10/03/2013

Trabalho 3º Ano - Ensino Médio - Tarzan de Edgar Rice Burroughs







Tarzan foi criado pela imaginação do escritor norte-americano. Antes de tentar a sorte como escritor, Burroughs tentou ganhar a vida numa série de ocupações, entre as quais, policial, mas fracassou em todas elas. Aos trinta e cinco anos de idade, tinha uma família para sustentar e estava praticamente falido. Assim, tentou a carreira de escritor.
Ele conseguiu vender suas histórias para serem publicadas em revistas de literatura barata então muito populares nos Estados Unidos nas primeiras décadas do século XX. Assim, a primeira história de Tarzan foi publicada em outubro de 1912, no romance Tarzan of the Apes ( Tarzan dos Macacos ), numa revista chamada All-Story. Foi um sucesso imediato e Burroughs escreveu vinte e quatro romances sobre o herói das selvas. O escritor enriqueceu, pois detinha os direitos autorais sobre sua criação. Por outro lado, alguns dos artistas que desenharam os quadrinhos para jornais (tiras diárias e páginas para suplementos dominicais) reclamavam que ganhavam pouco, pois a maior parte do lucro ia para Burroughs, e após sua morte em 1950, para seus herdeiros.
Burroughs nunca havia posto os pés na África. O escritor também não se preocupou em pesquisar seriamente sobre o continente africano para escrever as aventuras de Tarzan. Para criar as aventuras de Tarzan, usou apenas sua fértil imaginação e buscou inspiração nos livros de aventura de escritores como Rudyard Kipling, autor de O livro da selva (também conhecido como O livro da Jângal, numa tradução de Monteiro Lobato) e H. Rider Haggard, autor de As minas do rei Salomão.
Na obra de Kipling, ambientada na Índia, o personagem principal era Mogli, o menino-lobo, uma criança órfã adotada por lobos. Para se diferenciar da obra de Kipling e não ser acusado de plágio, Burroughs fez três alterações significativas: mudou a ambientação da Índia para a África, enquanto Mogli foi adotado por lobos, Tarzan foi adotado por macacos, e enquanto Mogli era uma criança indiana, Tarzan era filho de uma família de aristocratas ingleses. Em comum com os livros de Haggard, a obra de Burroughs tinha a ambientação na África e elementos como cidades e tesouros perdidos.
O personagem apareceu em mais vinte e quatro livros e em diversos contos avulsos. Outros escritores também escreveram obras com o herói: Barton Werper, Fritz Leiber, Philip José Farmer etc.
Tarzan é filho de ingleses, porém foi criado por macacos (“manganis”, na linguagem dos símios, criada por Burroughs) na África, depois da morte de seus pais. Seu verdadeiro nome é John Clayton III, Lorde Greystoke. Tarzan é o nome dado a ele pelos macacos e significa “Pele Branca”. É uma adaptação moderna da tradição mitológico-literária de heróis criados por animais. Uma destas histórias é a de Rômulo e Remo, que foram criados por lobos e posteriormente fundaram Roma.

A visão da África criada por Burroughs tem pouco a ver com a realidade do continente, pois ele inventa que a selva africana esconderia civilizações perdidas e criaturas estranhas. Burroughs, entretanto, nunca esteve na África.





Em 7 de Janeiro de 1929, Tarzan ganhou sua tira diária, distribuída pelo The Metropolitan Newspaper Service (mais tarde United Feature Syndicate) e desenhada inicialmente por Hal Foster. Abaixo, os primeiros episódios diários.
Por Hal Foster (desenhos) e R.W. Palmer (roteiro):
01- “Tarzan of the Apes” (iniciada em 07/01/29);
Por Rex Maxon (desenhos) e R.W. Palmer (roteiro):
02- “The return of Tarzan” (iniciada em 10/06/29);

03- “The beasts of Tarzan” (iniciada em 19/08/29);

04- “The son of Tarzan” (iniciada em 25/11/29);
05- “Tarzan and the jewels of Opar” (iniciada em 17/03/30);
06- “Tarzan and the Lost Empire” (iniciada em 14/07/30);
07- “Tarzan and the Golden Lion” (iniciada em 20/10/30);
08- “Tarzan, Lord of the Jungle” (iniciada em 09/02/31);
09- “Tarzan at the Earth’s core” (iniciada em 01/06/31);
10- “Tarzan the Terrible” (iniciada em 21/09/31).

Antes da década de 1930, os quadrinhos publicados em jornais eram, em sua grande maioria, de teor cômico ou humorístico (daí os quadrinhos em inglês serem chamados de comics). A adaptação de Tarzan para tiras de jornal foi uma das primeiras séries de quadrinhos de aventura a se tornar popular entre leitores de jornais do mundo inteiro. A depressão econômica que se seguiu à quebra da bolsa de Nova York em 1929 não impediu que as tiras de Tarzan continuassem fazendo sucesso.
O sucesso foi imediato, e as primeiras tiras diárias do Tarzan começaram a ser publicados por jornais americanos já em 17 de junho de 1929, com desenhos de Rex Maxon, que passou logo depois a realizar também especiais dominicais. O criador do personagem de romance Tarzan – Edgar Rice Burroughs – não gostava do trabalho de Maxon.

A página domical surgiria em 15 de março de 1931. Abaixo, os primeiros episódios dominicais, por Rex Maxon (desenhos) e R.W. Palmer (roteiro):





01- “The perils of Bob and Mary Trevor” (15/03/31 – 20/09/31);
Por Hal Foster (desenhos) e R.W. Palmer & George Carlin (roteiro):
02- “Hawk of the desert” (27/09/31 – 20/12/31);
Por Hal Foster (desenhos) e George Carlin (roteiro):
03- “Tarzan’s first Christmas” (27/12/31);*

04- “Tarzan and the fox” (03/01/32);*

05- “The dance of victory” (10/01/32);*
06- “Aboard a slave ship” (17/01/32);*
07- “The baby of the apes” (24/01/32);*
08- “The black pit!” (31/01/32);*

09- “Hulvia the Beautiful” (07/02/32 – 17/04/32);
10- “Lenida the Lion Tamer” (24/04/32 – 05/06/32).

Assim, Tarzan voltou a ser desenhado por Hal Foster, em setembro de 1931.
Os apreciadores da Nona Arte tiveram então a oportunidade de acompanhar a série pelo magistral quadrinhista até 1937, quando Foster passou a se dedicar integralmente à sua maior criação: o Príncipe Valente.

A obra de Burroughs teve uma seqüência muito feliz, em termos de desenho: quem sucedeu Foster foi Burne Hogarth, o desenhista mais conhecido de Tarzan, que manteve a autoria da série até 1945. Outros que tiveram destaque com o personagem, posteriormente, foram Russ Manning e Joe Kubert.
Dezoito livros de Tarzan foram publicados no Brasil pela Companhia Editora Nacional a partir de 1933, na lendária coleção Terramarear. As traduções foram feitas por importantes escritores, como Monteiro Lobato, Godofredo Rangel, Manuel Bandeira e outros. Na década de 1970, a Editora EBAL relançou desses oito volumes, com capas de Burne Hogarth.

Tarzan, O Filho das Selvas; A Volta de Tarzan; As Feras de Tarzan; O Filho de Tarzan; O Tesouro de Tarzan; Tarzan na Selva; Tarzan, O Destemido; Tarzan, O Terrível; Tarzan e o Leão de Ouro; Tarzan e os Homens Formigas; Tarzan, O Rei da Jângal; Tarzan e o Império Perdido; Tarzan no Centro da Terra; Tarzan, O Invencível; Tarzan Triunfante; Tarzan e a Cidade de Ouro; Tarzan e os Homens Leopardos; Tarzan, O Magnífico.




QUADRINHOS


Harold Foster foi o primeiro artista a desenhar Tarzan: em 1929 foram publicadas as sessenta tiras diárias de “Tarzan of the Apes”; Foster só voltaria ao personagem em 1931, desenhando páginas dominicais coloridas. Ele é responsável por várias inovações de inspiração cinematográfica: campo e contra-campo, grandes planos e contra-luz. Ele seguiu fielmente os livros de Burroughs e nunca usou balões e, sim, textos incorporados aos quadrinhos. A partir de 1937, Foster foi substituído por Burne Hogarth, o maior ilustrador do herói. Influenciado por Michelângelo e pelo expressionismo alemão, Hogarth utilizou seus conhecimentos de anatomia para mostrar uma explosão de músculos, um turbilhão de movimentos, paisagens atormentadas mas vibrantes, selvas fantasmagóricas e raízes com formas monstruosas. Ele desenharia essas páginas até 1950, quando foi substituído pelo também importante Bob Lubbers, mas voltou em 1972, com uma nova versão da história de Tarzan em forma de livro.
Rex Maxon começou uma longa série de aventuras de Tarzan ainda em 1929, quando Foster se recusou a desenhar “The Return of Tarzan”. Dono de um traço duro, que melhorou com o tempo, Maxon desenhava tiras diárias, distribuídas para os jornais do mundo inteiro, mas se encarregou também de páginas dominicais durante vinte e oito semanas em 1931, enquanto Foster não voltava. Maxon desenhou Tarzan até 1947.

A partir de 1968, no entanto, tanto as tiras diárias quanto as páginas dominicais foram entregues a outro artista genial: Russ Manning, que também desenhou as histórias de Korak, o filho de Tarzan. Mestre absoluto do preto e branco, Manning desenvolveu uma visão moderna do herói, sem os barroquismos de Hogarth. Vários outros desenhistas se dedicaram ao personagem, muitas vezes anonimamente: Joe Kubert, Dan Barry, John Lehti, Reinman, Ruben Moreyra, Jesse Marsh, John Celardo, John Buscema, Bob Lubbers etc. Dentre os autores, destaca-se Gaylord DuBois. Poucos artistas conseguem capturar a essência da figura humana em sequências de ação como Joe Kubert. Seu expressivo talento encontra-se plenamente exposto nas HQs do Tarzan da década de 1970.
Tarzan apareceu em muitas revistas em quadrinhos em vários editoras.

Em 1947, o personagem foi publicado pela Dell Publishing/Western Publishing.
O Tarzan da Dell pouco tinha haver com os livros Edgar Rice Burroughs, era mais parecido com o Tarzan dos cinemas.
Em 1962 a parceira entre a Dell e Western foi desfeita, logo foi criado pelo Western, o selo Gold Key Comics Tarzan foi um dos títulos publicados pela Gold Key
Em 1972, a DC consegue a licença de Tarzan e inicia uma série de quadrinhos produzida por Joe Kubert, a primeira edição da revista é a número 207, continuando a numeração da Dell
Em 1977, a DC publica seu último número de Tarzan, encerrada na edição 259, nesse mesmo ano o personagem passa a ser publicado pela Marvel Comics, na Marvel a numeração é reiniciada, a revista teve 29 edições e possuia arte de John Buscema.

Em 1992 e 1993, a Malibu publicou nos EUA algumas edições de Tarzan para logo passar os direitos à Dark Horse, atual editora das HQs do Homem Macaco. A editora também fez um ótimo trabalho em adaptações fiéis aos romanos e crossowers como Tarzan vs Predador e Batman/Tarzan e Superman/Tarzan (publicadas no Brasil pela editora Mythos e Pandora Books). Também coube à Dark Horse publicar a quadrinização do longa animado Tarzan, da Disney, além de relançar encadernados com as HQs de Joe Kubert da década de 1970.
Origem inverossímil e mensagem neocolonialista

Nos quadrinhos, a origem de Tarzan foi recontada de maneira bastante fiel ao primeiro romance de Burroughs: a trama do romance original começa em 1888. John Clayton, também conhecido como Lorde Greystoke, viaja com sua esposa, Alice, da Inglaterra para uma colônia britânica na África; durante a viagem, os marinheiros realizam um motim e o casal é abandonado numa selva africana, onde constroem uma casa na árvore; Alice, que estava grávida, dá à luz John Clayton II. Após um ano, a esposa enlouquece, adoece e morre; a cabana é invadida por macacos e o Lorde Greystoke é morto pelo macaco Kerchak, o sanguinário líder dos símios, o bebê de um ano do casal inglês é encontrado e adotado por uma macaca chamada Kala, que acabara de ter perdido o seu bebê após tê-lo deixado cair de uma árvore.
Criado pelos macacos mangani, a criança cresce acreditando ser um deles, mas sofre por ser fisicamente diferente. O herói só começa a descobrir sua verdadeira origem ao desobedecer à ordem dos macacos de não se aproximar de uma área proibida: a cabana onde havia nascido. Lá, encontra os esqueletos de seus pais, do filhote de Kala e descobre um novo mundo graças aos livros e fotos que encontra. Com o passar do tempo, aprende até a ler e a escrever associando imagens e letras. Na cabana, o herói também encontra uma faca e percebe numa luta com um gorila que, na habilidade de manipular objetos, reside sua superioridade sobre as feras. E é graças a essa habilidade que, mais tarde, Tarzan vence Kerchack e se torna o Rei dos Macacos.



Após descobrir que não é um macaco, Tarzan encontra outros humanos, porém de pele escura: os membros de uma tribo das redondezas. Logo percebe que, assim como as figuras da cabana, eles não andam nus. É daí que passa a usar sua famosa tanga de leopardo – na trama, ela foi roubada do nativo que matou Kala com uma flecha envenenada. Quando se torna adulto, Tarzan salva um grupo de americanos deixados na costa por marinheiros amotinados. Entre eles está Jane Porter (por quem o herói se apaixona) e Willian Clayton, primo de Tarzan e herdeiro do título de Grystoke. Um detalhe: William e Jane estavam noivos. Após um breve romance e posterior desencontro com o herói, Jane volta à civilização com seu noivo, deixando o homem macaco para trás. Tarzan só deixa a floresta mais tarde, levado pelo Tenente D’Arnot, um francês que o herói salvou dos canibais. Ele ensina ao Tarzan a falar francês e inglês e os modos da civilização. No final da obra, Tarzan renuncia a seu amor e título e retorna para a África, por achar que seu primo poderia dar a Jane uma vida melhor.
Foi só no romance seguinte – O Retorno de Tarzan – que o herói passou a viver com Jane.

A origem de Tarzan é totalmente inverossímil, mas é justamente em algumas de suas inverossimilhanças é que percebemos uma mensagem de teor neocolonialista, sem falar numa pitada de racismo: Tarzan é filho de ingleses, mas mesmo órfão e privado do contato com outros seres humanos, consegue provar a suposta “superioridade” do homem branco ao superar os grandes macacos em inteligência, a ponto de se tornar o líder deles (após matar Kerchak numa luta), e os igualar em força física (o que o torna mais forte que qualquer ser humano, inclusive os negros das tribos próximas ao seu lar).
No primeiro romance escrito por Burrroughs, Tarzan consegue até aprender a ler e escrever sozinho: ao encontrar a cabana onde os pais biológicos viviam, descobre alguns livros no antigo escritório do pai e começa a tentar decifrar os textos e pratica exercícios de caligrafia. Ou seja, a história de Tarzan reflete uma visão de mundo marcada pelo determinismo biológico (o que está intimamente ligado ao darwinismo social): seriam os genes, a ascendência, é que determinariam o sucesso e não o meio social.


 No Brasil




No Brasil, a primeira publicação do herói deu-se a partir do número 31 do Suplemento Juvenil, em 10 de Outubro de 1934, com Tarzan, O Filho das Selvas, a história desenhada por Harold Foster cinco anos antes. Com o sucesso, as tiras foram reunidas no álbum “A Primeira Aventura de Tarzan em Quadrinhos”, relançado em 1975 pela EBAL. Em seguida o Suplemento Juvenil passou a publicar A Volta de Tarzan e depois histórias de Rex Maxon e Burne Hogarth. O primeiro número da revista dedicada exclusivamente ao herói data de julho de 1951 e trazia uma foto de Lex Barker na capa. A revista seria a mais duradoura da história da EBAL, tendo sido editada, de várias formas em cores, em preto e branco, formatinho, formato americano, tamanho padrão, mensal, bimestral etc., até 1989.
Tarzan – 1ª Série de 1954 a 1959 (com 100 edições); Tarzan – 2ª Série de 1959 a1965 (com 100 edições); Tarzan – 3ª Série de 1965 a 1974 (com 100 edições); Tarzan – 4ª Série de 1974 a 1977 (com 38 edições); Tarzan – 5ª Série de 1977 a 1980 (com 36 edições); A 12ª série de Tarzan iniciou-se em Out/84, ficou interrompida de Jan a Dez/88,retornando em Jan/89 e encerrando em Fev/89 no nº 35.
A Coleção Lança de Prata seguiu a numeração da revista mas com numeração própria (nº14= 1ºlivro ao nº23=10ºlivro).Tarzan – 12ª Série de 1984 a 1989 (com 35 edições) Tarzan (Edição Super T) – 3ª Série de 1980 a 1981 (com 12 edições); Tarzan (Em Cores) – 1ª Série de 1969 a 1971 (com 13 edições); Tarzan (Em Cores) – 2ª Série de 1972 a 1976 (com 42 edições); Trata-se, na verdade, da revista “Tarzan em cores” em formato reduzido. Tarzan (Em Formatinho) – 1ª Série Ebal Edgar Rice Burroughs, Inc 1976-1983 81
A EBAL lançou também diversas edições especiais:
• 1973 – Tarzan, O Filho das Selvas, o livro quadrinizado por Burne Hogarth em 1972
• 1974 – Coleção Tarzan em dois volumes (A Origem de Tarzan e A Volta de Tarzan), ilustrados por Joe Kubert
• 1975 – Tarzan, de Harold Foster, a primeira história com o herói
• 1975 – Coleção Tarzan/Russ Manning, em cinco volumes, com as páginas dominicais de 1968 a 1972
• 1976 – Edição Gloriosa em dois volumes (O Mundo que o Tempo Esqueceu e O Poço do Tempo), ilustrados por Russ Manning
• 1978 – O Livro da Selva, adaptação do romance O Tesouro de Tarzan em três volumes, com ilustrações de John Buscema e roteiro de Roy Thomas
• 1980 – O Massacre dos Inocentes, com ilustrações do artista espanhol Jaime Brocal Remohi
• 1980 – O Lago da Vida, com ilustrações de José Ortiz
Além de títulos próprios, Tarzan participou de crossovers com o Batman (publicado pela Mythos Editora) e Superman (publicado pela Pandora Books).
A Editora Abril publicou histórias baseados no filme animado da Disney.
Entre 2002 e 2003, tiras de Russ Manning foram publicadas nas edições #1 e #2 da revista Stripmania da Opera Graphica.
Em maio de 2010, a Devir Livraria anuncia o lançamento da versão traduzida de Joe Kubert, englobando em um único volume do número 207 ao 214, com introdução do próprio autor. Em 2011, a Devir Livraria lança o segundo volume: A volta do Rei das Selvas e outras histórias.

Quadrinhos e o Neocolonialismo
As histórias em quadrinhos ajudaram a popularizar uma visão estereotipada e fantasiosa da África e da Ásia. Entre essas histórias, merecem destaque as aventuras dos heróis Tarzan, Mandrake, Fantasma, Jim das Selvas e Pantera Negra. Os três primeiros foram criados quando a Grã-Bretanha ainda possuía um império colonial, o último quando vários países africanos e asiáticos já haviam se declarado independentes.
Tais histórias em quadrinhos refletiriam qual visão: a dos colonizadores e exploradores europeus e norte-americanos ou a dos povos nativos da África e da Ásia? Podemos dizer que Tarzan seria um agente a serviço do neocolonialismo? Haveria ainda nesses quadrinhos mensagens racistas? Vale a pena revisar o conceito de neocolonialismo.



Neocolonialismo


Em fins do século XIX, as potências européias começaram a reivindicar e conquistar terras na África e na Ásia. Neocolonialismo foi o nome dado ao conjunto de políticas expansionistas e imperialistas praticadas pelas potências européias nos continentes africano e asiático a partir da década de 1880. O prefixo “neo” que significa “novo” é para distinguir essas políticas do “velho colonialismo”, aquele iniciado no século XVI, como consequência das Grandes Navegações, das quais Portugal e Espanha foram as potências pioneiras.
Para justificar a dominação européia na África e na Ásia, os europeus recorriam a argumentos científicos. O problema é que o discurso dominante na ciência do século XIX estava contaminado pelo racismo, dois exemplos disso são o “darwinismo social”, uma interpretação equivocada e distorcida da teoria formulada pelo naturalista inglês Charles Darwin. Assim, segundo a visão racista da época, brancos europeus eram “superiores” ou “mais evoluídos” que os “negros” africanos. Ainda dentro dessa visão racista, a “raça amarela”, da qual fariam parte chineses, japoneses, coreanos e outros povos asiáticos seria também “superior” aos negros, mas ainda “inferior” aos brancos.
O Neocolonialismo teve início numa época em que muitos achavam que a “era dos impérios” havia terminado, pois com os processos de independência política dos países americanos, as potências colonialistas européias acabaram perdendo colônias que possuíam neste continente. Ledo engano, os avanços tecnológicos trazidos pelas duas primeiras revoluções industriais (das quais a Grã-Bretanha foi pioneira, o que permitiu que o Império Britânico se tornasse o maior de sua época) e a busca por mercados e matérias-primas para os produtos industrializados ampliaram a presença européia nos continentes africano e asiático.
Exemplo disso é que nas primeiras décadas do século XIX, a presença européia na África limitava-se a algumas possessões nas áreas costeiras, mas no fim do mesmo século, quase todo o continente africano estava sob domínio de nações européias. A disputa por possessões no continente africano chegou a tal ponto que, em 1885, foi realizada a Conferência de Berlim, na Alemanha, durante a qual foi realizada a partilha da África, ou seja, foram demarcadas fronteiras para decidir quais “pedaços” da África teria por “direito” cada potência européia.

Alemanha e Estados Unidos



Vale lembrar que Grã-Bretanha e França, as duas maiores potências coloniais, ganharam um concorrente de peso em fins do século XIX: a Alemanha, cuja unificação foi completada em 1871, após uma guerra contra a rival França. A Alemanha entrou tardiamente na corrida colonial, mas logo passou a ter o segundo maior parque industrial da Europa, perdendo apenas para o da Grã-Betanha. A rivalidade entre as potências colonialistas transformaria a Europa num “barril de pólvora”, cujo “pavio” seria aceso em 1914, quando teve início a Primeira Guerra Mundial.
A política neocolonialista não era exclusiva dos países europeus. Dois países não-europeus também adotariam práticas expansionistas: os Estados Unidos e o Japão. Se no início os Estados Unidos eram banhados apenas pelo Atlântico, após a expansão em direção ao oeste, com a anexação de territórios que antes pertenciam aos indígenas e ao México, também passariam a serem banhados pelo Pacífico, o que levaria à busca por territórios e mercados nesse oceano e à ampliação tanto da marinha de guerra quanto da marinha mercante.
Dentro do contexto do neocolonialismo, expedições de cunho científico (mas atendendo aos interesses políticos das potências colonialistas) foram realizadas na África e na Ásia, com a participação de estudiosos de diferentes áreas como arqueologia, etnologia, antropologia, geologia, zoologia e botânica entre outras. A África e a Ásia despertavam a curiosidade de europeus e norte-americanos e também serviam de inspiração para a imaginação de escritores de ficção, não apenas de contos e romances, mas também de uma nova mídia surgida com a massificação da imprensa em fins do século XIX e nas primeiras décadas do século XX: as histórias em quadrinhos.



Filmes



Cartaz do seriado As Aventuras de Tarzan, 1921.

• O primeiro Tarzan do cinema foi Elmo Lincoln, no filme Tarzan, O Homem Macaco ou Tarzan dos Macacos (Tarzan Of The Apes), de 1919. Lincoln também estrelou o filme seguinte, O Romance de Tarzan ou Os Amores de Tarzan (Romance of Tarzan, 1918) e o seriado As Aventuras de Tarzan (The Adventures of Tarzan, 1921, quinze episódios).

Tarzan of the Apes




• Na era muda foram produzidos quatro filmes e quatro seriados com o herói; além de Lincoln, ele foi interpretado, entre outros, por Gene Pollar e James H. Pierce.
 O primeiro Tarzan do cinema sonoro foi também o mais famoso: o nadador estadunidense Johnny Weissmuller, que encarnou o herói em doze fitas, primeiro na MGM, depois na RKO. O refinado lorde dos livros foi transformado por Weissmuller em um selvagem que conseguia apenas grunhir e emitir frases monossilábicas, do tipo “me Tarzan, you Jane” (que ele, a bem da verdade, nunca disse. O que ele disse no filme Tarzan, O Filho das Selvas/Tarzan The Ape Man foi, simplesmente “Tarzan… Jane”, apontando para si mesmo e depois para Jane Porter).
• Weissmuller é responsável por emitir, pela primeira vez, o famoso grito de vitória de Tarzan. Esse grito, que seria reproduzido por todos os Tarzans subsequentes, não passava de uma hábil mixagem dos sons de um barítono, uma soprano e de cães treinados.
• Devido à censura da época, os trajes de Weissmuller e, principalmente, de O’Sullivan foram aumentando de tamanho de filme para filme; a censura também é responsável pela ausência de filhos da dupla, que não era legalmente casada: Boy (vivido por Johnny Sheffield), introduzido em O Filho de Tarzan (Tarzan Finds a Son!, 1939) não era filho do casal e, sim, adotado, conforme mostra o título original. Nos livros, no entanto, Tarzan e Jane são pais do menino Korak, que chega à idade adulta nos romances finais.
• Depois de atuar em Tarzan e a Caçadora (Tarzan and the Huntress, 1947), Johnny Sheffield disse adeus ao papel de Boy, porque já estava com dezesseis anos. Ele foi para a Monogram e fez os doze filmes da série Bomba, o Filho das Selvas/Bomba The Jungle Boy, entre 1949 e 1955.
• Quando já não possuía o físico necessário para viver o herói, Weissmuller estrelou a série Jim das Selvas/Jungle Jim para a Columbia. Foram dezesseis filmes entre 1948 e 1955. Nesse ano, o herói foi para a televisão, onde foram feitos vinte e seis episódios de meia hora cada, com um Weissmuller já gordo e envelhecido.
• Outros Tarzans que ficaram famosos foram Lex Barker, que substituiu Weissmuller a partir de 1948 e Gordon Scott, que é considerado por alguns críticos como o ator que melhor interpretou o herói. Já Mike Henry é visto como o mais parecido com os desenhos de Burne Hogarth.
• Na televisão, Tarzan foi vivido por Ron Ely, em uma cultuada série que teve cinquenta e sete episódios entre 1966 e 1968. Alguns episódios duplos foram fundidos e exibidos nos cinemas.
• Das atrizes que interpretaram Jane, a única lembrada é Maureen O’Sullivan, que fez os seis primeiros filmes da série com Johnny Weissmuller e depois saiu porque não queria ficar presa à personagem. Jane não aparece em todos os filmes de Tarzan.

Filmografia de Tarzan
Todos os títulos em Português referem-se a exibições no Brasil.
• Tarzan, O Homem Macaco (Tarzan of the Apes, 1918, National); Elmo Lincoln (Tarzan) e Enid Markey (Jane)
• O Romance de Tarzan (Romance of Tarzan, 1918, National); idem
• A Vingança de Tarzan (The Revenge of Tarzan/ The Return of Tarzan, 1920, Goldwyn); Gene Pollar e Karla Schramm
• O Filho de Tarzan (The Son of Tarzan, 1920, National); P. Dempsey Tabler e Karla Schramm; seriado em quinze episódios
• As Aventuras de Tarzan (Adventures of Tarzan, 1921, Western); Elmo Lincoln e Louise Lorraine; seriado em quinze episódios
• Tarzan e o Leão de Ouro (Tarzan and the Golden Lion, 1927, FBO); James H. Pierce e Dorothy Dunbar
• Tarzan, O Poderoso (Tarzan The Mighty, 1929, Universal); Frank Merrill e Natalie Kingston; seriado em quinze episódios
• Tarzan, O Tigre (Tarzan The Tiger, 1929, Universal); Frank Merrill e Natalie Kingston; seriado em quinze episódios
• Tarzan, O Filho das Selvas (Tarzan the Ape Man, 1932, MGM); Johnny Weissmuller e Maureen O’Sullivan
• Tarzan, O Destemido (Tarzan The Fearless, 1933, Principal); Buster Crabbe e Jacqueline Wells (mais tarde Julie Bishop)
• A Companheira de Tarzan (Tarzan and His Mate, 1934, MGM); Johnny Weissmuller e Maureen O’Sullivan; geralmente considerado o melhor da série
• As Novas Aventuras de Tarzan (The New Adventures of Tarzan, 1935, Burroughs-Tarzan); Herman Brix; seriado em quinze episódios, produzido pelo próprio Edgar Rice Burroughs
• A Fuga de Tarzan (Tarzan Escapes, 1936, MGM); Johnny Weissmuller e Maureen O’Sullivan
• A Vingança de Tarzan (Tarzan’s Revenge, 1938, Fox); Glenn Morris e Eleanor Holm; único trabalho de Morris no cinema: terminado o filme, ele voltou para sua profissão original: bombeiro
• O Filho de Tarzan (Tarzan Finds a Son!, 1939, MGM); Johnny Weissmuller, Maureen O’Sullivan e Johnny Sheffield (Boy)
• O Tesouro de Tarzan (Tarzan’s Secret Treasure, 1941, MGM); idem
• Tarzan Contra o Mundo (Tarzan’s New York Adventure, 1942, MGM); idem
• O Triunfo de Tarzan (Tarzan Triumphs, 1943, RKO); Johnny Weissmuller e Johnny Sheffield
• Tarzan e o Terror do Deserto (Tarzan’s Desert Mystery, 1943, RKO); idem
• Tarzan e as Amazonas (Tarzan and the Amazons, 1945, RKO); Johnny Weissmuller, Brenda Joyce e Johnny Sheffield
• Tarzan e a Mulher Leopardo (Tarzan and the Leopard Woman, 1946, RKO); idem
• Tarzan e a Caçadora (Tarzan and the Huntress, 1947, RKO); idem
• Tarzan e as Sereias (Tarzan and the Mermaids, 1948, RKO); Johnny Weissmuller e Brenda Joyce
• Tarzan e a Fonte Mágica (Tarzan’s Magic Fountain, 1949, RKO); Lex Barker e Brenda Joyce
• Tarzan e a Escrava (Tarzan and the Slave Girl, 1950, RKO); Lex Barker e Vanessa Brown
• Tarzan em Perigo/Tarzan na Terra Selvagem (Tarzan’s Peril, 1951, RKO); Lex Barker e Virginia Huston
• Tarzan e a Fúria Selvagem (Tarzan’s Savage Fury, 1952, RKO); Lex Barker e Dorothy Hart
• Tarzan e a Mulher Diabo (Tarzan and the She-Devil, 1953, RKO); Lex Barker e Joyce MacKenzie
• Tarzan na Selva Misteriosa (Tarzan’s Hidden Jungle, 1955, RKO); Gordon Scott
• Tarzan e a Expedição Perdida (Tarzan and the Lost Safari, 1957, MGM); idem
• A Luta de Tarzan (Tarzan’s Fight for Life, 1958, MGM); Gordon Scott e Eve Brent
• Tarzan e os Caçadores (Tarzan and the Trappers, 1958, TV); idem; três episódios feitos para a TV, editados como longa-metragem exibido também nos cinemas
• A Maior Aventura de Tarzan (Tarzan’s Greatest Adventure, 1959, Paramount); Gordon Scott
• Tarzan, O Filho das Selvas (Tarzan, the Ape Man, 1959, MGM); Dennis Miller e Joanna Barnes; o primeiro Tarzan louro do cinema é considerado o pior de todos os tempos
• Tarzan, O Magnífico (Tarzan The Magnificent, 1960, Paramount); Gordon Scott
• Tarzan Vai à Índia (Tarzan Goes to India, 1962, MGM); Jock Mahoney
• Os Três Desafios de Tarzan (Tarzan’s Three Challenges, 1963, MGM); idem
• Tarzan e o Vale do Ouro (Tarzan and the Valley of Gold, 1966, American International); Mike Henry
• Tarzan e o Grande Rio (Tarzan and the Great River, 1967, Paramount); idem; filmado no Brasil
• Tarzan e o Menino das Selvas (Tarzan and the Jungle Boy, 1968, Paramount); idem; também filmado no Brasil
• Tarzan and the Four O’Clock Army (1968, National); Ron Ely; episódio duplo “Four O’Clock Army”, da segunda temporada da série de TV, lançado nos cinemas
• A Revolta de Tarzan (Tarzan’s Jungle Rebellion, 1970, National); idem; episódio duplo “The Blue Stone of Heaven”, da segunda temporada, lançado nos cinemas
• O Silêncio de Tarzan (Tarzan’s Deadly Silence, 1970, National); idem; episódio duplo “The Deadly Silence”, da primeira temporada, lançado nos cinemas
• Tarzan and the Perils of Charity Jones (1971, National); idem; episódio duplo “The Perils of Charity Jones”, da primeira temporada, lançado nos cinemas
• Tarzan, O Filho das Selvas (Tarzan, the Ape Man 1981, MGM); Miles O’Keeffe e Bo Derek; considerado pela crítica como um dos piores filmes de todos os tempos

• Greystoke, A Lenda de Tarzan, O Rei da Selva (Greystoke: The Legend of Tarzan, Lord of the Apes, 1984, Warner); Christopher Lambert e Andie MacDowell


Greystoke a lenda de Tarzan






• Tarzan and the Lost City, 1998, Warner; Casper Van Dien e Jane March.

Em março de 2004, foram comemorados 70 anos do filme de Tarzan que teve os maiores aplausos de público e crítica: Tarzan and his Mate, com Johnny Weissmuller no papel título e Maureen O’Sullivan como Jane. O filme foi realizado pela Metro Goldwyn Mayer.



                                                           Desenhos Animados



Os estúdios Filmation produziram, entre 1976 e 1982, a série animada Tarzan, Lord of the Jungle, considerada bastante fiel à obra de Burroughs – bem mais que muitos dos filmes realizados até então. Um exemplo é a presença, no desenho da Filmation, do macaquinho N’kima como mascote de Tarzan, em vez da chimpanzé Cheetah, que só existia nos cinemas. Este desenho foi exibido no Brasil pelo canal SBT nas tardes dos anos 1980, voltando a ser exibido recentemente nos sábados, pela manhã.
Em 1999, os estúdios Disney produziram um desenho em longa-metragem, Tarzan. Nele, alguns fatos tiveram que ser alterados em relação à obra de Burroughs. Por exemplo, no original o pai de Tarzan era assassinado por Kerchak, líder dos “Grandes Macacos”, uma raça fictícia de primatas criada por Edgar Rice Burroughs, que adota o pequeno Lord Greystoke. No desenho da Disney, isto foi mudado e o pai de Tarzan passou a ser morto por um leopardo. Kerchak ao invés de “Grande Macaco”, é um gorila, e é o pai adotivo de Tarzan.
Entretanto, graças à liberdade dada pela animação, este foi o primeiro filme a apresentar o personagem do mesmo modo que Burroughs o havia escrito: um homem que utiliza os movimentos de gorilas, leopardos, serpentes e diversos outros animais.




“Você mataria um ator que tentasse fazer as coisas que nosso Tarzan animado faz?” pergunta o supervisor de animação Glen Keane. “Esse é um personagem que só poderia ser realizado do modo que Burroughs o imaginou, em animação”. Além disso, é o primeiro filme a representar de modo realista a relação de Tarzan e sua família de macacos.
Entre 2001 e 2003 foi produzida, também pelos estúdios Disney, a série animada A Lenda de Tarzan (The Legend of Tarzan), com os personagens do longa de animação e a mesma ambientação deste.




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