o pergaminho ou fazer cair pó de carvão sobre o picotado do modelo para obter um contorno. Este desenho era normalmente passado a tinta de escrever. Só depois se coloria. Aqui também havia truques que ajudavam a saber qual a sequência de uso das cores por forma a obter o máximo efeito. Os truques podiam ser simples, como no Apocalipse, ou mais complexos. A maioria dos efeitos era obtido sem mistura de cores. Os pigmentos eram utilizados puros e podiam ser deixados mais claros (por adição de branco).




scriptorium



À frente do scriptorium ficava um responsável que selecionava os livros a transcrever, adquiria os materiais, treinava os seus au­xiliares, e coordenava as diversas atividades do escriba: copista, iluminador, rubricador, dourador, etc. Este responsável pode ser o próprio Abade. Para a escrita e ilustração são exigidas di­ferentes habilidades que raramente se encontram numa só pes­soa, e assim cada um se especializa numa atividade. Depois de escolher cuidadosamente os materiais (pergaminho, tintas, instrumentos de escrita) é necessário também selecionar os mais competentes, os peritos no desenho, nas letras, no douramento e na caligrafia.



               Os livros podem ser emprestados para serem copiados, ou ser trazidos por um monge copista, como foi Mágio, que no séc. X, levando os seus serviços de Mosteiro em Mosteiro, se deslocava com um Apocalipse debaixo do braço e realizava em diversos locais uma cópia.






(fases de execução de uma iluminura)


               Exemplo de Iluminura 

 O Apocalipse do Lorvão



O Apocalipse do Lorvão é um manuscrito iluminado datado de 1189, no início do reinado de D. Sancho I, segundo rei de Portugal. Possivelmente uma obra do scriptorium do Mosteiro do Lorvão, próximo de Coimbra, mosteiro a que o manuscrito pertenceu durante a Idade Média, é uma das raras obras do gênero sobreviventes da Idade Média portuguesa. É considerado um dos primeiros e mais sumptuosos manuscritos iluminados do jovem reino de Portugal.
O Apocalipse do Lorvão, faz parte de um vasto grupo de manuscritos denominados Beatos, nome derivado de Beato de Liébana, monge que viveu na transição do sé­culo VIII para o século IX, em Liébana (Mosteiro de Santo Toribio, então dedicado a São Martinho) e que redigiu um comentário ao Apocalipse de São João, num ambiente de crença de Fim do Mundo, acentuado pelo aproximar do fim do milênio. Deste comentário foram realizadas numerosas cópias que conjugavam o texto bíblico, o comentário e as respectivas imagens.


No século XII, razões de ordem histórica ligadas ao avanço Almóada na Península Ibérica para o renascer do espírito apocalíptico, dão origem a um novo surto de comentários historiados ao Apo­calipse, no qual o nosso manuscrito se insere, sendo a única cópia desta época que se encontra datada. Está escrito em latim, em letra gótica-primitiva.

        Um outro fator curioso é a utilização de uma sequencia de cores extre­mamente reduzida na medida em que se restringe a apenas três co­res dominantes, amarelo, laranja e vermelho e ao preto, cor aplicada em circunstâncias específicas, acentuando a carga simbólica de uma determinada. É destacado nas iluminuras, a primazia dada pelo ilu­minador do manuscrito, ao desenho, característica específica da arte românica, visível nos vestígios chegados até nós, escul­pidos nos pórticos e nos capitéis das igrejas. A forma exímia como ele desenha as asas dos anjos acentuando o movimento da figura, a multiplicidade dos ros­tos representados, individualizados através do traço, bem como os numerosos elementos representativos da vida quotidiana, é um dos exemplos mais marcantes da. O amarelo, o cor-de-laranja e o vermelho serão utilizados para delimitar cenas, para individualizar acontecimentos numa mesma cena, funcionando mesmo como elemento de interligação entre registros diferentes.


Você pode ver o arquivo original da iluminura, no link abaixo, disponibilizado para consulta pelos portugueses. Acesse:





A arte românica






Arte Românica corresponde à arte produzida sobre as ruínas das cidades romanas que, após o declínio e divisão do Império Romano, agora faziam parte do Império Romano do Ocidente, com sede em Roma (daí o nome Românico). Hoje em dia abrange também países como  Itália, França, Alemanha, Inglaterra, Portugal e Espanha.
Essa arte predominou entre os séculos XI e XII com algumas particularidades em cada região mas, no geral, com características comuns que possibilitaram classificar todas elas como românica!

Características da Arte Românica

           É uma  arte rural e essencialmente arquitetônica. Também  trata-se de uma arte didática que tem por objetivo a educação religiosa das pessoas por meio das imagens e da arquitetura.
Como a maioria da população era analfabeta, prevalecem na arte o uso de símbolos ao invés da escrita.

Arquitetura Românica

                 A arquitetura medieval como um todo, não apenas a Românica, é uma prova de que durante a Idade Média houve muito progresso tecnológico.

       Castelos






        O castelo era o cerne da vida econômica, social e política. As batalhas e conflitos durante o período medieval eram frequentes, em razão das possíveis vinganças entre os senhores feudais e por ataques de outras civilizações. Portanto, a principal função destinada aos castelos era a segurança da família do senhor feudal, da nobreza e dos camponeses. Construídos com imensas muralhas, torres, fossos, calabouços e pontes levadiças. Geralmente eram construídos em terrenos elevados, o que facilitava a defesa contra ataques externos.


Mosteiros





Os mosteiros eram os mais importantes núcleos culturais e artísticos deste período. Eram construções rodeadas de altos muros, com um vasto pátio interno. Eram lugares apropriados à meditação e também serviam de abrigo aos viajantes, pobres e peregrinos (“aqueles que atravessam os campos”).

Igrejas

Em vista da religiosidade do momento histórico e do papel da Igreja como protagonista em todos os âmbitos da sociedade e da cultura, destacam-se os templos.
Foram construídos para atender a necessidade de acolher peregrinos que viajavam para visitar as santas relíquias.

Características principais:

1. Abóbadas (o teto formado por arcos) em substituição ao telhado das basílicas.
2. Pilares (colunas) maciços e paredes espessas sustentadas por contrafortes (colunas externas).
3. Aberturas raras e estreitas usadas como janelas.
4. Torres, que aparecem no cruzamento das naves (espaço de circulação) ou na fachada.

Esculturas e Pintura

Embora a pintura e a escultura tenham tido amplo desenvolvimento, ficaram subordinadas à arquitetura.
Na pintura prevalecia a representação do Cristo Pantocrator, o Cristo Pastor.

Iluminuras

A produção de iluminuras estendeu-se por vários séculos. Eram livros copiados e pintados a mão que narravam histórias por meio de ilustrações. Como a maioria da população era analfabeta, as Iluminuras foram um meio muito importante de difusão do cristianismo porque também apresentavam ilustrações da Bíblia, missas, salmos e etc.


ATIVIDADE - ILUMINURAS 





(esboço e pintura de uma iluminura)

Após todo este nosso estudo, é hora de colocar em prática o nosso conhecimento. Iremos produzir para exposição, uma série de 4 iluminuras temáticas conforme será orientado em sala, mas antes conheça um pouco da base para seu trabalho. Estude nossos textos e siga a orientação seguinte:


Passo 1: as iluminuras medievais, textos ilustrados, geralmente traziam temas religiosos como cenas de passagens bíblicas. Você não precisa escolher esse tema, escolha uma frase, um texto ou mesmo uma palavra que seja importante pra você.



Passo 2: Esboço- em folha branca faça um desenho prévio da sua iluminura. As letras góticas podem deixar o seu desenho mais com cara de Idade Média.


Passo 3: Acrescente elementos - folhas, flores, arabescos ou algumas formas geométricas enfeitando as margens ou a letra capitular.


Passo 4: contorne com uma canetinha de ponta bem fina e depois apague as marcas de lápis.


Passo 5: Hora de colorir. Nas imagens foi usado lápis de cor aquarelável. Use o que achar melhor.


Dica: com lápis de cor aquarelável você deve colorir sempre de fora para dentro, ou seja, da margem para o centro.

Também fica interessante usar várias tonalidades da mesma cor, da mais clara até a mais escura.


Na última tonalidade basta colorir a borda, sem força, bem de leve para não machucar o papel.


E assim seu trabalho estará pronto.


Passo 6: Se trabalhar com lápis de cor aquarelável, depois de tudo pintado, você pode passar levemente o pincel com água sobre algumas partes do desenho (não precisa passar em tudo!).


Passo 7: Para dar o efeito dourado, muito usado nas iluminuras, use cola colorida com gliter ou em relevo.














Observe nossa data combinada para entrega do material e mãos à obra.

Dica de trabalho originalmente postada em: 

 http://arteeducacaodf.blogspot.com.br/2014/08/como-fazer-uma-iluminura-romanica.html



DICA!

Com duvidas de como montar sua iluminura para nosso trabalho? Você pode seguir um truque dos monges. Eles utilizavam em alguns casos para acelerar o trabalho, recortes que eram sobrepostos sobre o trabalho e coloridos. Você pode fazer o mesmo, faço a sugestão dos moldes seguintes, assim como também pode deixar livre a sua imaginação, usando o padrão de caligrafia presentes nos desenhos aqui dispostos. Faça o seu melhor trabalho e apresente para nossa escola.


Exemplos:



















































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