27/11/2013
22/11/2013
Vocacional, uma aventura humana.
O cineasta Toni Venturi revisita uma
página emocionante e pouco conhecida da história da educação pública no
Brasil: os colégios Vocacionais, do estado de São Paulo, que na década
de 60 foram reprimidos pela ditadura militar.
Concebidos por Maria Nilde Mascellani, uma das mais importantes
pedagogas contemporâneas, tinham uma proposta à frente de seu tempo:
fazer o aluno pensar, trabalhar em grupo e desenvolver a a sensibilidade
artística e habilidades técnicas.
Partindo do olhar pessoal do diretor, que participou desta experiência
escolar, através do depoimento de vários ex-alunos e professores, o
longa permite uma reflexão sobre os descaminhos a que o regime
autoritário conduziu a educação no país. Ao olhar criticamente para o
passado, o filme contribui para a compreensão da precariedade do ensino
público atual e seus desafios para o futuro.
Os Vocacionais propunham uma proposta pedagógica mais humanizada de
integração curricular visando trazer pensamento crítico e realidade
social, política e cultural mundial para dentro da sala de aula. A
experiência ocorreu em São Paulo, Americana e Batatais. Foram uma ousada proposta que introduziu novas práticas de ensino e
formação, que até hoje são extremamente avançadas. Alguns aspectos dessa
proposta foram parcialmente incorporados em escolas particulares de
classe média, mas na rede pública de educação, crescentemente sucateada,
nunca mais se deu continuidade a essa visão interrompida pelo
autoritarismo.
Uma escola para todos
A seleção dos alunos levava em conta a composição da população da cidade em sua proporcionalidade de classes sociais para que a escola refletisse a maneira como a sociedade local se estruturava. Dessa maneira, a escola tinha a mesma composição social da sociedade rioclarense. Como as classes mais baixas representavam a maioria da população da cidade, esse segmento social tinha maior peso no momento da seleção. Isso provocou muitos protestos de parte das famílias da elite local que viam muitos dos seus filhos impedidos de estudar numa escola de ensino de alto nível. O depoimento da mãe de uma ex-aluna ilustra muito bem esse aspecto:
“Minha filha mais velha entrou na primeira turma, cuja origem social era de classe inferior. Os pobres eram maioria. O sistema era compreensivo e se preocupava em elevar os pobres. Estes não aceitavam nada que não fosse deliberado por eles. Foram ensinados a se organizarem e a defenderem seus interesses. Minha filha era ótima, mas não era aceita por ser filha de professora. Os pobres eram muito revoltados e minha filha sofreu. O Vocacional foi bom para ela no sentido intelectual, graças a ele, ela desenvolveu a capacidade de estudo e, de síntese, o que a levou a destacar-se no colegial do Batista Leme. No Vocacional ela não era ninguém, enquanto os pobres eram gente.”
As instalações
As instalações, concebidas pelo arquiteto Pedro Torrano, pai de ex-aluno, formam o maior conjunto arquitetônico jamais construído no Brasil para abrigar uma escola de Ensino Fundamental I. A escola se espalhava por 10 blocos harmoniosamente distribuídos numa área de 3 quadras. Os prédios expressavam a proposta pedagógica da escola em que todas as disciplinas, atividades e projetos eram interligados. Além disso, a concepção daquele espaço escolar foi concebido de forma a colocar as atividades mais “barulhentas” (educação física e artes industriais) longe daquelas que exigiam maior concentração (português matemática, estudos sociais). Todos os blocos eram interligados por amplas passarelas cobertas e toda a área externa era ocupada por jardins construídos e mantidos pelos próprios alunos, os quais também cultivavam uma horta na disciplina de Práticas Agrícolas.
O espaço da escola era muito grande e não existia um pátio central, típico das escolas tradicionais, que permite que os alunos sejam permanentemente vigiados. Outro aspecto importante é que todas as portas permaneciam destrancadas durante as aulas e todos os alunos tinham acesso livre a todos os espaços.
Trabalho em equipe
Tudo no Vocacional era feito em equipe: desde o primeiro dia de aula quando um grupo de alunos mais velhos conduzia um grupo de recém chegados pelas dependências da escola até o recebimento do diploma na cerimônia de formatura.
Cada equipe, formada a partir da aplicação de um sociograma (técnica de formação de grupos a partir de escolhas feitas pelos próprios alunos), contava com um líder e um redator que mantinham seus cargos por um período determinado. Dessa forma, crianças provenientes das várias camadas sociais conviviam no dia a dia da escola e se ajudavam mutuamente. Era dentro das equipes que se realizava a construção do conhecimento, num processo muitas vezes conflituoso e que levava a um profundo aprendizado de convivência social.
O currículo
No Vocacional, o currículo contemplava não apenas objetivos de conhecimento, mas também objetivos comportamentais voltados para a formação de atitudes e da consciência crítica, o aprendizado da ética e a construção da cidadania no sentido mais amplo do termo. Enfim, a grande meta era o desenvolvimento integral do aluno. Para isso, além das disciplinas tradicionais como português, matemática, educação física e ciências, outras disciplinas, novas para todos nós, compunham o currículo: Estudos Sociais, Educação Musical, Artes Plásticas, Artes Industriais, Práticas Comerciais, e Práticas Agrícolas. Todas as áreas disciplinas trabalhavam de forma integrada em torno de Unidades Pedagógicas. Cada unidade começava com uma assembléia de todos os alunos de uma mesma série, a “aula plataforma”. Coordenados por Estudos-Sociais, as discussões realizadas na aula plataforma culminavam com a definição de um tema gerador a partir do qual todas as disciplinas trabalhavam ao longo de um bimestre. Ao final desse período, realizava-se uma nova assembléia (aula-síntese) em que as equipes compartilhavam tudo o que haviam pesquisado, estudado e aprendido. O conhecimento, portanto, era compartilhado com outros colegas e não apresentado ao professor numa prova escrita.
Um aspecto bastante renovador do currículo do Vocacional é que seu desenvolvimento se dava a partir da comunidade. É por isso que na 5ª série, o enfoque era a cidade (Rio Claro), na 6ª série trabalhavam-se temas relacionados ao estado de São Paulo, na sétima os temas falavam do Brasil e, finalmente, na 8ª série abordavam-se questões mundiais sem, contudo perder de vista seus impactos na comunidade.
Estudo do meio
Outro pilar do Ensino Vocacional, o estudo do meio fazia parte do cotidiano da escola. Sempre tinha alguma classe saindo para algum lugar, para estudar alguma coisa fora da escola.
Em 1965, por exemplo, quando, na 6ª série, estudávamos o ciclo do café no estado de São Paulo, realizamos dois estudos do meio. Um para conhecer o Museu do Café em Ribeirão Preto e a casa de Portinari em Brodósqui. O outro teve a duração de sete dias e nos levou a São Paulo e Santos. Na capital visitamos várias indústrias, uma agência de publicidade, a Estação da Luz e alguns museus. Em Santos conhecemos o porto por onde escoava toda a produção de café do Brasil e a Bolsa do Café. Mas o melhor de tudo é que para muitos de nós, foi a primeira vez que vimos o mar.
Já na 8ª série, ao abordarmos a questão da unidade nacional brasileira, realizamos um estudo do meio ao Rio de Janeiro de 5 a 13 de novembro de 1967. Nessa viagem conhecemos o Forte Copacabana, Maracanã, Escola de Samba Vila Isabel, Favela da Catacumba, Vila Kennedy (primeiro conjunto habitacional brasileiro), o reator atômico da UERJ, aeroporto do Galeão, Museu de Arte Moderna, Monumento aos Pracinhas (obra de Niemeyer), o Itamarati, a Academia Brasileira de Letras, Jardim Botânico, Corcovado, Pão de Açucar, Ilha de Paquetá e Museu Imperial em Petrópolis. Numa tarde, uma das equipes foi recebida pelo escritor Ruben Braga em sua própria casa. Fazíamos nossas refeições no restaurante universitário chamado Calabouço, na Cinelândia. No ano seguinte, esse local seria palco do assassinato de um estudante que motivou a famosa Passeata dos 100 Mil. Na viagem de ida, dormimos uma noite no Parque Nacional de Itatiaia e na volta, visitamos a Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda e a Academia Militar de Agulhas Negras em Resende.
Atividades como essa em que 50 alunos do Ensino Fundamental I de uma escola pública saem de sua cidade e passam uma semana ou 10 dias estudando e conhecendo o mundo são simplesmente inimagináveis nos dias de hoje. A bem da verdade, nem mesmo as melhores escolas particulares oferecem aos seus alunos experiências desse tipo hoje em dia. Contudo, incomensuráveis são os impactos na formação de uma criança de 13-14 anos ao vivenciar tudo o que viagens desse tipo podem oferecer.
Instituições didático-pedagógicas
Paralelo à estrutura curricular, mas perfeitamente integradas à comunidade escolar e ao projeto pedagógico, existiam as instituições didático-pedagógicas que visavam preparar para a vida do trabalho e propiciar a participação do aluno no ambiente da escola a partir de uma perspectiva diversa. As instituições didático-pedagógicas eram vinculadas à área de Práticas Comerciais e incluíam: a cantina escolar, a cooperativa escolar, o banco escolar e o escritório contábil.
Uma história de lutas
A história dos Ginásios Vocacionais, desde o seu início, foi profundamente marcada por embates políticos tanto interna quanto externamente. O golpe militar de 64 que instaurou o mais longo período de ditadura no Brasil serviu como apoio para toda sorte de investidas contra o Ensino Vocacional, cuja implantação só foi possível graças à luta empreendida por professores, diretores, planejadores, pais, alunos e simpatizantes. A manutenção desse ensino tão revolucionário, por sua vez, não foi menos penosa já que, além de sofrer pressões vindas de instâncias superiores como a Secretaria de Educação, a escola ainda tinha que lidar com o jogo do poder local que, na maioria das vezes, não era favorável àquele projeto educacional.
O processo de desfiguração do projeto do Vocacional culminou com a invasão policial-militar ocorrida em todas as escolas da rede no dia 12 de dezembro de 1969. As escolas e a sede do Serviço de Ensino Vocacional foram invadidas por agentes da Policial Federal e por militares de Campinas. Em todas as unidades foram detidos professores, funcionários, alunos e qualquer pessoa que se encontrasse no recinto por até oito horas. Todos os setores foram vasculhados e os agentes policiais retiraram livros das bibliotecas, textos de estudo, relatórios e grande quantidade de material didático.
Finalmente, em 5 de junho de 1970 o Decreto no 52.460 oficializou a extinção de todos os Ginásios Vocacionais bem como de toda a estrutura do Serviço de Ensino Vocacional. As escolas do sistema Vocacional passaram a integrar a rede comum de ensino. Os alunos já matriculados passariam a cursar as escolas comuns em regime didático especial até a conclusão do curso e os alunos que ingressassem a partir de 1971 passariam a ter o currículo comum a todas as escolas. O Vocacional já era coisa do passado.
A seleção dos alunos levava em conta a composição da população da cidade em sua proporcionalidade de classes sociais para que a escola refletisse a maneira como a sociedade local se estruturava. Dessa maneira, a escola tinha a mesma composição social da sociedade rioclarense. Como as classes mais baixas representavam a maioria da população da cidade, esse segmento social tinha maior peso no momento da seleção. Isso provocou muitos protestos de parte das famílias da elite local que viam muitos dos seus filhos impedidos de estudar numa escola de ensino de alto nível. O depoimento da mãe de uma ex-aluna ilustra muito bem esse aspecto:
“Minha filha mais velha entrou na primeira turma, cuja origem social era de classe inferior. Os pobres eram maioria. O sistema era compreensivo e se preocupava em elevar os pobres. Estes não aceitavam nada que não fosse deliberado por eles. Foram ensinados a se organizarem e a defenderem seus interesses. Minha filha era ótima, mas não era aceita por ser filha de professora. Os pobres eram muito revoltados e minha filha sofreu. O Vocacional foi bom para ela no sentido intelectual, graças a ele, ela desenvolveu a capacidade de estudo e, de síntese, o que a levou a destacar-se no colegial do Batista Leme. No Vocacional ela não era ninguém, enquanto os pobres eram gente.”
As instalações
As instalações, concebidas pelo arquiteto Pedro Torrano, pai de ex-aluno, formam o maior conjunto arquitetônico jamais construído no Brasil para abrigar uma escola de Ensino Fundamental I. A escola se espalhava por 10 blocos harmoniosamente distribuídos numa área de 3 quadras. Os prédios expressavam a proposta pedagógica da escola em que todas as disciplinas, atividades e projetos eram interligados. Além disso, a concepção daquele espaço escolar foi concebido de forma a colocar as atividades mais “barulhentas” (educação física e artes industriais) longe daquelas que exigiam maior concentração (português matemática, estudos sociais). Todos os blocos eram interligados por amplas passarelas cobertas e toda a área externa era ocupada por jardins construídos e mantidos pelos próprios alunos, os quais também cultivavam uma horta na disciplina de Práticas Agrícolas.
O espaço da escola era muito grande e não existia um pátio central, típico das escolas tradicionais, que permite que os alunos sejam permanentemente vigiados. Outro aspecto importante é que todas as portas permaneciam destrancadas durante as aulas e todos os alunos tinham acesso livre a todos os espaços.
Trabalho em equipe
Tudo no Vocacional era feito em equipe: desde o primeiro dia de aula quando um grupo de alunos mais velhos conduzia um grupo de recém chegados pelas dependências da escola até o recebimento do diploma na cerimônia de formatura.
Cada equipe, formada a partir da aplicação de um sociograma (técnica de formação de grupos a partir de escolhas feitas pelos próprios alunos), contava com um líder e um redator que mantinham seus cargos por um período determinado. Dessa forma, crianças provenientes das várias camadas sociais conviviam no dia a dia da escola e se ajudavam mutuamente. Era dentro das equipes que se realizava a construção do conhecimento, num processo muitas vezes conflituoso e que levava a um profundo aprendizado de convivência social.
O currículo
No Vocacional, o currículo contemplava não apenas objetivos de conhecimento, mas também objetivos comportamentais voltados para a formação de atitudes e da consciência crítica, o aprendizado da ética e a construção da cidadania no sentido mais amplo do termo. Enfim, a grande meta era o desenvolvimento integral do aluno. Para isso, além das disciplinas tradicionais como português, matemática, educação física e ciências, outras disciplinas, novas para todos nós, compunham o currículo: Estudos Sociais, Educação Musical, Artes Plásticas, Artes Industriais, Práticas Comerciais, e Práticas Agrícolas. Todas as áreas disciplinas trabalhavam de forma integrada em torno de Unidades Pedagógicas. Cada unidade começava com uma assembléia de todos os alunos de uma mesma série, a “aula plataforma”. Coordenados por Estudos-Sociais, as discussões realizadas na aula plataforma culminavam com a definição de um tema gerador a partir do qual todas as disciplinas trabalhavam ao longo de um bimestre. Ao final desse período, realizava-se uma nova assembléia (aula-síntese) em que as equipes compartilhavam tudo o que haviam pesquisado, estudado e aprendido. O conhecimento, portanto, era compartilhado com outros colegas e não apresentado ao professor numa prova escrita.
Um aspecto bastante renovador do currículo do Vocacional é que seu desenvolvimento se dava a partir da comunidade. É por isso que na 5ª série, o enfoque era a cidade (Rio Claro), na 6ª série trabalhavam-se temas relacionados ao estado de São Paulo, na sétima os temas falavam do Brasil e, finalmente, na 8ª série abordavam-se questões mundiais sem, contudo perder de vista seus impactos na comunidade.
Estudo do meio
Outro pilar do Ensino Vocacional, o estudo do meio fazia parte do cotidiano da escola. Sempre tinha alguma classe saindo para algum lugar, para estudar alguma coisa fora da escola.
Em 1965, por exemplo, quando, na 6ª série, estudávamos o ciclo do café no estado de São Paulo, realizamos dois estudos do meio. Um para conhecer o Museu do Café em Ribeirão Preto e a casa de Portinari em Brodósqui. O outro teve a duração de sete dias e nos levou a São Paulo e Santos. Na capital visitamos várias indústrias, uma agência de publicidade, a Estação da Luz e alguns museus. Em Santos conhecemos o porto por onde escoava toda a produção de café do Brasil e a Bolsa do Café. Mas o melhor de tudo é que para muitos de nós, foi a primeira vez que vimos o mar.
Já na 8ª série, ao abordarmos a questão da unidade nacional brasileira, realizamos um estudo do meio ao Rio de Janeiro de 5 a 13 de novembro de 1967. Nessa viagem conhecemos o Forte Copacabana, Maracanã, Escola de Samba Vila Isabel, Favela da Catacumba, Vila Kennedy (primeiro conjunto habitacional brasileiro), o reator atômico da UERJ, aeroporto do Galeão, Museu de Arte Moderna, Monumento aos Pracinhas (obra de Niemeyer), o Itamarati, a Academia Brasileira de Letras, Jardim Botânico, Corcovado, Pão de Açucar, Ilha de Paquetá e Museu Imperial em Petrópolis. Numa tarde, uma das equipes foi recebida pelo escritor Ruben Braga em sua própria casa. Fazíamos nossas refeições no restaurante universitário chamado Calabouço, na Cinelândia. No ano seguinte, esse local seria palco do assassinato de um estudante que motivou a famosa Passeata dos 100 Mil. Na viagem de ida, dormimos uma noite no Parque Nacional de Itatiaia e na volta, visitamos a Companhia Siderúrgica Nacional em Volta Redonda e a Academia Militar de Agulhas Negras em Resende.
Atividades como essa em que 50 alunos do Ensino Fundamental I de uma escola pública saem de sua cidade e passam uma semana ou 10 dias estudando e conhecendo o mundo são simplesmente inimagináveis nos dias de hoje. A bem da verdade, nem mesmo as melhores escolas particulares oferecem aos seus alunos experiências desse tipo hoje em dia. Contudo, incomensuráveis são os impactos na formação de uma criança de 13-14 anos ao vivenciar tudo o que viagens desse tipo podem oferecer.
Instituições didático-pedagógicas
Paralelo à estrutura curricular, mas perfeitamente integradas à comunidade escolar e ao projeto pedagógico, existiam as instituições didático-pedagógicas que visavam preparar para a vida do trabalho e propiciar a participação do aluno no ambiente da escola a partir de uma perspectiva diversa. As instituições didático-pedagógicas eram vinculadas à área de Práticas Comerciais e incluíam: a cantina escolar, a cooperativa escolar, o banco escolar e o escritório contábil.
Uma história de lutas
A história dos Ginásios Vocacionais, desde o seu início, foi profundamente marcada por embates políticos tanto interna quanto externamente. O golpe militar de 64 que instaurou o mais longo período de ditadura no Brasil serviu como apoio para toda sorte de investidas contra o Ensino Vocacional, cuja implantação só foi possível graças à luta empreendida por professores, diretores, planejadores, pais, alunos e simpatizantes. A manutenção desse ensino tão revolucionário, por sua vez, não foi menos penosa já que, além de sofrer pressões vindas de instâncias superiores como a Secretaria de Educação, a escola ainda tinha que lidar com o jogo do poder local que, na maioria das vezes, não era favorável àquele projeto educacional.
O processo de desfiguração do projeto do Vocacional culminou com a invasão policial-militar ocorrida em todas as escolas da rede no dia 12 de dezembro de 1969. As escolas e a sede do Serviço de Ensino Vocacional foram invadidas por agentes da Policial Federal e por militares de Campinas. Em todas as unidades foram detidos professores, funcionários, alunos e qualquer pessoa que se encontrasse no recinto por até oito horas. Todos os setores foram vasculhados e os agentes policiais retiraram livros das bibliotecas, textos de estudo, relatórios e grande quantidade de material didático.
Finalmente, em 5 de junho de 1970 o Decreto no 52.460 oficializou a extinção de todos os Ginásios Vocacionais bem como de toda a estrutura do Serviço de Ensino Vocacional. As escolas do sistema Vocacional passaram a integrar a rede comum de ensino. Os alunos já matriculados passariam a cursar as escolas comuns em regime didático especial até a conclusão do curso e os alunos que ingressassem a partir de 1971 passariam a ter o currículo comum a todas as escolas. O Vocacional já era coisa do passado.
Parte 1
Parte 2 (final)
14/11/2013
Divindades Africanas
"O catolicismo tem sido historicamente a religião majoritária
do Brasil, cabendo a outras fés o lugar de religiões
minoritárias, mas nem por isso sem importância no quadro das religiões e da
cultura, sobretudo no século atual. Neste segundo grupo estão as chamadas
religiões afro-brasileiras, as quais até os anos 1930 poderiam ser incluídas na categoria das religiões
étnicas, religiões de preservação de patrimônios culturais dos antigos escravos
africanos e seus descendentes. Estas
religiões formaram-se em diferentes áreas do Brasil com diferentes ritos e
nomes locais derivados de tradições africanas diversas: candomblé na Bahia,
xangô em Pernambuco e Alagoas,
tambor de mina no Maranhão e Pará,
batuque no Rio Grande do Sul
e macumba no Rio de Janeiro.
O quadro religioso no Brasil de hoje caracteriza-se por
processo de conversão complexo e dinâmico, com a incorporação e mesmo criação
de algumas novas religiões, às vezes com a passagem do converso por várias
possibilidades de adesão. Os grupos de
religiões mais importantes em termos de números de seguidores hoje são: o
catolicismo, em suas ambas versões de religião tradicional e renovada; os
evangélicos, que apresentam múltiplas facetas entre históricos e pentecostais,
agora também se oferecendo numa nova e inusitada versão, o neopentecostalismo
(Rolim, 1985; Mariano, 1995); os espíritas kardecistas, e um diverso conjunto de religiões
afro-brasileiras. Entre os católicos
renovados sobressaem-se as Comunidades Eclesiais de Base (Pierucci, 1983) e o
novo Movimento de Renovação Carismática (Prandi, 1991b),
movimentos que se opõem doutrinariamente: as CEBs
mais preocupadas com questões de justiça social e mais envolvidas na política,
os carismáticos mais interessados no indivíduo e conservadoramente avessos a
temas de consciência social. Estimativas recentes indicam a presença de 75% de
católicos (os carismáticos são 4% e os das CEBs, 2%
da população), 13% de evangélicos (3% históricos e 10% pentecostais), 4% de kardecistas e 1,5% de afro-brasileiros (Pierucci &
Prandi, 1995).
Dessas religiões, a umbanda tem sido reiteradamente
identificada como sendo a religião brasileira por excelência, pois, nascida no
Brasil, ela resulta do encontro de tradições africanas, espíritas e católicas
(Camargo, 1961; Concone, 1987; Ortiz, 1978). Como
religião universal, isto é, dirigida a todos, a umbanda sempre procurou
legitimar-se pelo apagamento de feições herdadas do candomblé, sua matriz
negra, especialmente os traços referidos a modelos de comportamento e
mentalidade que denotam a origem tribal e depois escrava, mantendo contudo
estas marcas na constituição do panteão. Comparado ao do candomblé, seu
processo de iniciação é muito mais simples e menos oneroso e seus rituais
evitam e dispensam sacrifício de sangue.
Os espíritos de caboclos e pretos-velhos manifestam-se nos corpos dos
iniciados durante as cerimônias de transe para dançar e sobretudo orientar e
curar aqueles que procuram por ajuda religiosa para a solução de seus males. A
umbanda absorveu do kardecismo algo de seu apego às virtudes da caridade e do
altruísmo, assim fazendo-se mais ocidental que as demais religiões do espectro
afro-brasileiro, mas nunca completou este processo de ocidentalização, ficando
a meio caminho entre ser religião ética, preocupada com a orientação moral da
conduta, e religião mágica, voltada para a estrita manipulação do mundo.
Desde o início as religiões afro-brasileiras se formaram em
sincretismo com o catolicismo, e em grau menor com religiões indígenas. O culto
católico aos santos, numa dimensão popular politeísta, ajustou-se como uma luva
ao culto dos panteões africanos (Valente, 1977; S. Ferretti, 1995). Com a
umbanda, acrescentaram-se à vertente africana as contribuições do kardecismo
francês, especialmente a idéia de comunicação com os espíritos dos mortos
através do transe, com a finalidade de se praticar a caridade entre os dois
mundos, pois os mortos devem ajudar os vivos sofredores, assim como os vivos
devem ajudar os mortos a encontrar, sempre pela prática da caridade, o caminho
da paz eterna, segundo a doutrina de Kardec. A umbanda perdeu parte de suas
raízes africanas, mas se espraiou por todas a regiões do País, sem limites de
classe, raça, cor (ver Capítulo II). Mas não interferiu na identidade do
candomblé, do qual se descolou, conquistando sua autonomia. Mas o candomblé também mudou. Até 20 ou 30 anos atrás, o candomblé era
religião de negros e mulatos, confinado sobretudo na Bahia e Pernambuco, e de
reduzidos grupos de descendentes de escravos cristalizados aqui e ali em
distintas regiões do País. No rastro da umbanda, a partir dos anos 1960, o
candomblé passou a se oferecer como religião também para segmentos da população
de origem não-africana."
O QUE SÃO ORIXÁS ? : São as divindades do panteão
Yorubá do Candomblé (um dos grupos étnicos africanos trazidos para o
Brasil com o trafico negreiro, também conhecidos como NAGÔS ou povo
KETO ou KETU), no Brasil são mais conhecidos e popularizados que as
divindades das nações BANTU (Angola) ou MINA e JEJE (costa da Mina ,
Benin e região), são eles : Nanã, Omolú, Oxumarê, Oxalá, Exú, Ogun, Oxóssi, Yemanjá, Iansã, Oxum, Obá ,Ewá, Xangô, Logun Edé, Ossain, Ibeji, Irôko;
na África eram cultuados maios de 200 orixás, no Brasil esse número
reduziu-se a 16, cada Orixá está ligado a uma força da natureza / vida e
a sua energia é chamada de AXÉ .
POR QUE MUITA GENTE CHAMA INDISTINTAMENTE ISSO TUDO DE MACUMBA ?
: Na realidade MACUMBA era o nome de uma flauta rústica utilizada em
festas familiares junto com outros instrumentos como atabaques e
tambores, pela população mais pobre (majoritariamente ex-escravos ou
descedente de escravos ) na época da passagem do Brasil Império para
República ; por tal MACUMBA ou MACUMBINHA era também um sinônimo de
“festa em casa”, porém como havia repressão e muito preconceito contra
as reuniões afroreligiosas (na época feitas nos terreiros das casas ),
ao convidar alguém para uma festa/reunião afroreligiosa as pessoas não
citavam isso em público, apenas convidavam as outras para uma “MACUMBA”
ou “MACUMBINHA” lá em casa… , o que era perfeitamente entendido
dependendo de quem convidava e era convidado…, surgiu dai o entendimento
hoje corrente para MACUMBA e obviamente para MACUMBEIROS; apesar de
serem muito utilizados de forma depreciativa pelos que discriminam as
religiões “afro”, o uso dos termos e auto-denominação entre os adeptos é
comum e encarada por muitos de forma afirmativa (orgulho/
não-vergonha).
AS RELIGIÕES AFRO SÃO SATÂNICAS ?, CULTUAM DEMÔNIOS ?
: Apesar das várias interpretações discordantes sobre o que venha de
fato a ser satanismo e de sua relação com a figura de Satan, Lúcifer ou
Diabo (entre outros nomes) , tudo isso faz parte de uma cosmovisão
ocidental de base judaico-cristã, não tem nada a ver com a cosmovisão
africana (onde não se crê em inferno, muito menos em diabo…), sendo
assim essa “acusação” e “demonização” que se faz das religiões de
matrizes africanas (principalmente do Candomblé que não tem qualquer
base ocidental/cristã) é falsa e injusta, as divindades
africanas cultuadas são basicamente representações das energias da
natureza, energias que influenciam na vida das pessoas e podem ser
“manipuladas” para o bem mas também para o mal, só que isso é uma
questão da ética das pessoas que manipulam ou solicitam manipulação,
não das energias (que em tese são amorais), seria como dizer que a
energia atômica “é do mal” pois pode adoecer e matar, quando na
realidade pode também curar e facilitar a vida…, dependende de quem
manipula e de sua intenção, não da energia em si, “o mal” e “o bem”
está nas pessoas…, algumas vão rezar para “mil cairem à sua direita”,
outras vão matar “em nome de cristo”, algumas vão fazer “trabalho” para
prejudicar algum desafeto , outras vão pedir e usar tudo isso pelo
próprio bem e da humanidade.
Ogum
Forte
e corajoso, é conhecido como orixá da guerra e do fogo. Criou o ferro,
a tecnologia e a metalurgia. Por isso, é padroeiro de todos os que
manejam ferramentas. Seu símbolo é a espada.
É
o Orixá guerreiro. Deus do ferro e da guerra. Seu domínio são as retas
dos caminhos, as lutas e o trabalho. Veste-se de azul escuro, verde ou
vermelho. Traz sempre sua espada pronta para o ataque. Seu dia é
terça-feira e sua saudação é "Ogunhê !" Seus filhos, são pessoas com um
apurado senso de honra e incapazes de perdoar uma ofensa. São
fisicamente muito resistentes, curiosos por natureza, possuem muita
capacidade de concentração e perseguem seus objetivos com derterminação.
Oxossi
Orixá da mata e caçador, garante o alimento de todos os outros deuses. É considerado o guardião da agricultura e da natureza.
Orixá
caçador, protetor das matas, dos animais da floresta e dos caçadores.
Veste-se de verde, azul turquesa e vermelho. Traz sempre o seu Ofá
(arco e flexa). Seu dia é a Quinta-feira e sua saudação é "Okê Arô
Oxossi !" Seus filhos, são pessoas muito exigentes no cumprimento das
obrigações, de atitudes firmes e até um pouco duras. Não têm "papas na
língua" e costumam falar tudo o que pensam. Dão muito valor aos acordos e
não faltam com sua palavra. Com tendência à timidez, não gostam de
demonstrar suas emoções.
Ossaim
Deus das folhas e das ervas medicamentosas. Seus sacerdotes conhecem as palavras que ativam o poder de cura das plantas.
Orixá
das ervas medicinais e das plantas em geral, presentes em todos os
rituais de iniciação no Candomblé. É representado por um pássaro
pousado num ramo e seu domínio é a mata virgem. Veste-se de verde e
rosa. Seu dia é Quinta-feira e sua saudação é "Ewé ô - Ewe assá !". Seus
filhos, são pessoas com forte tendência à religiosidade, tolerantes e
de bom coração. De personalidade instável, costumam controlar seus
sentimentos e emoções. Valorizam a liberdade e não se apegam aos bems
materiais.
OBALUAIÊ, ( ou OMOLU, em sua forma velha).
É
o orixá das epidemias e também da cura. Traz em seu corpo as marcas
das doenças que carrega, por isso precisa se esconder atrás de um chapéu
de palha em forma de manto.
OXUMARÉ
Tem
a forma de arco-íris e liga o céu e a terra. Controla a chuva, a
fertilidade do solo e a prosperidade propiciada pelas colheitas. É
masculino e feminino ao mesmo tempo.
Orixá
da sorte, fartura e fertilidade. Protetor das mulheres grávidas. Seu
domínio são os poços e fontes da mata. Veste-se de verde e amarelo ou
com as sete cores do arco-íris e é representado por uma serpente. Seu
dia é Quinta-feira e sua saudação é "Àrobô bô yi !". Seus filhos são
pessoas orgulhosas e exibicionistas. Periódicamente mudam tudo em sua
vida: casa, emprego, amigos, sempre buscando novidades. Costumam
desenvolver o dom da vidência e possuem intuição aguçada, que
normalmente lhes revelam os melhores caminhos.
XANGÔ
Senhor
dos raios e dos trovões. Durante sua vida na Terra foi rei de Oyó, uma
das principais cidades de língua iorubá. Por esse motivo, quando seus
filhos o incorporam usam uma coroa.
Orixá
da justiça, do trovão e da pedreira. Veste-se de vermelho e branco.
Usa uma coroa, e traz o Oxé (machado duplo) e o Xerê (instrumento
musical) Seu dia é Quarta-feira e sua saudação é "Kawó-Kabyesilé !".
Seus filhos são pessoas fisicamente fortes, atrevidos e prepotentes.
Com um senso de justiça muito próprio, não suportam desaforos. As vezes
agem como se fossem os donos da verdade. Porém, quando a situação
complica, sempre buscam um meio termo, para não sair perdendo.
OXUM
É
a senhora das águas doces, dos lagos e das cachoeiras. É tida como
bela, vaidosa, rica e sensual. É a orixá que regula o amor e o poder de
gestação das mulheres.
É
a rainha dos rios e das cachoeiras (todas as águas doces), do ouro e do
amor. Veste-se de amarelo, dourado, azul claro e rosa. Traz em suas
mãos o Abebê (espelho-leque) e uma espada se for guerreira. É a segunda
esposa de Xangô. Seu dia é Sábado e sua saudação é "Ora Ieiê Ô !". Seus
filhos são pessoas graciosas e elegantes, adoram jóias, perfumes e
roupas caras. Voluptuosas, sensuais, esbanjam charme e beleza.
Possuidoras de muita força de vontade e um grande desejo de ascensão
social.
Iansã
Dirige
ventos, raios, tempestades e a sensualidade feminina. Representada
sempre como uma guerreira, é senhora dos espíritos dos mortos, que
encaminha para o outro mundo.
LOGUN-EDÉ
Orixa encantado....
Filho de Oxum com Oxóssi. Seus domínios são os leitos de rios e
mares. Veste-se com uma pele de leopardo, leva em uma mão o espelho
de Oxum e na outra as armas de Oxóssi. Suas cores são amarelo e azul. É
representado por um pavão ou um papagaio. Seu dia é Quinta-feira e sua
saudação é "Olu A Ô Ioriki !". Seus filhos são pessoas bonitas,
atraentes e sedutoras. Carinhosos, amorosos e sensuais. Orgulhosos e
vaidosos. Inconstantes, indecisos, frios e calculistas. reservados e um
tanto calados. Ciumentos, solitários e discretos.
OBÁ
Orixa guerreira...
Uma
das esposas de Xangô, Orixá do equilíbrio e da justiça. Seu domínio
são as águas revoltas. Veste-se de laranja e amarelo, portando espada e
protegendo a orelha com um escudo. Seu dia é Quarta-feira e sua
saudação é "Obá xirê !". Os filhos de Obá são pessoas pouco atraentes,
desajeitadas e de temperamento forte. Agressivas e objetivas. Aparentam
ser mais velhas do que realmente são. Costumam ser bem sucedidas nos
negócios e gostam de acumular bens.
IEMANJÁ
Reconhecida
como mãe de todos os outros orixás, é a deusa das águas. Rege o
equilíbrio emocional e a loucura. Destaca-se pela feminilidade,
generosidade e maternidade.
Orixá
da harmonia em família, é considerada a Rainha dos mares e a mãe dos
Orixás. Veste-se de azul e branco ou verde claro, portando seu Abebê
(espelho-leque)decorado com uma sereia ou uma concha. Seu dia é Sábado e
sua saudação é "Odô iyá !" Seus filhos, são autoritários,
persistentes, preocupados, responsáveis e decididos. Amigos,
protetores, faladores e não suportam a solidão. As mulheres, se
comportam como super mães. Quando a segurança dos filhos e da família
está em jogo, são agressivos e até traiçoeiros.
NANÃ
Vó dos Orixas ...
É
o Orixá feminino mais velho do Panteão. É a mãe de Oxumarê e Obaluaiê.
Em sua mão traz seu cetro o Ibiri. Veste-se de lilás, branco e azul. É a
protetora dos doentes desenganados. Seu dia é Terça-feira e sua
saudação é "Salubá !" Seus filhos são conservadores e apegados às
convenções. Calmos, mas às vezes tornan-se agressivos e guerreiros. As
mães, são apegadas aos filhos e muito protetoras. Ciumentas e
possessivas, exigem atenção e respeito. Não costumam ser muito alegres e
não gostam de brincadeiras.
IBEJI
As doces crianças....
Orixás
Gêmeos protetores das crianças e da família. Vestem-se de azul, rosa e
verde. São representados por dois bonecos gêmeos ou duas cabacinhas.
Seu dia é domingo e sua saudação é "Omi Beijada!" Embora possa ocorrer,
são raros os filhos de Ibeji. Essa energia infantil, geralmente se
manifesta com o orixá do iniciado. Mesmo sendo adulto, quando em
"estado de erê", o iniciado torna-se brincalhão, irreverente, cheio de
energia e aparenta ser mais joven. Adoram festas, música e dança.
OXALÁ
Separou
o mundo material do espiritual. Muito respeitado, tanto pelos devotos
humanos quanto pelos demais orixás, ajudou Olodumaré a criar o homem e o
princípio da vida.
é
considerado o Pai de todos os orixás. É o mais velho e o primeiro a
ser criado. É responsável pela criação do mundo e dos seres humanos. É o
Orixá dos inhames novos e da agricultura, que traz as chuvas e que
fecunda os campos, Sua festa ligada ao início do ano agrícola costuma
ser em agosto e setembro, e inclui a renovação da água do templo e a
lavagem dos objetos de culto. Está associado à justiça e ao equilíbrio. É
cultuado nas seguintes formas:
Oxalufã = Oxalá Velho e Oxaguiã = Oxalá Moço.
OXALUFÃ é o Orixá da paz, veste-se de branco portando sempre seu apaxorô (cajado). É representado por uma pomba branca. Seu dia é Sexta-feira e sua saudação é "Eepaá babá !".
OXALUFÃ é o Orixá da paz, veste-se de branco portando sempre seu apaxorô (cajado). É representado por uma pomba branca. Seu dia é Sexta-feira e sua saudação é "Eepaá babá !".
OXAGUIÃ
é um Orixá valente e guerreiro, considerado filho de Oxalufã. Também
veste-se de branco, dança com muita energia carregando uma "mão de
pilão". Seu dia é Sexta-feira e sua saudação é "Exê êêê !
Os filhos de Oxaguiã (oxalá moço), são
pessoas joviais e viris. Ativos, guerreiros, alegres e generosos. Não
se deixam influenciar por opiniões alheias. São organizados e metódicos
em seus ofícios e projetos. Trabalhadores incanssáveis e por essa razão, suscetíveis à crises de estresse.
Os filhos de Oxalufã (oxalá velho), em geral são pessoas calmas e dignas de confiança. Dotados de grande sabedoria, estão sempre buscando os significados de tudo o que ocorre ao seu redor. Não cansam de estudar e buscar o conhecimento. Também são teimosos orgulhosos e inteligentes e com tendência à serem preguiçosos.
Comportamento humano como herança dos orixás
Segundo o candomblé, cada
pessoa pertence a um deus determinado, que é o senhor de sua cabeça e mente e
de quem herda características físicas e de personalidade. É prerrogativa religiosa do pai ou
mãe-de-santo descobrir esta origem mítica através do jogo de búzios. Esse
conhecimento é absolutamente imperativo no processo de iniciação de novos
devotos e mesmo para se fazerem previsões do futuro para os clientes e resolver
seus problemas. Embora na África haja registro de culto a cerca de 400 orixás,
apenas duas dezenas deles sobreviveram no Brasil. A cada um destes cabe o papel
de reger e controlar forças da natureza e aspectos do mundo, da sociedade e da
pessoa humana. Cada um tem suas próprias características, elementos naturais,
cores simbólicas, vestuário, músicas, alimentos, bebidas, além de se
caracterizar por ênfase em certos traços de personalidade, desejos, defeitos,
etc. (ver Anexo). Nenhum orixá é nem inteiramente bom, nem inteiramente mau.
Noções ocidentais de bem e mal estão ausentes da religião dos orixás no Brasil.
E os devotos acreditam que os homens e mulheres herdam muitos dos atributos de
personalidade de seus orixás, de modo que em muitas situações a conduta de
alguém pode ser espelhada em passagens míticas que relatam as aventuras dos
orixás. Isto evidentemente legitima, aos olhos da comunidade de culto, tanto as
realizações como as faltas de cada um.
Vejamos abreviadamente algumas
das características de personalidade mais usualmente atribuídas aos orixás por
seus seguidores:
Exu — Deus mensageiro, divindade trickster, o trapaceiro. Em
qualquer cerimônia é sempre o primeiro a ser homenageado, para se evitar que se
enraiveça e atrapalhe o ritual. Guardião
das encruzilhadas e das portas da rua. Sincretizado com o Diabo católico. Seus
símbolos são um porrete fálico e tridentes de ferro. Os seguidores acreditam
que as pessoas consagradas a Exu são inteligentes, sexy, rápidas, carnais,
licenciosas, quentes, eróticas e sujas. Filhos de Exu gostam de comer e beber
em demasia. Não se deve confiar nunca num filho ou numa filha de Exu. Eles são
os melhores, mas eles decidem quando o querem ser. Não são dados ao casamento,
gostam de andar sozinhos pelas ruas, bebendo e observando os outros para
apanhá-los desprevenidos. Deve-se pagar a Exu com dinheiro, comida, atenção
sempre que se precise de um favor dele. Como o pai, filhos de Exu nunca fazem
nada sem paga. A saudação a Exu é Laroyê!
Ogum — Deus da guerra, do ferro, da metalurgia e da tecnologia.
Sincretizado com Santo Antônio e São Jorge. É o orixá que tem o poder de abrir
os caminhos, facilitando viagens e progressos na vida. Os estereótipos mostram
os filhos de Ogum como teimosos, apaixonados e com certa frieza racional. Eles
são muito trabalhadores, especialmente moldados para o trabalho manual e para
as atividades técnicas. Embora eles usualmente façam qualquer coisa por um
amigo, os filhos e filhas de Ogum não sabem amar sem machucar: despedaçam
corações. Acredita-se que sejam muito bem dotados sexualmente, tanto quanto os
filhos de Exu, irmão de Ogum. Embora eles possam ter muitos interesses, os
filhos de Ogum preferem as coisas práticas, detestando qualquer trabalho
intelectual. Eles dão bons guerreiros, policiais, soldados, mecânicos,
técnicos. Saudação: Ogunhê!
Oxóssi — Deus da caça.
Sincretizado com São Jorge e São Sebastião. Orixá da fartura. Seus filhos são
elegantes, graciosos, xeretas, curiosos e solitários. Embora dêem bons pais e
boas mães, têm sempre dificuldade com o ser amado. São amigáveis, pacientes e
muitas vezes ingênuos. Os filhos de Oxóssi têm aparência jovial e parece que
estão sempre à procura de alguma coisa. Não conseguem ser monogâmicos. Têm de
caçar noite e dia. Por isso são considerados irresponsáveis. De fato, eles se
sentem livres para quebrar qualquer compromisso que não lhes agrade mais.
Dificilmente eles se sentem obrigados a comparecer a um encontro marcado,
quando outra coisa mais interessante cruza o seu caminho. Okê arô!
Obaluaiê ou Omulu — Deus da
varíola, das pragas e doenças. É relacionado com todo o tipo de mal físico e
suas curas. Associado aos cemitérios, solos e subsolos. Sincretizado com São
Lázaro e São Roque. Seus filhos aparentam um aspecto deprimido. São negativos,
pessimistas, inspirando pena. Eles parecem pouco amigos, mas é porque são
tímidos e envergonhados. Seja amigo de um deles e você descobrirá que tudo o
que eles precisam para ser as melhores pessoas do mundo é de um pouco de
atenção e uma pitada de amor. Quando
envelhecem, alguns se tornam sábios,
outros parecem completos idiotas. É que apenas querem ficar sozinhos. Atotô!
Xangô — Deus do trovão e da justiça. Sincretizado com São Jerônimo.
Seus filhos se dão bem em atividades e assuntos que envolvem justiça, negócios
e burocracia. Sentem que nasceram para ser reis e rainhas, mas usualmente
acabam se comportando como plebeus. São teimosos, resolutos e glutões;
gananciosos por dinheiro, comida e poder. Uma pessoa de Xangô gosta de se
mostrar com muitos amantes, embora não sejam reconhecidos como pessoas capazes
de grandes proezas sexuais. Vivem para lutar e para envolver as pessoas que o
cercam na sua própria e interminável
guerra pessoal. Gostam de criar suas famílias, protegendo seus rebentos além do
usual. Por isso são muito bons amigos e excelentes pais. Kaô kabiesile!
Oxum — Deusa da água doce, do ouro, da fertilidade e do amor.
Sincretizada com Nossa Senhora das Candeias. Senhora da vaidade, ela foi a
esposa favorita de Xangô. Os filhos e filhas de Oxum são pessoas atrativas,
sedutoras, manhosas e insinuantes. Elas sabem como manobrar os seus amores; são
boas na feitiçaria e na previsão do futuro. Adoram adivinhar segredos e
mistérios. São orgulhosas da beleza que pensam ter por direito natural. Podem
ser muito vaidosas, atrevidas e arrogantes. Dizem que sabem tudo do amor, do
namoro e do casamento, mas têm muita dificuldade em criar seus filhos
adequadamente, muitas vezes até se esquecendo que eles existem. Não gostam da
pobreza e nem da solidão. Saudação: Ora yeyê ô!
Iansã ou Oiá — Deusa dos
raios, dos ventos e das tempestades. É a esposa de Xangô que o acompanha na
guerra. Orixá guerreira que leva a alma dos mortos ao outro mundo. Sincretizada
com Santa Bárbara. Seus filhos e filhas são mais dotados para a prática do sexo
do que para o cultivo do amor. Deusa do erotismo, ela é uma espécie de entidade
feminista. As pessoas de Iansã são brilhantes, conversadoras, espalhafatosas, bocudas e corajosas. Detestam fazer pequenos serviços em
favor dos outros, pois sentem que isso contraria sua majestade. Elas podem dar
a vida pela pessoa amada, mas jamais perdoam uma traição. Eparrei!
Iemanjá — Deusa dos grandes rios, dos mares, dos oceanos. Cultuada
no Brasil como mãe de muitos orixás. Sincretizada com Nossa Senhora da
Conceição. Freqüentemente representada por uma sereia, sua estátua pode ser
vista em quase todas as cidades ao longo da costa brasileira. Ela é a grande
mãe, dos orixás e do Brasil, a quem protege como padroeira, sendo igualmente
Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Os filhos e filhas de Iemanjá tornam-se
bons pais e boas mães. Protegem seus filhos como leões. Seu maior defeito é
falar demais; são incapazes de guardar um segredo. Gostam muito do trabalho e
de derrotar a pobreza. Fisicamente são pessoas pouco atraentes, mulheres de
bustos exagerados, e sua presença entre outras pessoas é sempre pálida.
Saudação: Odoyá!
Oxalá — Deus da criação. Sincretizado com Jesus Cristo. Seus
seguidores vestem-se de branco às sextas-feiras. É sempre o último a ser
louvado durante as cerimônias religiosos afro-brasileiras; é reverenciado pelos
demais orixás. Como criador, ele modelou os primeiros seres humanos. Quando se
revela no transe, apresenta-se de duas formas: o velho Oxalufã, cansado e
encurvado, movendo-se vagarosamente, quase incapaz de dançar; o jovem
Oxaguiã, dançando rápido como o
guerreiro. Por ter inventado o pilão para preparar o inhame como seu prato
favorito, Oxaguiã é considerado o criador da cultura material. Ao invés de
sacrifício de sangue de animais quentes, Oxalá prefere o sangue frio dos
caracóis. Os filhos de Oxalá gostam do poder, do trabalho criativo, apreciam
ser bem tratados e mostram-se mandões e determinados na relação com os outros.
São melhores no amor do que no sexo, gostam muito de aprender e de ensinar, mas
nunca ensinam a lição completamente. São calados e chatos. Gostam de desafios,
são muito bons amigos e muito bons adversários aos que se atrevem a se opor a
eles. Povo de Oxalá nunca desiste. Epa
Babá!
O canal History Channel em seu site disponibiliza mais material sobre os deuses de diversos panteões. Acesse o link abaixo, para conhecer mais um pouco sobre os deuses africanos:
Fonte de pesquisa e texto:
( PRANDI, Reinado. Herdeiras do Axé. São Paulo, Hucitec, 1997, páginas 1-50)
( PRANDI, Reinado. Herdeiras do Axé. São Paulo, Hucitec, 1997, páginas 1-50)
07/11/2013
2ºAno - Ensino Médio: Material de trabalho - 4º.Bimestre.[1] Revolução Industrial
Esta postagem se refere ao nosso exercício de reflexão sobre o processo de Revolução Industrial e Movimentos de Resistência, baseada em uma peça cinematográfica.
Vocês alunos devem analisar e responder as seguintes questões:
1 - Quem é o diretor do filme?
2 - Quais as principais personagens?
3 - Onde acontece?
4 - Em que ano acontece?
5 - Qual é contexto do filme, que momento da História está sendo retratado ?
6 - Faça um breve resumo do que acontece no filme.
7 - O que mais te chamou atenção nesse filme ?
8 - Em sua opinião o filme trouxe informações relevantes para o seu estudo de História? Justifique a sua resposta.
9 - O filme retrata alguma situação ainda presente no Brasil? Explique a sua resposta.
10 - Qual a sua opinião critica a respeito do filme ?
Dados para auxílio:
Germinal originalmente é um romance do escritor Émile Zola, o décimo terceiro da série Les Rougon-Macquart e possivelmente um dos mais famosos.
A cena tem lugar no norte da França
durante uma greve provocada pela redução dos sálarios. Além dos
aspectos técnicos das extrações minerais e as condições de vida nos
agrupamentos dos mineiros, Zola também descreve o princípio da
organização política e sindical da classe operária, tais como as divisões já existentes entre marxistas e anarquistas.
Para compor Germinal, o autor passou dois meses trabalhando
como mineiro na extração de carvão. Viveu com os mineiros, comeu e bebeu
nas mesmas tavernas para se familiarizar com o meio. Sentiu na carne o
trabalho sacrificado, a dificuldade em empurrar um vagonete cheio de
carvão, o problema do calor e a umidade dentro da mina, o trabalho
insano que era necessário para escavar o carvão, a promiscuidade das
moradias, o baixo salário e a fome. Além do mais, acompanhou de perto a
greve dos mineiros.
Já o filme, caracteriza perfeitamente o processo de produção do
trabalho do modelo capitalista, a expansão do chamado capital, mostrando
assim de uma forma bem clara os opostos entre as necessidades humanas e
as materiais. O filme se passa na França do século XIX e transmite
muito bem aquele determinado momento histórico e seu contexto social,
econômico e político e é claro cultural e para obtermos uma análise
satisfatória se torna necessário o conhecimento dos antecedentes da
revolução industrial presentes nele.
3ºAno - Ensino Médio: Material de trabalho - 4º.Bimestre.[2] Ditadura Civil Militar
Esta postagem se refere ao nosso exercício de reflexão sobre o processo de Ditadura Civil Militar no Brasil.Cada grupo escolheu a sua ferramenta de análise:
Filme: "Pra Frente Brasil".
Filme Documentário: "ABC da Greve".
Vocês devem analisar e responder as seguintes questões:
1 - Quem é o diretor do filme que você escolheu?
2 - Quais as principais personagens?
3 - Onde acontece?
4 - Em que ano acontece?
5 - Qual é contexto do filme, que momento da História Brasileira está sendo retratado ?
6 - Faça um breve resumo do que acontece no filme.
7 - O que mais te chamou atenção nesse filme ?
8 - Em sua opinião o filme trouxe informações relevantes para o seu estudo de História? Justifique a sua resposta.
9 - O filme escolhido por você, retrata alguma situação ainda presente no Brasil? Explique a sua resposta.
10 - Qual a sua opinião critica a respeito do filme ?
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Pra frente Brasil!
Sinopse:
Em 1970 o Brasil inteiro torce e vibra com a seleção de futebol no
México, enquanto prisioneiros políticos são torturados nos porões da
ditadura militar e inocentes são vítimas desta violência. Todos estes
acontecimentos são vistos pela ótica de uma família quando um dos seus
integrantes, um pacato trabalhador da classe média, é confundido com um
ativista político e "desaparece".
Contexto:
O filme retrata o auge da repressão a opositores durante a ditadura militar brasileira, no governo de Emílio Garrastazu Médici.
Indicadores econômicos favoráveis, durante o chamado "milagre
econômico", divulgados por uma mídia completamente censurada, maquiavam o
aumento da concentração de renda e da pobreza, instaurando no país um sentimento extremamente ufanista, que atingiu seu auge com a conquista do terceiro título da Copa do Mundo de Futebol pela Seleção Brasileira no México.O título do filme é uma referência à canção de mesmo nome, escolhida pelo regime para representar o país no Mundial de 1970.
download link: Pra frente Brasil!
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ABC da Greve
Sinopse:
ABC da Greve é a uma produção em cima do material deixado por Leon
Hirszman, o mesmo diretor do filme “Eles não usam black tie”, que mostra
o movimento grevista de 1978 de 150 mil metalúrgicos do ABC em plena
ditadura militar.
Parece aqueles filmes que mostram uma república das bananas totalitária na Africa, América Latina ou Ásia. Mas era o Brasil, gravado naquele momento.
Serve como modelo de estratégia, organização, determinação e coragem para qualquer sociedade explorada, que luta contra o poder e a mídia. É um manual de como se fazer greve.
Parece aqueles filmes que mostram uma república das bananas totalitária na Africa, América Latina ou Ásia. Mas era o Brasil, gravado naquele momento.
Serve como modelo de estratégia, organização, determinação e coragem para qualquer sociedade explorada, que luta contra o poder e a mídia. É um manual de como se fazer greve.
Contexto
A partir de 1978, quando o Brasil ainda vivia sob o regime militar,
trabalhadores do maior parque industrial do país, localizado na região
do ABC paulista (Santo André, São Bernardo e São Caetano) desencadearam
uma série de greves que mobilizaram milhares de operários e conquistaram
o apoio de partidos políticos, entidades da sociedade civil e
naturalmente a simpatia da população.
Os trabalhadores do ABC paulista foram além das reivindicações por aumento salarial e melhores condições de trabalho e passaram a defender também a grande bandeira democrática das eleições das eleições diretas em todos os níveis, inclusive para presidente da República, o que justifica o apoio da população ao movimento.
Dos movimentos grevista que eclodiram em meados de 1978 e adentraram na década de 80 nasceram das instituições que deram maior força e caráter organizacional às grande mobilizações pelo país afora: CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o PT (Partido dos Trabalhadores), presididas, respectivamente, por Jair Menenguelle e Luís Inácio Lula da Silva (Lula).
Com essas duas frentes de combate, os trabalhadores, liderados pelos sindicalistas, estenderam o movimento nos anos 80 para todos os estados da Federação. Com papéis distintos e perseguindo os mesmos objetivos, as duas entidades atuavam em parceria. Enquanto a CUT planejava e organizava as greves por todo o país, naturalmente tendo o ABC paulista como seu epicentro, o PT marchava pelas ruas em defesa do regime democrático, ao lado dos partidos de esquerda da época, como o PMDB, o PDT e o PCdoB, a frente democrática que pregava eleições diretas.
É claro que esses movimentos ganharam a adesão da grande maioria da população e isso causou inquietação nos quartéis. O movimento era de abertura política e, então, plantava-se boa semente em terreno fértil. As grandes nações, como Estados Unidos e países europeus, já não apoiavam os regimes totalitários em crise de credibilidade na América Latina, patrocinadores de atrocidades, com prisões, torturas, atentados e assassinatos de líderes oposicionistas e a corrupção desenfreada, fatos que assustavam o mundo.
O movimento sindical dos anos 80 deu larga contribuição para a redemocratização do Brasil porque despertou as massas adormecidas pelo medo e pela repressão dos anos de chumbo que se sucederam ao golpe militar de 31 de março de 1964.
Com a credibilidade em baixa no cenário internacional e a recessão econômica prejudicando a economia, o governo militar amargava índices altíssimos de impopularidade em 1978, quando o MDB, partido de oposição ao regime, elegeu a maioria da Câmara dos Deputados. Foi aí que os generais criaram a figura do “senador biônico”, ou seja, instituíram a prorrogação de mandato dos senadores da Arena, partido da situação.
A reabertura democrática se deu em derramamento de sangue e sem tanques de guerra nas ruas. Uma breve cronologia dos fatos mais importantes, citamos a anistia dos presos e exilados políticos decretada em 1979 pelo presidente João Figueiredo. Ao retornarem do exílio em 1980, Miguel Arraes (Pernambuco), Leonel Brizola (Rio Grande do Sul/Rio de Janeiro) e outras lideranças políticas se engajaram no movimento democrático já existente no país, que culminou com a eleição de Tancredo Neves para presidente da República pelo Colégio Eleitoral em 1984, depois da derrota da emenda das “Diretas”, do deputado federal Dante de Oliveira.
Embora a eleição tenha sido indireta, Tancredo percorreu o país em campanha e obteve o apoio da grande maioria da população brasileira. Tancredo morreu sem tomar posse e o vice, José Sarney, egresso da ditadura, manteve seu compromisso e deu ao país a Constituição Democrática de 1988, que assegura dentre outras conquistas, eleições diretas para todos os níveis.
Os trabalhadores do ABC paulista foram além das reivindicações por aumento salarial e melhores condições de trabalho e passaram a defender também a grande bandeira democrática das eleições das eleições diretas em todos os níveis, inclusive para presidente da República, o que justifica o apoio da população ao movimento.
Dos movimentos grevista que eclodiram em meados de 1978 e adentraram na década de 80 nasceram das instituições que deram maior força e caráter organizacional às grande mobilizações pelo país afora: CUT (Central Única dos Trabalhadores) e o PT (Partido dos Trabalhadores), presididas, respectivamente, por Jair Menenguelle e Luís Inácio Lula da Silva (Lula).
Com essas duas frentes de combate, os trabalhadores, liderados pelos sindicalistas, estenderam o movimento nos anos 80 para todos os estados da Federação. Com papéis distintos e perseguindo os mesmos objetivos, as duas entidades atuavam em parceria. Enquanto a CUT planejava e organizava as greves por todo o país, naturalmente tendo o ABC paulista como seu epicentro, o PT marchava pelas ruas em defesa do regime democrático, ao lado dos partidos de esquerda da época, como o PMDB, o PDT e o PCdoB, a frente democrática que pregava eleições diretas.
É claro que esses movimentos ganharam a adesão da grande maioria da população e isso causou inquietação nos quartéis. O movimento era de abertura política e, então, plantava-se boa semente em terreno fértil. As grandes nações, como Estados Unidos e países europeus, já não apoiavam os regimes totalitários em crise de credibilidade na América Latina, patrocinadores de atrocidades, com prisões, torturas, atentados e assassinatos de líderes oposicionistas e a corrupção desenfreada, fatos que assustavam o mundo.
O movimento sindical dos anos 80 deu larga contribuição para a redemocratização do Brasil porque despertou as massas adormecidas pelo medo e pela repressão dos anos de chumbo que se sucederam ao golpe militar de 31 de março de 1964.
Com a credibilidade em baixa no cenário internacional e a recessão econômica prejudicando a economia, o governo militar amargava índices altíssimos de impopularidade em 1978, quando o MDB, partido de oposição ao regime, elegeu a maioria da Câmara dos Deputados. Foi aí que os generais criaram a figura do “senador biônico”, ou seja, instituíram a prorrogação de mandato dos senadores da Arena, partido da situação.
A reabertura democrática se deu em derramamento de sangue e sem tanques de guerra nas ruas. Uma breve cronologia dos fatos mais importantes, citamos a anistia dos presos e exilados políticos decretada em 1979 pelo presidente João Figueiredo. Ao retornarem do exílio em 1980, Miguel Arraes (Pernambuco), Leonel Brizola (Rio Grande do Sul/Rio de Janeiro) e outras lideranças políticas se engajaram no movimento democrático já existente no país, que culminou com a eleição de Tancredo Neves para presidente da República pelo Colégio Eleitoral em 1984, depois da derrota da emenda das “Diretas”, do deputado federal Dante de Oliveira.
Embora a eleição tenha sido indireta, Tancredo percorreu o país em campanha e obteve o apoio da grande maioria da população brasileira. Tancredo morreu sem tomar posse e o vice, José Sarney, egresso da ditadura, manteve seu compromisso e deu ao país a Constituição Democrática de 1988, que assegura dentre outras conquistas, eleições diretas para todos os níveis.
download link: ABC da greve
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