02/09/2014

Oliver Cromwell - Revolução Puritana


 Oliver Cromwell foi o nome mais destacado da Revolução Puritana inglesa, também conhecida como a Guerra Civil inglesa. Membro de uma família de pequenos proprietários rurais puritanos, Cromwell nasceu em 25 de abril de 1499, tendo morrido em 03 de setembro de 1658.
Sua família havia recebido terras que foram confiscadas da Igreja Católica pelo Estado durante a Reforma Protestante na Inglaterra. Com uma formação religiosa puritana (nome dado aos calvinistas na Inglaterra) e anticatólica, Oliver Cromwell foi eleito para a Câmara dos Comuns em 1628. Porém, no ano seguinte, o rei Carlos I (1600-1649) dissolveu o Parlamento e governou autocraticamente até o ano de 1640.
A ação do rei levou Cromwell a nutrir uma profunda aversão a seu governo. Com a reinstauração do Parlamento em 1640, Cromwell voltou a compô-lo, defendendo o puritanismo e atacando as ações arbitrárias do rei. Com a eclosão da Guerra Civil, em 1642, ele passou a compor as forças bélicas de defesa do Parlamento. Como um dos homens à frente do chamado Exército de Novo Tipo (New Model Army), Cromwell começou a ganhar destaque no cenário político inglês. Ele ainda formou uma seção de cavalaria denominada de Ironsides, marcada pelo fanatismo religioso e pela combatividade. Suas tropas conseguiram derrotar as forças realistas em diversas batalhas, resultando na vitória na Guerra Civil. Cromwell participou da captura do rei Carlos I e da instauração de seu julgamento. Com a condenação do rei à morte, em 1649, e sua posterior decapitação, o Parlamento inglês passou a controlar o poder na Inglaterra, abolindo a monarquia e instaurando a República, ou Commomwealth. O poder executivo seria exercido por um Conselho de Estado formado por alguns parlamentares, dentre eles Oliver Cromwell como presidente. Nessa função, Cromwell conseguiu debelar os últimos focos de resistência realista na Irlanda e na Escócia. No aspecto político-administrativo, ele aboliu uma série de taxações consideradas abusivas, além de expedir os Atos de Navegação, a partir de 1650. Com essa medida, criava-se a exclusividade do comércio marítimo nos portos da Inglaterra aos navios de bandeira inglesa, atacando, dessa forma, o monopólio que detinham os comerciantes holandeses. Cromwell criava assim as bases para o desenvolvimento do imperialismo marítimo inglês.
Em 1653, após o aparecimento de oposições a seu governo tanto entre os conservadores quanto entre os setores mais populares, Oliver Cromwell dissolveu o Parlamento, intitulando-se Lorde Protetor dos ingleses. Nessa função, derrotou as Províncias Unidas, em 1654, e conquistou o território da Jamaica dos espanhóis, em 1655, transformando-o no principal espaço colonial inglês no Caribe. Mas a vida de Cromwell não duraria muito. Em 1658, Cromwell faleceu, não se sabe se envenenado ou de febre. Seu corpo foi enterrado na capela de Westminster. Ricardo, seu filho, foi seu sucessor, mas não tinha o mesmo carisma do pai. Em 1660, houve a restauração da monarquia. O novo rei, Carlos II, resolveu exumar o corpo de Cromwell e decapitá-lo, expondo a cabeça na Torre de Londres. Apesar dessa tentativa de condenação póstuma de Cromwell, o nome do líder da República inglesa ficaria gravado na história.

NEW MODEL ARMY


Oliver Cromwell era um defensor da liberdade religiosa em um momento em que isso se tornava revolucionário em um reino inglês marcado pela transformação social decorrente da dissolução das instituições feudais. Lutava também pela promoção pelo mérito, e não por nascimento, sendo que esta última beneficiava apenas a nobreza.
Seguindo essa premissa, Cromwell auxiliou na formação de um exército como defesa do Parlamento, no contexto da Guerra Civil Inglesa, também conhecida como Revolução Puritana. O chamado Exército de Novo Tipo (New Model Army) era uma inovação na organização das tropas em relação aos exércitos feudais.  Os membros do Exército de Novo Tipo também eram conhecidos como os Cabeças Redondas (round-heads) em decorrência do elmo (capacete) de metal, em formato arredondado, que os soldados utilizavam. 
Baseando a escolha de oficiais e cavaleiros no mérito, e não nos títulos de nobreza, essa forma de organização proporcionava uma maior participação popular. Havia uma abertura aos soldados nos comitês que tomavam as decisões. Tal tipo de estrutura militar permitiu um contato maior dos soldados com as questões políticas, contribuindo para a formação de uma consciência mais profunda sobre os motivos da luta.
As lutas pelo território inglês representaram uma possibilidade de mobilização desses estratos sociais, colocando distintas populações em contato, situação que não era percebida anteriormente. 
O caráter religioso da guerra e também a adesão de grande parte dos soldados ao puritanismo (nome dado ao calvinismo na Inglaterra) levou também, com o passar do tempo, à realização de pregações religiosas, tirando dos pastores a exclusividade na função. O Exército de Novo Tipo seria utilizado no período para ensinar aos camponeses a entenderem a liberdade.
Porém, o Exército de Novo Tipo não era um corpo militar homogêneo. A maior participação dos estratos mais baixos do exército garantia um posicionamento e uma iniciativa dos soldados diferentes do que era característico dos oficiais. Os soldados rasos chegaram a escolher agitadores entre suas fileiras, além de financiarem por si próprios algumas reuniões.
A ação mais ousada realizada pelos soldados do Exército de Novo Tipo foi certamente o sequestro do rei Carlos I (1600-1649), em 1647, sem que houvesse uma ordem dos oficiais superiores para que a ação fosse realizada. Esse fato demonstra um caráter democrático no exército, no sentido de que as ordens durante certo momento acabavam sendo direcionadas de baixo para cima.     
 
 Analisando a imagem: "Oliver Cromwell Lorde Protetor dos Britânicos"



1.       A espada empunhada por Cromwell que está ligada a uma mensagem em grego (“crer em um só Deus”) vinda dos céus, e que parece emanar de uma igreja (acima da coluna da direita) nos apontam para a mentalidade de que o que líder do principal exército parlamentar fazia, era em nome de Deus. Esta ideia se reforça com a presença da pomba, logo acima da sua cabeça, sinalizando que o mesmo fora guiado e/ou conduzido pelo Espírito Santo.

2.       Só nestes 2 elementos inicialmente destacados, percebermos a forte presença do pensamento religioso. A presença de uma bíblia na mão esquerda de Cromwell concretiza bem esta linha de pensamento, pois a mesma representa o puritanismo, religião na qual norteou ideologicamente, o exército comandado por este puritano.

3.       A Armadura, se associada ao teor religioso aqui já mencionado, transmite a intenção  de apresentá-lo como “Soldado de Deus”. Ao fundo, podemos perceber o exército liderado por Oliver Cromwell. É interessante reforçar que a ideologia puritana conduziu o seu exército a vitória, já que os seus soldados acreditavam que Cromwell era sim, um escolhido de Deus, e que consequentemente todos eles lutavam por uma causa divina.

4.       Percebe-se também, uma pessoa e uma serpente sendo pisada (esmagada e/ou destruída). Neste aspecto, residentem dois símbolos importantes: o primeiro, o sistema monárquico absolutista simbolizado na figura de uma pessoa, já a serpente, refere-se ao mal que este sistema político causava ao povo. Também associaria a serpente ao Anglicanismo, que era a religião oficial da Inglaterra antes do processo revolucionário. A doutrina anglicana era fortemente combatida pelos puritanos.

5.       As bandeiras da Inglaterra, da Escócia e da Irlanda presentes na coluna direita, aludem à criação de um parlamento único para os três países sob a tutela republicana de Oliver Cromwell considerado o protetor destes.

6.       O tamanho desproporcional atribuído a Cromwell na paisagem. A intenção ai é transmitir a importância atribuída a ele, conhecido como “Lorde Protetor dos Britânicos”, aquele que está acima de todos e muito poderoso, ou seja, segundo a mentalidade de grande parte dos revolucionários e da população, não havia ninguém mais importante que ele na Grã-Bretanha.

7.       Por fim, damos destaque às diversas atividades trabalhistas como a agricultura, a mineração, a pecuária, nesta última, por exemplo, predominava a criação de ovelhas já que a extração de lã para a produção de fios usados na fabricação de tecidos era uma das principais atividades econômicas da Inglaterra. É válido ressaltar ai, que a doutrina puritana exalta o fator trabalho como algo virtuoso e sagrado.

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