A mais de meio século atrás o artista, engenheiro e modernista(embora não tenha diretamente participado da semana de 22) Flávio de Carvalho desfilava por São Paulo no chamado "Experimento nº 3"(1956). Após publicar uma série de artigos sobre moda, entitulados "A moda e o novo homem" - em que apresentava suas teorias sobre as transformações da moda através do tempo, naquilo que depois ele chamaria de "dialética da moda"-, em sua
coluna no Diário de São Paulo, realiza a Experiência Nº 3 – apresenta-se
em passeata pelo centro da cidade, com o New Look, um traje tropical
idealizado pelo artista composto de saiote com pregas, blusa de nylon
com mangas curtas e folgadas, chapéu transparente, meias arrastão e
sandálias de couro. O evento considerado um escandâlo. Depois publica um livro sobre o tema. A edição atual é acrescida da palestra realizada por
Flavio de Carvalho no Seminário de Tropicologia de Gilberto Freyre, em
1967, sobre “trópico e vestuário”.
As transformações na sociedade humana são radicais, em um processo lento mas definitivas. O vestuário, os costumes e os códigos vão transformar-se, pois é próprio do homem. Nas reflexões que fazemos a respeito do fim do Império Romano do Ocidente, e a queda de Roma, verificamos uma sequência de transformações e adequações em um longo processo que resultará no Feudalismo. Para refletir um pouco mais a respeito, realizamos esta semana uma intervenção que tem como objeto a provocação do olhar e uma profunda reflexão em grupo.
Hoje em dia ver um homem de saia pode ser exótico, mas a saia sempre foi parte do vestuário masculino. Os homens ocidentais abandonaram as saias há pouco mais de dois séculos. Mas atualmente 3/4 dos homens do mundo ainda usam saias - a maioria no oriente. Outro fato histórico interessante, reside no fato de as mulheres usarem calça há pouco mais de 100 anos, com o surgimento dos primeiros movimentos feministas.
Há mais de 3.000 anos os sumérios já usavam um tecido para cobrir as partes baixas; os antigos gregos usavam a toga e suas tropas usavam saias; para os romanos alias, as calças eram um insulto, pois ocultavam suas pernas, que deviam ser demonstradas, em razão de serem pilares da força e da virilidade; os antigos egipcios, usavam uma saia semelhante ao "sarongue", presa com amarrações. A saia era uma peça do vestuário que não delimitava território masculino ou feminino. Durante muito tempo os homens e mulheres se enrolaram em túnicas, e ainda hoje podemos testemunhar no oriente a utilização desta vestimenta em países do oriente, em especial do sudeste asiático. Mas mesmo no ocidente, fica dificil imaginar algumas personalidades importantes sem o uso da vestimenta: o Papa, por exemplo, ou ainda de modo tradicional o kilt escocês.
Foi a evolução da alfaiataria, a partir do século XIV, que impulsionou a especialização da vestimenta.No século XV, a túnica do homem foi ficando mais curta e apertada, enquanto aumentava o número de homens usando uma espécie de "meia-calça". Já no século XVII, a mudança era quase que completa. E por fim na chamada "Era Vitoriana", a mudança no costume estava concluída.
Nos anos 60, estilistas da chamada "contracultura", tentaram sem sucesso reintroduzir a vestimenta, mas sem sucesso. Neste ano de 2013, um incidente aconteceu na capital paulistana. Jovens do curso de moda da USP, foram hostilizados por assistirem as aulas de saia. Um movimento contrário de alunos em repúdio ao preconceito foi realizado. Acesse o link, para saber mais:
E você, o que acha a respeito do tema? Reflita um pouco mais além de nossa atividade de sala, sobre as mudanças em curso na nossa sociedade. Boa produção e reflexão.
Para saber mais a respeito do trabalho de Flávio Carvalho, busque o seguinte título:
A moda e o novo homem: Dialetica da moda
Autor: Flavio de CarvalhoEditora: Azougue Editorial
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