14/11/2013

Divindades Africanas


"O catolicismo tem sido historicamente a religião majoritária do Brasil, cabendo a outras fés o lugar de religiões minoritárias, mas nem por isso sem importância no quadro das religiões e da cultura, sobretudo no século atual. Neste segundo grupo estão as chamadas religiões afro-brasileiras, as quais até os anos 1930 poderiam ser incluídas na categoria das religiões étnicas, religiões de preservação de patrimônios culturais dos antigos escravos africanos e seus descendentes.  Estas religiões formaram-se em diferentes áreas do Brasil com diferentes ritos e nomes locais derivados de tradições africanas diversas: candomblé na Bahia, xangô em Pernambuco e Alagoas, tambor de mina no Maranhão e Pará, batuque no Rio Grande do Sul e macumba no Rio de Janeiro.
O quadro religioso no Brasil de hoje caracteriza-se por processo de conversão complexo e dinâmico, com a incorporação e mesmo criação de algumas novas religiões, às vezes com a passagem do converso por várias possibilidades de adesão.  Os grupos de religiões mais importantes em termos de números de seguidores hoje são: o catolicismo, em suas ambas versões de religião tradicional e renovada; os evangélicos, que apresentam múltiplas facetas entre históricos e pentecostais, agora também se oferecendo numa nova e inusitada versão, o neopentecostalismo (Rolim, 1985; Mariano, 1995); os espíritas kardecistas, e um diverso conjunto de religiões afro-brasileiras.  Entre os católicos renovados sobressaem-se as Comunidades Eclesiais de Base (Pierucci, 1983) e o novo Movimento de Renovação Carismática (Prandi, 1991b), movimentos que se opõem doutrinariamente: as CEBs mais preocupadas com questões de justiça social e mais envolvidas na política, os carismáticos mais interessados no indivíduo e conservadoramente avessos a temas de consciência social. Estimativas recentes indicam a presença de 75% de católicos (os carismáticos são 4% e os das CEBs, 2% da população), 13% de evangélicos (3% históricos e 10% pentecostais), 4% de kardecistas e 1,5% de afro-brasileiros (Pierucci & Prandi, 1995).
Dessas religiões, a umbanda tem sido reiteradamente identificada como sendo a religião brasileira por excelência, pois, nascida no Brasil, ela resulta do encontro de tradições africanas, espíritas e católicas (Camargo, 1961; Concone, 1987; Ortiz, 1978). Como religião universal, isto é, dirigida a todos, a umbanda sempre procurou legitimar-se pelo apagamento de feições herdadas do candomblé, sua matriz negra, especialmente os traços referidos a modelos de comportamento e mentalidade que denotam a origem tribal e depois escrava, mantendo contudo estas marcas na constituição do panteão. Comparado ao do candomblé, seu processo de iniciação é muito mais simples e menos oneroso e seus rituais evitam e dispensam sacrifício de sangue.  Os espíritos de caboclos e pretos-velhos manifestam-se nos corpos dos iniciados durante as cerimônias de transe para dançar e sobretudo orientar e curar aqueles que procuram por ajuda religiosa para a solução de seus males. A umbanda absorveu do kardecismo algo de seu apego às virtudes da caridade e do altruísmo, assim fazendo-se mais ocidental que as demais religiões do espectro afro-brasileiro, mas nunca completou este processo de ocidentalização, ficando a meio caminho entre ser religião ética, preocupada com a orientação moral da conduta, e religião mágica, voltada para a estrita manipulação do mundo.
Desde o início as religiões afro-brasileiras se formaram em sincretismo com o catolicismo, e em grau menor com religiões indígenas. O culto católico aos santos, numa dimensão popular politeísta, ajustou-se como uma luva ao culto dos panteões africanos (Valente, 1977; S. Ferretti, 1995). Com a umbanda, acrescentaram-se à vertente africana as contribuições do kardecismo francês, especialmente a idéia de comunicação com os espíritos dos mortos através do transe, com a finalidade de se praticar a caridade entre os dois mundos, pois os mortos devem ajudar os vivos sofredores, assim como os vivos devem ajudar os mortos a encontrar, sempre pela prática da caridade, o caminho da paz eterna, segundo a doutrina de Kardec. A umbanda perdeu parte de suas raízes africanas, mas se espraiou por todas a regiões do País, sem limites de classe, raça, cor (ver Capítulo II). Mas não interferiu na identidade do candomblé, do qual se descolou, conquistando sua autonomia.  Mas o candomblé também mudou.  Até 20 ou 30 anos atrás, o candomblé era religião de negros e mulatos, confinado sobretudo na Bahia e Pernambuco, e de reduzidos grupos de descendentes de escravos cristalizados aqui e ali em distintas regiões do País. No rastro da umbanda, a partir dos anos 1960, o candomblé passou a se oferecer como religião também para segmentos da população de origem não-africana."



O QUE SÃO ORIXÁS ? : São as divindades do panteão Yorubá do Candomblé (um dos grupos étnicos africanos trazidos para o Brasil com o trafico negreiro, também conhecidos como NAGÔS  ou  povo KETO ou KETU), no Brasil são mais conhecidos e popularizados que as divindades das nações BANTU (Angola) ou  MINA e  JEJE (costa da Mina , Benin e região),  são eles :  Nanã, Omolú, Oxumarê, Oxalá, Exú, Ogun, Oxóssi, Yemanjá, Iansã, Oxum, Obá ,Ewá, Xangô, Logun Edé, Ossain, Ibeji, Irôko;  na África eram cultuados maios de 200 orixás, no Brasil esse número reduziu-se a 16, cada Orixá está ligado a uma força da natureza / vida e a sua energia é chamada de AXÉ .

POR QUE MUITA GENTE CHAMA INDISTINTAMENTE ISSO TUDO DE MACUMBA ? :  Na realidade MACUMBA era o nome de uma flauta rústica utilizada em festas familiares  junto com outros instrumentos como atabaques e tambores, pela população mais pobre (majoritariamente ex-escravos ou descedente de escravos ) na época da  passagem do Brasil Império para República ;  por tal MACUMBA  ou MACUMBINHA era também um sinônimo de “festa em casa”, porém como havia repressão e muito preconceito contra as reuniões afroreligiosas (na época feitas nos terreiros das casas ), ao convidar alguém para uma festa/reunião afroreligiosa as pessoas  não citavam isso em público,  apenas convidavam as outras para uma “MACUMBA” ou “MACUMBINHA”  lá em casa… , o que era perfeitamente entendido dependendo de quem convidava e era convidado…, surgiu dai o entendimento hoje corrente para MACUMBA e obviamente para MACUMBEIROS;  apesar de serem muito utilizados de forma depreciativa pelos que discriminam as religiões “afro”, o uso dos termos  e auto-denominação entre os adeptos é comum e encarada por muitos de forma afirmativa (orgulho/ não-vergonha).

AS RELIGIÕES AFRO SÃO SATÂNICAS ?, CULTUAM DEMÔNIOS ? :  Apesar das várias interpretações discordantes sobre o que venha de fato a ser satanismo e de sua relação com a figura de  Satan, Lúcifer ou Diabo (entre outros nomes) , tudo isso faz parte de uma cosmovisão ocidental de base judaico-cristã, não tem nada a ver com a cosmovisão africana (onde não se crê em inferno, muito menos em diabo…), sendo assim essa “acusação” e “demonização” que se faz das religiões de matrizes africanas (principalmente do Candomblé que não tem qualquer base ocidental/cristã) é falsa e injusta, as divindades africanas cultuadas são basicamente representações das energias da natureza, energias que influenciam na vida das pessoas e podem ser “manipuladas” para o bem mas também para o mal, só que isso é uma questão da  ética das pessoas que manipulam ou solicitam manipulação, não das energias (que em tese são amorais),  seria como dizer que a energia atômica “é do mal” pois pode adoecer e matar, quando na realidade pode também curar e facilitar a vida…, dependende de quem manipula e  de sua intenção, não da energia em si, “o mal”  e “o bem” está nas pessoas…, algumas vão rezar para “mil cairem à sua direita”, outras vão matar “em nome de cristo”, algumas vão fazer “trabalho” para prejudicar algum desafeto , outras vão pedir e usar tudo isso  pelo próprio bem e da humanidade.

Ogum
Forte e corajoso, é conhecido como orixá da guerra e do fogo. Criou o ferro, a tecnologia e a metalurgia. Por isso, é padroeiro de todos os que manejam ferramentas. Seu símbolo é a espada.

 É o Orixá guerreiro. Deus do ferro e da guerra. Seu domínio são as retas dos caminhos, as lutas e o trabalho. Veste-se de azul escuro, verde ou vermelho. Traz sempre sua espada pronta para o ataque. Seu dia é terça-feira e sua saudação é "Ogunhê !" Seus filhos, são pessoas com um apurado senso de honra e incapazes de perdoar uma ofensa. São fisicamente muito resistentes, curiosos por natureza, possuem muita capacidade de concentração e perseguem seus objetivos com derterminação.


Oxossi
Orixá da mata e caçador, garante o alimento de todos os outros deuses. É considerado o guardião da agricultura e da natureza. 
Orixá caçador, protetor das matas, dos animais da floresta e dos caçadores. Veste-se de verde, azul turquesa e vermelho. Traz sempre o seu Ofá (arco e flexa). Seu dia é a Quinta-feira e sua saudação é "Okê Arô Oxossi !" Seus filhos, são pessoas muito exigentes no cumprimento das obrigações, de atitudes firmes e até um pouco duras. Não têm "papas na língua" e costumam falar tudo o que pensam. Dão muito valor aos acordos e não faltam com sua palavra. Com tendência à timidez, não gostam de demonstrar suas emoções.


Ossaim
Deus das folhas e das ervas medicamentosas. Seus sacerdotes conhecem as palavras que ativam o poder de cura das plantas. 
Orixá das ervas medicinais e das plantas em geral, presentes em todos os rituais de iniciação no Candomblé. É representado por um pássaro pousado num ramo e seu domínio é a mata virgem. Veste-se de verde e rosa. Seu dia é Quinta-feira e sua saudação é "Ewé ô - Ewe assá !". Seus filhos, são pessoas com forte tendência à religiosidade, tolerantes e de bom coração. De personalidade instável, costumam controlar seus sentimentos e emoções. Valorizam a liberdade e não se apegam aos bems materiais.


OBALUAIÊ, ( ou OMOLU, em sua forma velha).
É o orixá das epidemias e também da cura. Traz em seu corpo as marcas das doenças que carrega, por isso precisa se esconder atrás de um chapéu de palha em forma de manto.

O deus das pestes e das doenças de pele. Por ser o deus da peste conhece a cura de todos os males. Veste-se de branco e preto e usa um capuz de palha-da-costa que encobre todo o corpo. Dança com o Xarará. Seu dia é segunda-feira e sua saudação é "Atotô !" Seus filhos, são pessoas que se preocupam demais com os outros, esquecendo de seus próprios interesses. Podem até ter uma boa situação financeira, porém não se apegam aos bens materiais. São inquietos e não apreciam a monotonia.



OXUMARÉ
Tem a forma de arco-íris e liga o céu e a terra. Controla a chuva, a fertilidade do solo e a prosperidade propiciada pelas colheitas. É masculino e feminino ao mesmo tempo.

Orixá da sorte, fartura e fertilidade. Protetor das mulheres grávidas. Seu domínio são os poços e fontes da mata. Veste-se de verde e amarelo ou com as sete cores do arco-íris e é representado por uma serpente. Seu dia é Quinta-feira e sua saudação é "Àrobô bô yi !". Seus filhos são pessoas orgulhosas e exibicionistas. Periódicamente mudam tudo em sua vida: casa, emprego, amigos, sempre buscando novidades. Costumam desenvolver o dom da vidência e possuem intuição aguçada, que normalmente lhes revelam os melhores caminhos.




XANGÔ
Senhor dos raios e dos trovões. Durante sua vida na Terra foi rei de Oyó, uma das principais cidades de língua iorubá. Por esse motivo, quando seus filhos o incorporam usam uma coroa.

Orixá da justiça, do trovão e da pedreira. Veste-se de vermelho e branco. Usa uma coroa, e traz o Oxé (machado duplo) e o Xerê (instrumento musical) Seu dia é Quarta-feira e sua saudação é "Kawó-Kabyesilé !". Seus filhos são pessoas fisicamente fortes, atrevidos e prepotentes. Com um senso de justiça muito próprio, não suportam desaforos. As vezes agem como se fossem os donos da verdade. Porém, quando a situação complica, sempre buscam um meio termo, para não sair perdendo.


OXUM
É a senhora das águas doces, dos lagos e das cachoeiras. É tida como bela, vaidosa, rica e sensual. É a orixá que regula o amor e o poder de gestação das mulheres. 
É a rainha dos rios e das cachoeiras (todas as águas doces), do ouro e do amor. Veste-se de amarelo, dourado, azul claro e rosa. Traz em suas mãos o Abebê (espelho-leque) e uma espada se for guerreira. É a segunda esposa de Xangô. Seu dia é Sábado e sua saudação é "Ora Ieiê Ô !". Seus filhos são pessoas graciosas e elegantes, adoram jóias, perfumes e roupas caras. Voluptuosas, sensuais, esbanjam charme e beleza. Possuidoras de muita força de vontade e um grande desejo de ascensão social.

Iansã

Dirige ventos, raios, tempestades e a sensualidade feminina. Representada sempre como uma guerreira, é senhora dos espíritos dos mortos, que encaminha para o outro mundo.  
É a deusa guerreira, senhora dos ventos, das tempestades e dona dos raios. É a dona dos eguns, por isso seus filhos são os mais indicados para a entrega de ebós. É a mulher principal de Xangô. Veste-se de vermelho, marrom escuro, e branco. Seu dia é Quarta-feira e sua saudação é "Eparrei Oiá !". Seus filhos, são pessoas alegres, audaciosas, intrigantes, autoritárias e sensuais. Adoram usar joias e bijuterias. Extrovertidas, francas e amantes da natureza. Ambiciosas e de temperamento forte. São guerreiras e comunicativas.


LOGUN-EDÉ
Orixa encantado....
Filho de Oxum com Oxóssi. Seus domínios são os leitos de rios e mares. Veste-se com uma pele de leopardo, leva em uma mão o espelho de Oxum e na outra as armas de Oxóssi. Suas cores são amarelo e azul. É representado por um pavão ou um papagaio. Seu dia é Quinta-feira e sua saudação é "Olu A Ô Ioriki !". Seus filhos são pessoas bonitas, atraentes e sedutoras. Carinhosos, amorosos e sensuais. Orgulhosos e vaidosos. Inconstantes, indecisos, frios e calculistas. reservados e um tanto calados. Ciumentos, solitários e discretos. 



O
Orixa guerreira...

Uma das esposas de Xangô, Orixá do equilíbrio e da justiça. Seu domínio são as águas revoltas. Veste-se de laranja e amarelo, portando espada e protegendo a orelha com um escudo. Seu dia é Quarta-feira e sua saudação é "Obá xirê !". Os filhos de Obá são pessoas pouco atraentes, desajeitadas e de temperamento forte. Agressivas e objetivas. Aparentam ser mais velhas do que realmente são. Costumam ser bem sucedidas nos negócios e gostam de acumular bens.


IEMANJÁ
Reconhecida como mãe de todos os outros orixás, é a deusa das águas. Rege o equilíbrio emocional e a loucura. Destaca-se pela feminilidade, generosidade e maternidade. 

Orixá da harmonia em família, é considerada a Rainha dos mares e a mãe dos Orixás. Veste-se de azul e branco ou verde claro, portando seu Abebê (espelho-leque)decorado com uma sereia ou uma concha. Seu dia é Sábado e sua saudação é "Odô iyá !" Seus filhos, são autoritários, persistentes, preocupados, responsáveis e decididos. Amigos, protetores, faladores e não suportam a solidão. As mulheres, se comportam como super mães. Quando a segurança dos filhos e da família está em jogo, são agressivos e até traiçoeiros.


NANÃ
Vó dos Orixas ...

É o Orixá feminino mais velho do Panteão. É a mãe de Oxumarê e Obaluaiê. Em sua mão traz seu cetro o Ibiri. Veste-se de lilás, branco e azul. É a protetora dos doentes desenganados. Seu dia é Terça-feira e sua saudação é "Salubá !" Seus filhos são conservadores e apegados às convenções. Calmos, mas às vezes tornan-se agressivos e guerreiros. As mães, são apegadas aos filhos e muito protetoras. Ciumentas e possessivas, exigem atenção e respeito. Não costumam ser muito alegres e não gostam de brincadeiras.




IBEJI
As doces crianças....
Orixás Gêmeos protetores das crianças e da família. Vestem-se de azul, rosa e verde. São representados por dois bonecos gêmeos ou duas cabacinhas. Seu dia é domingo e sua saudação é "Omi Beijada!" Embora possa ocorrer, são raros os filhos de Ibeji. Essa energia infantil, geralmente se manifesta com o orixá do iniciado. Mesmo sendo adulto, quando em "estado de erê", o iniciado torna-se brincalhão, irreverente, cheio de energia e aparenta ser mais joven. Adoram festas, música e dança.






OXALÁ
Separou o mundo material do espiritual. Muito respeitado, tanto pelos devotos humanos quanto pelos demais orixás, ajudou Olodumaré a criar o homem e o princípio da vida.
é considerado o Pai de todos os orixás. É o mais velho e o primeiro a ser criado. É responsável pela criação do mundo e dos seres humanos. É o Orixá dos inhames novos e da agricultura, que traz as chuvas e que fecunda os campos, Sua festa ligada ao início do ano agrícola costuma ser em agosto e setembro, e inclui a renovação da água do templo e a lavagem dos objetos de culto. Está associado à justiça e ao equilíbrio. É cultuado nas seguintes formas:

Oxalufã = Oxalá Velho e Oxaguiã = Oxalá Moço.

OXALUFÃ é o Orixá da paz, veste-se de branco portando sempre seu apaxorô (cajado). É representado por uma pomba branca. Seu dia é Sexta-feira e sua saudação é "Eepaá babá !".


OXAGUIà

é um Orixá valente e guerreiro, considerado filho de Oxalufã. Também veste-se de branco, dança com muita energia carregando uma "mão de pilão". Seu dia é Sexta-feira e sua saudação é "Exê êêê !


Os filhos de Oxaguiã (oxalá moço), são pessoas joviais e viris. Ativos, guerreiros, alegres e generosos. Não se deixam influenciar por opiniões alheias. São organizados e metódicos em seus ofícios e projetos. Trabalhadores incanssáveis e por essa razão, suscetíveis à crises de estresse.



Os filhos de Oxalufã (oxalá velho), em geral são pessoas calmas e dignas de confiança. Dotados de grande sabedoria, estão sempre buscando os significados de tudo o que ocorre ao seu redor. Não cansam de estudar e buscar o conhecimento. Também são teimosos orgulhosos e inteligentes e com tendência à serem preguiçosos.


Comportamento humano como herança dos orixás

Segundo o candomblé, cada pessoa pertence a um deus determinado, que é o senhor de sua cabeça e mente e de quem herda características físicas e de personalidade.  É prerrogativa religiosa do pai ou mãe-de-santo descobrir esta origem mítica através do jogo de búzios. Esse conhecimento é absolutamente imperativo no processo de iniciação de novos devotos e mesmo para se fazerem previsões do futuro para os clientes e resolver seus problemas. Embora na África haja registro de culto a cerca de 400 orixás, apenas duas dezenas deles sobreviveram no Brasil. A cada um destes cabe o papel de reger e controlar forças da natureza e aspectos do mundo, da sociedade e da pessoa humana. Cada um tem suas próprias características, elementos naturais, cores simbólicas, vestuário, músicas, alimentos, bebidas, além de se caracterizar por ênfase em certos traços de personalidade, desejos, defeitos, etc. (ver Anexo). Nenhum orixá é nem inteiramente bom, nem inteiramente mau. Noções ocidentais de bem e mal estão ausentes da religião dos orixás no Brasil. E os devotos acreditam que os homens e mulheres herdam muitos dos atributos de personalidade de seus orixás, de modo que em muitas situações a conduta de alguém pode ser espelhada em passagens míticas que relatam as aventuras dos orixás. Isto evidentemente legitima, aos olhos da comunidade de culto, tanto as realizações como as faltas de cada um.
Vejamos abreviadamente algumas das características de personalidade mais usualmente atribuídas aos orixás por seus seguidores:
Exu — Deus mensageiro, divindade trickster, o trapaceiro. Em qualquer cerimônia é sempre o primeiro a ser homenageado, para se evitar que se enraiveça e atrapalhe o ritual.  Guardião das encruzilhadas e das portas da rua. Sincretizado com o Diabo católico. Seus símbolos são um porrete fálico e tridentes de ferro. Os seguidores acreditam que as pessoas consagradas a Exu são inteligentes, sexy, rápidas, carnais, licenciosas, quentes, eróticas e sujas. Filhos de Exu gostam de comer e beber em demasia. Não se deve confiar nunca num filho ou numa filha de Exu. Eles são os melhores, mas eles decidem quando o querem ser. Não são dados ao casamento, gostam de andar sozinhos pelas ruas, bebendo e observando os outros para apanhá-los desprevenidos. Deve-se pagar a Exu com dinheiro, comida, atenção sempre que se precise de um favor dele. Como o pai, filhos de Exu nunca fazem nada sem paga. A saudação a Exu é Laroyê!
Ogum — Deus da guerra, do ferro, da metalurgia e da tecnologia. Sincretizado com Santo Antônio e São Jorge. É o orixá que tem o poder de abrir os caminhos, facilitando viagens e progressos na vida. Os estereótipos mostram os filhos de Ogum como teimosos, apaixonados e com certa frieza racional. Eles são muito trabalhadores, especialmente moldados para o trabalho manual e para as atividades técnicas. Embora eles usualmente façam qualquer coisa por um amigo, os filhos e filhas de Ogum não sabem amar sem machucar: despedaçam corações. Acredita-se que sejam muito bem dotados sexualmente, tanto quanto os filhos de Exu, irmão de Ogum. Embora eles possam ter muitos interesses, os filhos de Ogum preferem as coisas práticas, detestando qualquer trabalho intelectual. Eles dão bons guerreiros, policiais, soldados, mecânicos, técnicos.  Saudação: Ogunhê!
Oxóssi  Deus da caça. Sincretizado com São Jorge e São Sebastião. Orixá da fartura. Seus filhos são elegantes, graciosos, xeretas, curiosos e solitários. Embora dêem bons pais e boas mães, têm sempre dificuldade com o ser amado. São amigáveis, pacientes e muitas vezes ingênuos. Os filhos de Oxóssi têm aparência jovial e parece que estão sempre à procura de alguma coisa. Não conseguem ser monogâmicos. Têm de caçar noite e dia. Por isso são considerados irresponsáveis. De fato, eles se sentem livres para quebrar qualquer compromisso que não lhes agrade mais. Dificilmente eles se sentem obrigados a comparecer a um encontro marcado, quando outra coisa mais interessante cruza o seu caminho.  Okê arô!
Obaluaiê ou Omulu — Deus da varíola, das pragas e doenças. É relacionado com todo o tipo de mal físico e suas curas. Associado aos cemitérios, solos e subsolos. Sincretizado com São Lázaro e São Roque. Seus filhos aparentam um aspecto deprimido. São negativos, pessimistas, inspirando pena. Eles parecem pouco amigos, mas é porque são tímidos e envergonhados. Seja amigo de um deles e você descobrirá que tudo o que eles precisam para ser as melhores pessoas do mundo é de um pouco de atenção e uma pitada de amor.  Quando envelhecem,  alguns se tornam sábios, outros parecem completos idiotas. É que apenas querem ficar sozinhos. Atotô!
Xangô — Deus do trovão e da justiça. Sincretizado com São Jerônimo. Seus filhos se dão bem em atividades e assuntos que envolvem justiça, negócios e burocracia. Sentem que nasceram para ser reis e rainhas, mas usualmente acabam se comportando como plebeus. São teimosos, resolutos e glutões; gananciosos por dinheiro, comida e poder. Uma pessoa de Xangô gosta de se mostrar com muitos amantes, embora não sejam reconhecidos como pessoas capazes de grandes proezas sexuais. Vivem para lutar e para envolver as pessoas que o cercam na  sua própria e interminável guerra pessoal. Gostam de criar suas famílias, protegendo seus rebentos além do usual. Por isso são muito bons amigos e excelentes pais. Kaô kabiesile!
Oxum — Deusa da água doce, do ouro, da fertilidade e do amor. Sincretizada com Nossa Senhora das Candeias. Senhora da vaidade, ela foi a esposa favorita de Xangô. Os filhos e filhas de Oxum são pessoas atrativas, sedutoras, manhosas e insinuantes. Elas sabem como manobrar os seus amores; são boas na feitiçaria e na previsão do futuro. Adoram adivinhar segredos e mistérios. São orgulhosas da beleza que pensam ter por direito natural. Podem ser muito vaidosas, atrevidas e arrogantes. Dizem que sabem tudo do amor, do namoro e do casamento, mas têm muita dificuldade em criar seus filhos adequadamente, muitas vezes até se esquecendo que eles existem. Não gostam da pobreza e nem da solidão. Saudação: Ora yeyê ô!
Iansã ou Oiá — Deusa dos raios, dos ventos e das tempestades. É a esposa de Xangô que o acompanha na guerra. Orixá guerreira que leva a alma dos mortos ao outro mundo. Sincretizada com Santa Bárbara. Seus filhos e filhas são mais dotados para a prática do sexo do que para o cultivo do amor. Deusa do erotismo, ela é uma espécie de entidade feminista. As pessoas de Iansã são brilhantes, conversadoras, espalhafatosas, bocudas e corajosas. Detestam fazer pequenos serviços em favor dos outros, pois sentem que isso contraria sua majestade. Elas podem dar a vida pela pessoa amada, mas jamais perdoam uma traição. Eparrei!
Iemanjá — Deusa dos grandes rios, dos mares, dos oceanos. Cultuada no Brasil como mãe de muitos orixás. Sincretizada com Nossa Senhora da Conceição. Freqüentemente representada por uma sereia, sua estátua pode ser vista em quase todas as cidades ao longo da costa brasileira. Ela é a grande mãe, dos orixás e do Brasil, a quem protege como padroeira, sendo igualmente Nossa Senhora da Conceição Aparecida. Os filhos e filhas de Iemanjá tornam-se bons pais e boas mães. Protegem seus filhos como leões. Seu maior defeito é falar demais; são incapazes de guardar um segredo. Gostam muito do trabalho e de derrotar a pobreza. Fisicamente são pessoas pouco atraentes, mulheres de bustos exagerados, e sua presença entre outras pessoas é sempre pálida. Saudação: Odoyá!
Oxalá — Deus da criação. Sincretizado com Jesus Cristo. Seus seguidores vestem-se de branco às sextas-feiras. É sempre o último a ser louvado durante as cerimônias religiosos afro-brasileiras; é reverenciado pelos demais orixás. Como criador, ele modelou os primeiros seres humanos. Quando se revela no transe, apresenta-se de duas formas: o velho Oxalufã, cansado e encurvado, movendo-se vagarosamente, quase incapaz de dançar; o jovem Oxaguiã,  dançando rápido como o guerreiro. Por ter inventado o pilão para preparar o inhame como seu prato favorito, Oxaguiã é considerado o criador da cultura material. Ao invés de sacrifício de sangue de animais quentes, Oxalá prefere o sangue frio dos caracóis. Os filhos de Oxalá gostam do poder, do trabalho criativo, apreciam ser bem tratados e mostram-se mandões e determinados na relação com os outros. São melhores no amor do que no sexo, gostam muito de aprender e de ensinar, mas nunca ensinam a lição completamente. São calados e chatos. Gostam de desafios, são muito bons amigos e muito bons adversários aos que se atrevem a se opor a eles. Povo de Oxalá nunca desiste. Epa Babá!


O canal History Channel em seu site disponibiliza mais material sobre os deuses de diversos panteões. Acesse o link abaixo, para conhecer mais um pouco sobre os deuses africanos:



 Fonte de pesquisa e texto:
( PRANDI, Reinado. Herdeiras do Axé. São Paulo, Hucitec, 1997, páginas 1-50)

Um comentário:

Anônimo disse...

trabalho de escola terminado e primeiro comentario é meu XD

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