A
Shindo Renmei, ou "Liga do Caminho dos Súditos", nasceu em São Paulo
após o fim da Segunda Guerra, em 1945. Para seus seguidores, a notícia da
rendição japonesa não passava de uma fraude aliada. Como aceitar a derrota, se
em 2600 anos o invencível Japão jamais perdera uma guerra? Em poucos meses a
colônia nipônica, composta de mais de 200 mil imigrantes, estava
irremediavelmente dividida: de um lado ficavam os kachigumi, os
"vitoristas" da Shindo Renmei, apoiados por 80% da comunidade
japonesa no Brasil. Do outro, os makegumi, ou "derrotistas",
apelidados de "corações sujos" pelos militantes da seita.
Militarista e seguidora cega das tradições de seu país, a Shindo Renmei declara guerra aos "corações sujos", acusados de traição à pátria pelo crime de acreditar na verdade. De janeiro de 1946 a fevereiro de 1947, os matadores da Shindo Renmei percorrem o Estado de São Paulo realizando atentados que levam à morte 23 imigrantes e deixam cerca de 150 feridos. Em um ano, mais de 30 mil suspeitos dos crimes são presos pelo DOPS, 381 são condenados e 80 são deportados para o Japão.
Militarista e seguidora cega das tradições de seu país, a Shindo Renmei declara guerra aos "corações sujos", acusados de traição à pátria pelo crime de acreditar na verdade. De janeiro de 1946 a fevereiro de 1947, os matadores da Shindo Renmei percorrem o Estado de São Paulo realizando atentados que levam à morte 23 imigrantes e deixam cerca de 150 feridos. Em um ano, mais de 30 mil suspeitos dos crimes são presos pelo DOPS, 381 são condenados e 80 são deportados para o Japão.
2 - A imigração Japonesa em Osasco.
1921 - Em julho chega o primeiro imigrante japonês em Osasco, na época um bairro afastado da cidade de São Paulo. Era Ishizo Shinpo, que veio acompanhado de sua família, composta de sete membros, originária da província de Niigata.
Ele se instalou em uma região localizada quatro quilômetros ao norte de onde hoje está a estação de trem de Osasco. A área, com um alqueire e meio, conhecida como sitio Castanhal, ficava entre os atuais bairros do jardim Helena Maria e Piratininga. Arrendada de um fazendeiro inglês, foi nela que a família iniciou uma plantação de verduras.
1951 - Em 6 de janeiro, foi fundada a Associação Amigos de Osasco, formada por 27 famílias e que teve como presidente Kozaburo Sato. Essa entidade deu origem à atual Associação Cultural e Esportiva Nipo-Brasileira de Osasco, e nessa mesma época, Osasco, que ainda era um bairro da cidade de São Paulo, passou a receber um grande número de imigrantes japoneses, tanto em sua área central como nas regiões mais periféricas, chegando a cerca de 40 famílias.
Foi então que eclodiu a Segunda Guerra Mundial e as famílias passaram a enfrentar momentos difíceis. O governo brasileiro proibiu, por dez anos, qualquer reunião entre japoneses, medida que só foi abolida seis anos após o fim do conflito.
3. A imigração
A
vinda de imigrantes japoneses para o Brasil foi motivada por interesses dos
dois países: o Brasil necessitava de mão-de-obra para trabalhar nas fazendas de
café, principalmente em São Paulo e no norte do Paraná, e o Japão precisava
aliviar a tensão social no país, causada por seu alto índice demográfico. Para
conseguir isso, o governo japonês adotou uma política de emigração desde o
princípio de sua modernização, iniciada na era Meiji (1868).
Apesar
de não serem favoráveis à imigração, em 1906, os governos do Japão e do Estado
de São Paulo levaram adiante esse processo.
Os
imigrantes deixaram o porto de Kobe em 28 de abril de 1908. Eles vieram a bordo
do navio Kasato-Maru — cujo capitão era o inglês A. G. Stevens. O navio atracou
no porto de Santos no dia 18 de junho de 1908. Dessa data até 1921, o estado de
São Paulo e os fazendeiros de café subsidiaram as passagens dos imigrantes, que
deveriam cumprir um contrato de dois a três anos trabalhando nas lavouras de
café.
A bordo do
Kasato-Maru estava um povo que trazia, além da bagagem, uma cultura milenar.
Baseadas nos relatos de japoneses que haviam sido enviados ao Brasil antes do
início da imigração, essas pessoas esperavam enriquecer em pouco tempo e voltar
para sua pátria, já que as oportunidades oferecidas nas lavouras de café
pareciam promissoras. Mas os imigrantes que desembarcaram no Porto de Santos
naquela manhã de 1908 descobriram outra realidade; eles foram enviados para
trabalhar nos cafezais paulistas, muitas vezes sem condições adequadas de higiene.
Aos poucos, essas pessoas perceberam que somente com união conseguiriam
conquistar sua independência.
Os japoneses então começaram a criar parcerias e cooperativas, a fim de defender seus interesses. Além disso, adquiriram pequenas terras, em que desenvolveram técnicas de produção agrícola.
Os japoneses então começaram a criar parcerias e cooperativas, a fim de defender seus interesses. Além disso, adquiriram pequenas terras, em que desenvolveram técnicas de produção agrícola.
A situação
econômica do Japão piorou muito após o fim da Primeira Guerra Mundial,
principalmente nas áreas rurais. Nos EUA, principal país procurado pelos
imigrantes japoneses, o movimento contra a entrada dos orientais se
intensificou e, em 1924, foi promulgada uma lei de imigração que proibia a
entrada dos japoneses no país.
A partir
de 1917, o governo japonês coordenou a fusão de diversas empresas particulares
de emigração e fundou a estatal Kaigai Kôgyô Kabushiki Kaisha, que passou a
subsidiar as passagens dos imigrantes. Por causa da impossibilidade de acesso
dessas pessoas aos EUA, esses recursos passaram a ser destinados às viagens
para o Brasil. Entre 1928 e 1935, ingressaram no país 108.258 japoneses, ou
seja, 57% dos 190.000 que imigraram no período anterior à Segunda Guerra
Mundial.
Mas também
no Brasil começaram a surgir movimentos contrários à entrada de japoneses. Em
1922, foi criado um projeto de lei que proibia a entrada de negros no país e
restringia a de orientais, mas essa lei não entrou em vigor. No entanto, em
1934, foi aprovada uma emenda constitucional que limitava a entrada de
imigrantes estrangeiros para 2% do total de pessoas que ingressaram no país nos
últimos 50 anos. Essa emenda foi incorporada à Constituição de 1934,
ocasionando queda nos índices de imigração a partir de 1935.
Depois da
Segunda Guerra Mundial, a imigração japonesa no Brasil esteve praticamente
paralisada, atrapalhando a já difícil integração entre brasileiros e nipônicos.
Vários decretos foram instituídos, proibindo o ensino da língua japonesa no
país, e descendentes de japoneses foram obrigados a portar salvo-conduto para
que pudessem transitar pelo país. Entre 1940 e 1950, apenas 1,5 mil japoneses
imigraram para o território brasileiro.
Na época,
os mais radicais diziam que a imigração japonesa integrava um plano do governo
do Japão de “subjugar o mundo” por meio de agentes infiltrados em diversos
países. E alguns jornais lamentavam a “invasão amarela” e os “males
irreparáveis causados pela imigração japonesa”.
O fim da
Segunda Guerra marcou o início da reconciliação entre brasileiros e japoneses,
e o perfil do imigrante japonês se modificou. Os nikkeis, como são
chamados os primeiros imigrantes que vieram ao Brasil, deixaram de ser
mão-de-obra barata e, por exigência de acordos bilaterais, passaram a ter
acesso às escolas.
A partir
da década de 60, famílias japonesas começaram a administrar seus próprios
negócios. Os homens trabalhavam como feirantes, quitandeiros e tintureiros, e
as mulheres, como costureiras e em salões-de-beleza.
Na década
de 70, já não era tão estranha a convivência entre as culturas japonesa e
brasileira, e o número de casamentos entre etnias diferentes aumentou no país.
Nessa época, o Japão se recuperou da crise econômica e passou ocupar um papel
de destaque no cenário mundial. Hoje, o Brasil abriga a maior população
japonesa fora do Japão.
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Atividade
1 - Como os japoneses mantiveram a "ligação" com sua própria História/Cultura ?
2 - No filme/livro, existe o retrato de uma comunidade japonesa e a prática do "Yamatodamashii — a doutrina do “espírito nipônico” e do “modo de vida japonês”" com o ensino da língua e costumes. E na cidade de Osasco? Onde você percebe a influência da cultura japonesa?
3 - Discuta a seguinte ideia: "o japonês esta integrado na sociedade brasileira".
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Para saber mais, acesse o link. Caso goste, procure adquirir o material original em alguma livraria e incentivar a produção literária.
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